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Reviravolta no final da contagem de votos dá vitória ao bloco de esquerda na Dinamarca

Enquanto o partido centrista dinamarquês Moderados estava em posição de força, uma virada de mesa ocorreu na contagem dos últimos 3% dos votos na madrugada desta quarta-feira (2). O campo da primeira-ministra Mette Frederiksen obteve assim a maioria no Parlamento por apenas uma cadeira. 

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, comemorou nesta quarta-feira (2) a vitória do bloco de esquerda nas eleições legislativas.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, comemorou nesta quarta-feira (2) a vitória do bloco de esquerda nas eleições legislativas. AFP - JONATHAN NACKSTRAND
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Com informações de Carlotta Morteo, correspondente da RFI em Estocolmo, e da AFP

O bloco de esquerda, formado por cinco partidos, conseguiu chegar a 90 assentos do total de 179 graças à participação de dois territórios autônomos da Dinamarca: as ilhas Faroé e a Groenlândia. O resultado foi anunciado após uma longa noite eleitoral que não foi decidida até a contagem dos últimos votos.

Com um grande sorriso e sob forte emoção, a premiê social-democrata agradeceu os 27,6% dos votos obtidos por seu partido. "Conseguimos os melhores resultados em mais de 20 anos", comemorou Frederiksen diante de seus simpatizantes. 

No entanto, se não precisa mais do apoio dos 16 representantes dos Moderados, Frederiksen estendeu a mão aos centristas e aos Liberais, legenda de centro direita, com o objetivo de isolar a extrema direita. Os ultraconservadores, divididos em três partidos, acumulam 14,4% dos votos.

O líder dos Moderados, o ex-primeiro-ministro Lars Løkke Rasmussen, disse estar disposto a discutir um papel no governo. O líder dos Liberais, Ellemann-Jensen, também demonstrou estar aberto à colaboração, mas sem esconder seu ceticismo.

Se a imigração não é mais uma questão de discórdia entre os maiores partidos - que concordam sobre a necessidade de endurecimento das políticas imigratórias, outros assuntos podem emperrar as negociações para a formação de um governo. Um deles é sobre a reforma do sistema de saúde ou o combate à inflação, que atinge o patamar mais alto em 40 anos no país de 5,9 milhões de habitantes. 

Frederiksen anunciou que apresentará sua renúncia à rainha da Dinamarca nesta quarta-feira, como manda o protocolo. A monarca deve confiar à premiê a formação de um novo governo. 

Crise dos visons e questão climática

Estas eleições foram convocadas após a "crise dos visons", escândalo que surgiu durante a pandemia de Covid-19, quando o governo decretou o abate de milhões de animais por medo da propagação do vírus. A decisão acabou sendo considerada ilegal e um partido minoritário do bloco de esquerda ameaçou Frederiksen com a derrubada do governo caso a primeira-ministra não convocasse novas eleições. 

Apesar da polêmica dos visons, e dos debates em torno da saúde e inflação, a campanha também foi dominada pela questão ambiental. No domingo, cerca de 50 mil pessoas, incluindo a primeira-ministra, reuniram-se para a "Marcha do Povo pelo Clima" em Copenhague. A esquerda prometeu uma lei para proteger a biodiversidade e quer impor um imposto sobre as emissões de carbono da agricultura, uma medida apoiada por outros partidos.

As eleições legislativas dinamarquesas alcançaram uma participação de 84,1% entre os 4,2 milhões de eleitores, uma ligeira queda em relação aos 84,6% de 2019. 

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