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Imprensa

Debate sobre agrotóxico glifosato incendeia imprensa francesa

Os principais jornais franceses desta quarta-feira (25) se debruçam sobre a questão do polêmico glifosato, o agrotóxico mais utilizado do mundo e acusado de ser altamente cancerígeno. A Comissão Europeia propôs na terça-feira (24) a renovação da licença da substância por um período mais curto do que o normal - de cinco a sete anos. Os 28 Estados membros da União Europeia deveriam analisar a questão em uma reunião em Bruxelas hoje, mas o evento foi cancelado.

Capa do jornal Libération desta quarta-feira (25).
Capa do jornal Libération desta quarta-feira (25). Reprodução Libération
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"Glifosato: a batalha que incendeia a Europa" é a manchete de capa do jornal Le Figaro. O diário lembra que por trás da briga que envolve Estados, agricultores, ONGs e órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), está a gigante Monsanto, que produz o herbicida Roundup, cuja base é o glifosato. A empresa americana joga todas as suas cartas para provar a inocuidade da substância que lhe rende entre € 4 e € 5 bilhões por ano.

O diário destaca que, na controversa questão sobre a continuação ou não da utilização deste agrotóxico, há dois principais grupos: os que defendem que o glifosato é cancerígeno - como o Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer -, na origem da polêmica, e os que mantém a avaliação contrária, como a Agência Europeia de Saúde Alimentar, que estima que a substância não representa risco para a saúde das pessoas.

No meio do braço de ferro, a União Europeia se pergunta o que fazer e cogita proibir o produto como forma de precaução. Por fim, entram os lobistas e as ONGs que realizam, segundo Le Figaro, "um turbilhão de revelações, acusações, provas e contra-provas que tornam a situação ainda mais complexa", avalia o jornal.

É possível ter uma agricultura sem glifosato?

"Glifosato: mas sim, podemos viver sem", diz a manchete de capa do Libération. Para o diário, enquanto industriais fazem de conta que não há outra solução para agricultura sem este herbicida, a Organização Mundial da Saúde continua classificando a substância como "potencialmente cancerígena".

No entanto, o jornal lembra que há cada vez mais agricultores e agrônomos que sugerem alternativas para evitar a utilização do agrotóxico. "Simplesmente é preciso repensar o modelo agrícola", afirma Libération, consciente de que, para isso, são necessários "estudos, reflexões, paciência e precisão".

"O arsenal de técnicas que permitem descartar o glifosato e outros pesticidas está detalhado em um estudo encomendado pelo grupo ecologista no Parlamento Europeu à ONG Rede de Ação contra os Pesticidas, publicado neste mês de outubro", lembra o Libé, explicando algumas destas técnicas. A mesma ideia é defendida em editorial, que considera que "a saúde das pessoas a longo prazo deve estar acima de qualquer cálculo econômico a curto prazo".

Debate envenenado

"Glisofato: um debate envenenado", é a manchete do jornal Les Echos. O diário salienta a complexidade da questão, retratando as divergências dentro do próprio governo francês sobre a continuação da utilização do pesticida na França. A ministra da Saúde, Agnès Buzyn, julga imperativo descartar o produto "o mais rápido possível". O ministro da Transição Ecológica, Nicolas Hulot, propõe limitar a três anos a renovação da licença do produto, para dar tempo ao setor agrícola se adaptar. Mas seu colega Stéphane Travert, o ministro da Agricultura e Alimentação, acredita que o período de adaptação deveria ser maior, entre cinco e sete anos.

Em editorial, Les Echos defende que, muito além da proibição do produto - que considera improvável devido ao arsenal jurídico da qual dispõe a Monsanto - é preciso revisar o modelo da agricultura na França, "o terceiro maior consumidor de agrotóxicos na Europa". O desafio não diz respeito apenas aos Estados, mas também aos cidadãos. Será que os consumidores aceitarão pagar muito mais caro pelo que consomem? Para Les Echos, é preciso que a visão do consumidor esteja aliada à do cidadão.

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