França assume presidência rotativa da União Europeia – entenda como funciona
Em 1º de janeiro de 2022, a França assume as rédeas do Conselho da União Europeia por seis meses, treze anos após sua primeira experiência. Paris sucede a Eslovênia e tentará chegar a compromissos de textos e resolver problemas políticos entre os governos dos 27 Estados. Mas como é construída a política europeia? Quais são os órgãos competentes para tomar decisões?
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Texto de Patricia Blettery, da RFI
O Conselho Europeu
Atualmente presidido pelo belga Charles Michel, o Conselho Europeu é o órgão da UE que reúne os Chefes de Estado e de Governo dos Estados membros, definindo orientações gerais da União Europeia e indicando a posição dos Estados ao mais alto nível.
Os projetos do Conselho Europeu são traduzidos pela Comissão Europeia em propostas legislativas, alteradas e votadas pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia. A sede é em Bruxelas.
Antes do Tratado de Lisboa de 2007, o Conselho era presidido pelo Chefe de Estado do país à frente do Conselho da União Europeia, como foi o caso em 2008 com Nicolas Sarkozy, que, portanto, ocupou os dois cargos pela França.
A Comissão Europeia
Atualmente presidida pela alemã Ursula von der Leyen, a CE apresenta projetos de lei (diretivas e regulamentos) e delibera sobre os assuntos que devem ser tratados pelos Estados-membros e pelos deputados europeus. Assegura também a aplicação dos Tratados, podendo recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia em caso de violação por um dos Estados. Tem 27 comissários, um por Estado-membro. Estes últimos não representam seu estado de origem. São independentes e atuam no interesse geral da União Europeia.
A Comissão tem sede em Bruxelas.
O Parlamento Europeu
O Parlamento Europeu representa o povo dos Estados-Membros. Os eurodeputados (705) são eleitos por sufrágio universal direto de 5 em 5 anos durante as eleições europeias. A sessão plenária acontece em Estrasburgo, mas, na prática, a atividade do Parlamento concentra-se em Bruxelas. É ele quem elege o Presidente da Comissão Europeia e aprova os 27 membros da Comissão Europeia. Também adota o orçamento da União Europeia. A sua principal tarefa: o exame dos textos propostos pela Comissão Europeia. A posição da CE é então encaminhada ao Conselho.
Atualmente é o italiano David Maria Sassoli quem está à frente do Parlamento Europeu
O Conselho da União Europeia (não deve ser confundido com o Conselho Europeu)
Se o Conselho aprovar todas as alterações dos deputados, o ato pode ser adotado. Porém, se o Conselho adotar outra posição, o Parlamento dispõe de três meses para reagir em segunda leitura e decidir aceitar a posição do Conselho, alterá-la novamente ou rejeitá-la, e a proposta não é adotada. Consequentemente, o Conselho tem capacidade para acelerar ou retardar a análise de um texto legislativo.
É nesse trabalho legislativo que a França ingressará na presidência do Conselho da União Europeia a partir de 1º de janeiro de 2022. Dez formações temáticas compõem o Conselho da UE, que reúne os ministros de cada um dos Estados membros na deliberação do assunto. Por exemplo, Agricultura e Pesca, Competitividade, Justiça e Assuntos Internos ou Educação, Juventude e Cultura.
Em alguns casos, o Conselho legisla sozinho. O papel do Parlamento limita-se então à consulta, nomeadamente em matéria fiscal, ou à aprovação ou não aprovação de um texto sem poder modificá-lo por meio de alterações, por exemplo para a celebração de acordos internacionais.
O Conselho delibera por maioria qualificada na maioria dos casos e reúne-se em Bruxelas ou no Luxemburgo.
A presidência francesa da União Europeia em 2022 enfrentará vários desafios. Será concomitante com uma eleição presidencial na França, mas também com o fim da presidência no Conselho Europeu, uma vez que Charles Michel termina seu mandato em maio. Também terá de lidar com imprevistos, como foi o caso de Nicolas Sarkozy em 2008 com a crise na Geórgia. Pela primeira vez, a União Europeia conseguiu, segundo especialistas, a mediação internacional entre Moscou e Tbilissi, permitindo o fim dos combates.
O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJEU)
Assistido por todos os tribunais dos Estados-membros, o TJUE assegura a aplicação do direito europeu.
Em caso de violação, um recurso pode ser pode ser instaurado pela Comissão Europeia ou outro Estado-membro. O país em questão acatá-lo imediatamente, sob pena de recorrer a um segundo recurso e pagar multa.
O TJUE também pode ser acionado pelo Conselho da UE, a Comissão Europeia ou, em alguns casos, o Parlamento Europeu se um ato legislativo europeu violar os tratados da UE ou os direitos fundamentais. Um particular também pode pedir ao Tribunal a anulação de um ato que lhe diz diretamente respeito.
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