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Nova Zelândia retira de praça pública estátua de militar britânico símbolo de opressão colonial

A cidade neozelandesa de Hamilton desmontou nesta sexta-feira (12) a estátua do comandante militar colonial que deu nome ao município. Este é o mais recente caso da lista de localidades em todo o mundo que rediscutem as homenagens públicas a personalidades ligadas ao passado de opressão racial, inspirado nas manifestações antirraciais americanas após a morte de George Floyd.

Cidede de Hamilton, na Nova Zelândia, removeu nesta sexta-feira estátua de um polêmico militar britânico.
Cidede de Hamilton, na Nova Zelândia, removeu nesta sexta-feira estátua de um polêmico militar britânico. AP
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Na Austrália e na Nova Zelândia, os protestos visam os símbolos das atrocidades cometidas pelos colonizadores europeus contra os povos nativos. Milhares de manifestantes antirraciais desfilaram nos dois países na semana passada.

A estátua do comandante John Hamilton foi retirada da cidade, que leva o mesmo nome do colonizador, no dia seguinte que um chefe maior da Marinha ameaçou destruí-la. Vários moradores também solicitaram o desmonte do monumento à prefeitura. A remoção aconteceu após um pedido formal da tribo (iwi) regional Waikato-Tainui.

Um guindaste retirou da Praça Cívica a estátua, que foi doada ao conselho local em 2013. A prefeitura de Hamilton afirmou que o gesto faz parte de um esforço para eliminar os monumentos "considerados representativos de desarmonia e opressão cultural", em um contexto de protestos antirracistas em vários países do mundo.

"Conheço muitas pessoas - de fato um número crescente de pessoas - que consideram a estátua pessoal e culturalmente ofensiva", disse a prefeita Paula Southgate. "Não podemos ignorar o que está acontecendo em todo o mundo. No momento em que estamos tentando desenvolver tolerância e compreensão. Não acredito que a estátua nos ajude", disse.

"Assassino"

John Hamilton é acusado de ter matado os maoris indígenas que defendiam sua terra contra a expansão colonial britânica no século 20. O comandante britânico morreu na batalha de Pukehinahina, em 1864. Os manifestantes antirracistas haviam prometido derrubar o monumento no fim de semana. O ativista Taitimu Maipi chamou Hamilton de "assassino".

A comunidade maori, que havia pedido no passado várias vezes a remoção, elogiou a retirada da estátua e afirmou que debate com o Conselho Municipal outros nomes e símbolos coloniais "problemáticos", incluindo a possibilidade de restaurar o nome maori original da cidade, Kirikiriroa.

Mas a retirada de monumentos polêmicos não agrada todo mundo na Nova Zelândia. O vice-primeiro-ministro Winston Peters chamou a iniciativa de "onda de idiotice".

"Vidas Negras Importam"

O movimento antirracista ganhou novo impulso em todo o mundo com as manifestações "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam) retomadas nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, em 25 de maio, em Minneapolis. Os ativistas começaram a questionar a pertinência das homenagens a personalidades escravocratas e colonialistas.

Estátuas de comandantes sulistas, como o general Lee, que defenderam os estados americanos escravocratas na Guerra de Secessão foram as primeiras a cair. Na Europa, monumentos em homenagem ao traficante de escravos Edward Colston em Bristol, na Inglaterra, e ao rei Leopoldo II, da Bélgica, foram visados. Nos últimos dias, estátuas de Cristóvão Colombo têm sido depredadas nos Estados Unidos.

 

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