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Enquanto Rússia intensifica alvos na Ucrânia, esposas de civis mobilizados na guerra protestam em Moscou

Neste sábado (6), véspera do Natal russo, tropas de Kiev afirmaram terem abatido quatro mísseis ucranianos apontados para a Crimeia anexada, em meio a um aumento de ataques mortais de ambos os lados desde o final de dezembro. Ao mesmo tempo, esposas de civis mobilizados para se juntar às Forças Armadas russas na guerra na Ucrânia realizaram ato simbólico pelo fim da guerra e retorno de seus companheiros, em frente ao prédio do Ministério da Defesa russo em Moscou.

Paulina e Maria Andreeva, cujos maridos foram mobilizados para se juntar às Forças Armadas russas envolvidas na guerra na Ucrânia, seguram cartazes para exigir o retorno de seus maridos durante um ato em frente ao prédio do Ministério da Defesa russo em Moscou, Rússia, em 6 de janeiro de 2024. Os cartazes dizem: "Liberdade para os (soldados) mobilizados" e "Devolvam maridos, pais, filhos!".
Paulina e Maria Andreeva, cujos maridos foram mobilizados para se juntar às Forças Armadas russas envolvidas na guerra na Ucrânia, seguram cartazes para exigir o retorno de seus maridos durante um ato em frente ao prédio do Ministério da Defesa russo em Moscou, Rússia, em 6 de janeiro de 2024. Os cartazes dizem: "Liberdade para os (soldados) mobilizados" e "Devolvam maridos, pais, filhos!". REUTERS - STRINGER
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"A defesa antiaérea interceptou e destruiu quatro mísseis ucranianos sobre a península da Crimeia", disse o Ministério da Defesa russo. 

Por sua vez, Kiev alegou ter atingido a base aérea de Saki, no oeste da península. "Campo de pouso de Saki! Todos os alvos foram atingidos", disse o comandante da força aérea ucraniana, Mykola Olechtchouk, nas redes sociais. 

Os ataques têm aumentado em ambos os lados nos últimos dias, enquanto o conflito já dura quase dois anos. A Rússia bombardeou maciçamente cidades ucranianas duas vezes desde o final de dezembro: na sexta-feira, 29 de dezembro (55 mortos) e na terça-feira (seis mortos). 

Por sua vez, a Ucrânia vem atacando a cidade russa de Belgorod, a 50 km da fronteira, incluindo um ataque sem precedentes no sábado passado (30), que deixou 25 pessoas mortas

Edifício residencial de vários andares destruído por um ataque com mísseis no centro de Kiev, em 2 de janeiro de 2024.
Edifício residencial de vários andares destruído por um ataque com mísseis no centro de Kiev, em 2 de janeiro de 2024. AFP - GENYA SAVILOV

 

Mulheres russas protestam

No sábado, apesar do intenso frio de -20ºC, cerca de 15 esposas de russos mobilizados para lutar na Ucrânia depositaram simbolicamente flores vermelhas no monumento da "chama do soldado desconhecido" sob os muros do Kremlin, considerado um importante símbolo no coração de Moscou. O ato foi realizado em sinal de protesto, para exigir o retorno de seus maridos do front.

O descontentamento vem crescendo há meses entre os familiares dos reservistas mobilizados por ordem do presidente Vladimir Putin em setembro de 2022. Trata-se de uma questão delicada para as autoridades, que até agora têm tido o cuidado de não reprimir o movimento de protesto nascente.

"Queremos chamar a atenção das autoridades e do público para nosso apelo. Tentamos de várias maneiras. Enviamos um apelo por escrito a deputados, funcionários e departamentos do governo, mas não fomos ouvidas", disse Maria Andreeva, uma gerente de vendas de 47 anos, à AFP.

Seu marido foi combater na Ucrânia em novembro de 2022, há mais de um ano. "Não é justo. Eles são civis, não soldados", alegou. "Nossos homens não podem ficar lá por tanto tempo", acrescentou.

As mulheres também empunhavam cartazes com dizeres como: "Liberdade para os (soldados) mobilizados" e "Devolvam maridos, pais, filhos!".

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Questão delicada para o Kremlin

A polícia não interferiu nas ações das mulheres, embora qualquer sinal de protesto seja, em geral, severamente reprimido na Rússia. O posicionamento da polícia é considerado um sinal de que a questão é delicada para o Kremlin

Paulina (que não forneceu seu sobrenome), mãe de uma criança de um ano, ressalta que a ação delas é "a única ação pacífica que ainda não foi proibida por lei". "Tenho a impressão de que estamos incomodando-os. Mas ninguém ficará em silêncio. Sairemos todos os dias, todos os sábados, colocaremos flores" para chamar a atenção para a situação deles, continua ela. "Em algum momento, será impossível nos ignorar", diz a mulher que quer "encontrar seu marido, o pai de seu filho". 

O ativismo das mulheres mobilizadas foi amplamente ignorado pela mídia estatal russa, em um momento em que o Kremlin está empenhado em projetar uma imagem de unidade em torno de Putin antes de sua inevitável reeleição na eleição presidencial de março de 2024. 

De acordo com Vladimir Putin, 244 mil soldados estão atualmente lutando na Ucrânia, de uma força total de 617 mil homens.

Natal na Rússia

A Rússia anunciou este sábado que cancelaria as missas ortodoxas de Natal à meia-noite na cidade de Belgorod. No dia anterior, as autoridades da região propuseram a evacuação dos residentes que estavam preocupados com o aumento dos ataques. 

Essa medida sem precedentes para uma grande cidade russa está em desacordo com o Kremlin, que sempre tentou dar a impressão de que o conflito não está afetando diretamente a vida cotidiana e a segurança dos russos. 

A Rússia comemora o Natal ortodoxo em 7 de janeiro e as missas da meia-noite são realizadas na noite de 6 de janeiro.

(Com informações da AFP)

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