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A hora da verdade na guerra da Ucrânia estaria próxima, após giro de Zelensky na Europa?

A imprensa francesa avalia os resultados e implicações – militares e diplomáticas – do giro europeu do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Depois de Roma, Berlim e Paris, Zelensky esteve nesta segunda-feira (15) no Reino Unido.

O presidente francês, Emmanuel Macron, recebe o presidente Volodymyr Zelenskiy no Palácio do Eliseu
O presidente francês, Emmanuel Macron, recebe o presidente Volodymyr Zelenskiy no Palácio do Eliseu © REUTERS/Christian Hartmann/Pool
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Os jornais ressaltam que esta visita a capitais europeias serve aos últimos preparativos antes de o Exército de Kiev lançar sua grande contraofensiva ao invasor russo. Nas páginas do Les Echos, o especialista em geopolítica Dominique Moïsi, do Instituto Montaigne, diz que um ataque mais amplo contra as tropas russas "é uma questão de dias ou mais provavelmente de semanas". "A hora da verdade se aproxima. É provável que, ao contrário dos ucranianos, o presidente russo, Vladimir Putin, queira apostar 'no jogo longo'", escreve o colunista.

Diante de uma Rússia que está ganhando tempo, a contraofensiva de Kiev tem triplo objetivo, detalha o cientista político francês. "Reforçar o moral dos ucranianos; tranquilizar seus aliados europeus e americanos, confirmando que eles apostaram no "cavalo certo" ao escolherem defender valores comuns; e, por fim e acima de tudo, demonstrar às elites russas a futilidade absoluta da guerra e a fragilidade de uma ocupação que eles não podem nem mesmo manter, apesar do equilíbrio inicial de poder no terreno." Essa constatação mostra que o desfecho da história prossegue em aberto.

Libération nota que é improvável que os equipamentos prometidos nos últimos dias desempenhem um papel relevante numa operação que supostamente está prestes a acontecer, uma vez que levarão meses para chegar à frente de combate na Ucrânia.

O pacote de ajuda alemão inclui 30 tanques Leopard 1, que complementam os 30 tanques Leopard 2 já entregues, quatro sistemas antiaéreos IRIS-T SLM, tanques de infantaria Marder, cinco canhões antiaéreos Gepard e 200 veículos.

Le Monde destaca que a França fornecerá dezenas de veículos blindados e tanques leves nas próximas semanas a Kiev, conforme prometeu o presidente Emmanuel Macron na noite de domingo (14), ao receber Zelensky no Palácio do Eliseu. "Esforços para apoiar as capacidades de defesa aérea da Ucrânia" também estão planejados, disse o líder francês. 

A imprensa observa que à exceção de Polônia e Eslováquia, Zelensky voltará para Kiev sem os aviões de combate que ele pede há meses aos aliados para derrotar a Rússia. Libération questiona se o presidente ucraniano não estaria tentando confundir o inimigo, assim como tem feito seu Exército no terreno de guerra. 

Retorno da artilharia

Le Figaro destaca que esse apoio diplomático e armamentista dos aliados europeus faz parte dos preparativos à contraofensiva, que já começou na região do Donbass, no leste, na forma de operações que visam o desgaste do sistema inimigo, principalmente por meio de ataques a depósitos de combustível e munição, antes de uma movimentação mais ampla. O jornal também revela que o conflito de alta intensidade na Ucrânia revelou a fragilidade das reservas francesas, principalmente em artilharia.

"Nossos parceiros entenderam esse retorno da artilharia. A Polônia, por exemplo, encomendou 672 obuseiros autopropulsados K-9 "Thunder" de 155 mm da Coreia do Sul, 288 lançadores múltiplos de foguetes K239 Chunmoo também serão entregues a Varsóvia. Isso sem mencionar a venda de 18 Himars, aprovada por Washington em fevereiro. Outros 500 podem vir em seguida. Tudo isso faria da Polônia um gigante militar e o principal Exército da União Europeia. Muito, muito à frente da defesa francesa e de seu Exército 'bonsai', capaz de 'fazer tudo', mas de forma muito limitada", opina o Le Figaro.

Enquanto os aliados costuram o apoio diplomático e armamentista à contraofensiva na Ucrânia, o emissário chinês Li Hui, representante especial do governo de Pequim para questões da Europa e Ásia e encarregado de discutir uma solução para a guerra na Ucrânia, visitará Kiev na terça-feira e quarta-feira.

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