Romênia e Bulgária ingressam no espaço Schengen europeu, mas com restrições
Depois de 13 anos de espera, a Romênia e a Bulgária entraram oficialmente no espaço Schengen, a vasta zona de livre circulação europeia, à 0h deste domingo (31). O ingresso beneficia viajantes nos aeroportos e portos, que ficarão livres de controles de passaportes, mas não abrange as fronteiras terrestres.
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No aeroporto de Sófia, na Bulgária, os primeiros passageiros que partiram estavam maravilhados na manhã deste domingo. “Viajo com frequência e isso torna as coisas mais fáceis”, explicou Kristina Markova, 35 anos. “Incluindo o controle de bagagem, conseguimos chegar ao terminal em menos de três minutos. É um verdadeiro progresso.”
A adesão é parcial, mas o passo tem um forte valor simbólico, uma vez que os dois países são membros da União Europeia (UE) desde 2007. “Este é um grande sucesso para eles”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um comunicado.
A responsável pelo veto da entrada plena dos dois países foi a Áustria, que temia um afluxo de requerentes de asilo por terra.
29 membros
A Croácia, que entrou na UE depois da Romênia (19 milhões de habitantes) e da Bulgária (6,5 milhões), ingressou no espaço Schengen em janeiro de 2023.
Agora, a zona criada em 1985, onde mais de 400 milhões de pessoas podem viajar sem controles nas fronteiras internas, passa a incluir 29 membros: 25 dos 27 Estados da EU e quatro vizinhos associados - Suíça, Liechtenstein, Noruega e Islândia.
Para Stefan Popescu, especialista em relações internacionais baseado em Bucareste, a adesão foi “uma questão de dignidade”. “Cada romeno, quando assumia uma posição diferente de outros cidadãos europeus, sentiu-se tratado de forma diferente”, disse ele.
No aeroporto da capital romena, onde a maioria dos voos serve o espaço Schengen, as equipes estiveram ocupadas durante toda a semana preparando-se para a mudança. Verificações não anunciadas, especialmente de menores, devem ocorrer “para evitar que sejam vítimas de redes de tráfico de seres humanos”, de acordo com o governo.
Agentes também estarão presentes para orientar os passageiros e identificar aqueles que aproveitariam para sair ilegalmente da Romênia.
Longas filas nas estradas
Já nas estradas, os controles serão mantidos por enquanto – o que causou revolta de trabalhadores nos transportes rodoviários. A espera dura “de 8 a 16 horas” na fronteira com a Hungria, e “de 20 a 30 horas com a Bulgária, com picos de três dias” em ambos os casos, lamentou, em um comunicado de imprensa, um dos principais sindicatos romenos do setor.
A entidade também adverte que essas paradas geram “prejuízos financeiros gigantescos”. “Esperamos 13 anos. Estamos exaustos”, declarou o secretário-geral Radu Dinescu.
Trabalhadores transfronteiriços que passam de carro pelas fronteiras também não se conformam. “3% das mercadorias búlgaras são transportadas por via aérea e marítima, e os restantes 97% circulam por terra”, comparou Vassil Velev, presidente da organização BICA (Associação do Capital Industrial Búlgaro).
“Estamos, portanto, 3% em Schengen e não sabemos quando seremos autorizados a aderir completamente”, lamentou.
Até o momento, nenhuma data para o ingresso pleno está prevista. “Por que temos de mostrar as nossas credenciais para ter esperança de superar a relutância de Viena?”, questionou o empresário, que teme o resultado das eleições legislativas de setembro na Áustria.
As pesquisas antecipam que o chanceler conservador Karl Nehammer enfrentará a ascensão da extrema direita, refratária a qualquer expansão dos espaços europeus.
“A adesão plena dependerá dos desenvolvimentos políticos estrangeiros”, alertou neste domingo o ministro do Interior romeno, Catalin Predoiu, referindo-se à votação austríaca.
Com informações da AFP
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