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França anuncia envio de três aviões para combater onda de incêndios sem precendentes na Grécia

O ministro do Interior da França Gérald Darmanin anunciou na terça-feira (29) que vai enviar à Grécia "três aeronaves (dois Canadairs e um Beechcraft) e 21 funcionários como parte do mecanismo europeu de proteção civil". Nos últimos 12 dias, a Grécia tem lutado contra "o maior incêndio já registrado na bloco", disse um porta-voz da Comissão Europeia. Ainda fora de controle, o fogo se espalhou por uma frente de dez quilômetros na floresta de Dervenohoria, 50 km ao norte da capital Atenas.

Um Canadair combate um incêndio em Volos, no centro da Grécia, em 27 de julho de 2023. Os incêndios dos últimos dias já causaram a morte de cinco pessoas e devastaram cerca de 50.000 hectares de florestas e matagais.
Um Canadair combate um incêndio em Volos, no centro da Grécia, em 27 de julho de 2023. Os incêndios dos últimos dias já causaram a morte de cinco pessoas e devastaram cerca de 50.000 hectares de florestas e matagais. AFP - SAKIS MITROLIDIS
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No fim de julho, Frédéric Kretz, piloto-chefe da Canadair, foi enviado à Grécia para ajudar a brigada de incêndio como parte do mecanismo de proteção civil da União Europeia (UE). Kretz ficou na Grécia por pouco menos de uma semana, na região de Atenas, onde descreveu "superfícies devastadas, lunares, queimadas em milhares de hectares", em entrevista à rádio francesa RTL.

"Durante os 5-6 dias em que estivemos lá, fazia 42°C, 43°C, 44°C", detalhou o piloto-chefe da Canadair. No final da semana, os bombeiros foram enviados a Rhodes, pois o vento estava atiçando as chamas que já existiam. "A propagação das chamas foi multiplicada por dois ou três", disse Frédéric Kretz.

Para ele, até agora a França foi poupada pelos incêndios porque não teve as mesmas condições climáticas que a Itália, a Croácia ou a Grécia. Quando os riscos são altos, as aeronaves são acionadas, armadas com retardante, um produto químico que aumenta a temperatura de deflagração do fogo.

Maior incêndio já registrado na UE

Pelo décimo segundo dia consecutivo, a Grécia luta contra "o maior incêndio já registrado na UE" no nordeste do país, em Evros, região que faz fronteira com a Turquia. 

Declarado em 19 de agosto e já tendo queimado mais de 81.000 hectares, incluindo uma grande parte do parque nacional Dadia em Evros, de acordo com o Observatório Europeu Copernicus (EMS), esse incêndio é "o maior já registrado na UE", disse Balazs Ujvari, porta-voz da Comissão Europeia, na terça-feira.

A UE enviou 11 aviões e um helicóptero da frota europeia para ajudar a Grécia, juntamente com 407 bombeiros, o que representa metade dos recursos aéreos europeus conjuntos, de acordo com a Comissão Europeia.

Na semana passada, 20 pessoas foram encontradas queimadas até a morte, a maioria migrantes, incluindo duas crianças, perto de Alexandrópolis, a capital de Evros. Quatro incêndios continuam ativos na região, de acordo com o corpo de bombeiros grego, e novos focos levaram à evacuação do vilarejo de Kotronia.

Esse é o maior incêndio florestal desde 2008, de acordo com o EMS. A área queimada é do tamanho de uma cidade como Nova York, e mais de um terço da floresta de Dadia foi devastada, de acordo com o jornal de centro-esquerda Ta Nea.

O diário também destaca a falta de pessoal para evitar esses incêndios, que estão se tornando cada vez mais intensos como resultado das mudanças climáticas: "por exemplo, apenas sete guardas florestais estão administrando 35.000 hectares no Monte Parnes", perto de Atenas.

Para o ambientalista Dimitris Stamatopoulos, citado pelo Ta Nea, "precisamos de um novo plano nacional para fortalecer os serviços florestais e a prevenção por meio de um melhor gerenciamento florestal".

Refúgio ameaçado

Nas redes sociais, a Sociedade para a Proteção da Biodiversidade da Região publicou fotos impressionantes do "antes" e do "depois" do incêndio na floresta de Dadia, que é protegida pela rede europeia Natura 2000 e é conhecida mundialmente por abrigar aves de rapina raras.

Alexandros Dimitrakopoulos, professor especializado em incêndios florestais, disse ao canal de televisão Mega que se tratava de "um desastre irreversível". "Levará anos para reconstruir essa floresta única. Mesmo daqui a 100 anos, talvez não sejamos capazes de recuperar essa biodiversidade", acrescentou.

Na terça-feira, o governo grego anunciou uma série de medidas para as regiões afetadas pelos incêndios. O ministro do Meio Ambiente, Theodoros Skylakakis, anunciou obras contra inundações e indenizações para criadores de gado, agricultores e moradores que perderam suas casas.

Como outros países ao redor do Mediterrâneo, a Grécia tem sido assolada neste verão por inúmeros incêndios que até agora queimaram 120.000 hectares, de acordo com estimativas do Observatório Nacional Grego - três vezes a média anual desde 2006, de acordo com o EMS.

(Com AFP)

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