Ministro francês abertamente gay é impedido de visitar vilarejo anti-LGBT na Polônia

Ministro para Assuntos Europeus do bloco, o francês Clément Beaune disse na quinta-feira (11) que o governo polonês havia ameaçado cancelar suas reuniões oficiais durante uma viagem ao país se ele visitasse um polêmico vilarejo autodeclarado como "zona livre de ideologia LGBT". Abertamente homossexual, Beaune havia previsto a visita em seu cronograma, mas teve que abrir mão do trajeto por causa das ameaças do Executivo polonês, como ele relatou à rádio France Inter nesta sexta-feira (12).

Governo polonês impediu um ministro francês de visitar uma zona anti-LGBT REUTERS - POOL

Durante uma viagem de dois dias à Polônia nesta semana, o ministro Clément Beaune, abertamente gay, planejou fazer uma parada no vilarejo polonêsde Krasnik, para denunciar a postura anti-LGBT do local.

"Eles não queriam que eu fosse lá. Eles não me impediram fisicamente, foi uma pressão política", disse Beaune à rádio France Inter.

Ele disse ter sido informado que "se eu fosse, não haveria nenhuma reunião oficial durante a viagem".

Beaune, que se assumiu publicamente como gay em dezembro, já havia chamado a existência de "zonas livres de ideologia LGBT" na Polônia de um "escândalo absoluto" em uma longa disputa entre a União Europeia e o populista governo polonês de extrema direita.

Beaune decidiu não visitar Krasnik, mas encontrou ativistas dos direitos das mulheres e gays em Varsóvia. Ele manteve conversações com seu homólogo no governo polonês, Konrad Szymanski, na terça-feira (9).

#Pologne | « Je me suis engagé à aller dans l’une des « zones libres de l’idéologie LGBT+ » en Pologne, je tiendrai cet engagement. En poursuivant le dialogue et la pression. » 🇫🇷🇪🇺🇵🇱 pic.twitter.com/6B7hzdT4hT

— Clement Beaune (@CBeaune) March 11, 2021

Ele prometeu voltar ao país e viajar para uma das zonas anti-gay. “Acho que isso é muito sério, mas não quero causar polêmica com o governo [polonês]”, disse Beaune. "O que é muito séria é a situação no local, não o meu caso pessoal", destacou.

Com o apoio do governo, várias regiões se declararam livres da "ideologia LGBT" na Polônia para protestar contra o apoio aos direitos dos homossexuais do prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, um líder da oposição.

Como reação aos recentes acontecimentos na Polônia, o Parlamento Europeu decidiu debater em 10 de março uma resolução que declararia simbolicamente os 27 membros da União Europeia como uma "zona de liberdade" para as pessoas LGBT.

A Human Rights Watch classificou a decisão do governo polonês de pressionar Beaune de "vergonhosa".

(Com informações da AFP)