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Pedofilia/coral

Quase 600 meninos de coral católico alemão sofreram abusos em 45 anos

Pelo menos 547 meninos de um famoso coral católico de Regensburger, na Alemanha, foram vítimas de maus-tratos, incluindo abuso sexual, cometidos entre 1945 e o início dos anos 1990, aponta um informe da investigação publicado nesta terça-feira (18). Irmão do ex-papa Bento 16 dirigiu o grupo entre 1964 e 1994.

Coral católico de Regensburger
Coral católico de Regensburger facebook.com/regensburgerdomspatzen
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Cerca de 500 menores do Regensburger Domspatzen (coral da catedral de Regensburger, fundado na Idade Média, em 975) sofreram maus-tratos físicos, e outros 67, violência sexual, incluindo estupro, declarou Ulrich Weber, advogado encarregado pela Igreja de esclarecer o escândalo, que veio à tona em 2010.

Os membros do coral oficial dessa diocese são conhecidos como os "pardais da Catedral de Regensburger". Esses números são amplamente superiores aos publicados em janeiro de 2016, quando um relatório intermediário havia apontado 231 vítimas. Em fevereiro de 2015, as autoridades católicas locais reconheceram apenas 72 vítimas.

Fome, surras e abusos sexuais

Os fatos revelados incluem delitos e crimes que vão do estupro à privação de alimentos, passando por espancamentos e agressões sexuais. A maioria dos casos prescreveu, porém, e os 49 autores identificados no relatório não serão processados. Em contrapartida, cada vítima deverá receber € 20 mil euros de indenização.

As vítimas descreveram sua passagem por este coro milenar e mundialmente conhecido como "uma prisão, um inferno e um campo de concentração", ou ainda, como "o pior momento de sua vida, marcado pelo medo, pela violência e pelo sofrimento", segundo Ulrich Weber.

Acusações contra irmão de Bento 16

O irmão do papa Bento XVI, Dom Georg Ratzinger, dirigiu o coral de jovens cantores alemão de Regensburger, entre 1964 e 1994.
O irmão do papa Bento XVI, Dom Georg Ratzinger, dirigiu o coral de jovens cantores alemão de Regensburger, entre 1964 e 1994. ARMIN WEIGEL / DPA / AFP

Muitos dos casos foram registrados durante o período em que Georg Ratzinger, hoje com 93 anos, dirigiu o coral, entre 1964 e 1994. O irmão do ex-papa Bento 16 garante que não tinha conhecimento dos abusos sexuais que aconteceram na época. Mas de acordo com o advogado encarregado do caso, o padre Ratzinger estava ciente dos crimes e preferiu "fechar os olhos".

A "cultura do silêncio" reinava no coro, onde a proteção da instituição parecia prevalecer, estima Ulrich Weber. Em 2010, um ex-membro do coro, o maestro e compositor alemão Franz Wittenbrink, testemunhou à revista alemã "Der Spiegel" a violência, da qual Georg Ratzinger era capaz, citando, mais amplamente, um "sistema de castigos sádicos ligados ao prazer sexual".

No Brasil, escandâlo envolve arcebispo da Paraíba

Arcebispo Aldo Di Cillo Pagotto renunciou ao cargo
Arcebispo Aldo Di Cillo Pagotto renunciou ao cargo Arquidiocese da Paraíba

O escândalo é mais um dos muitos a sacudir a Igreja Católica nos últimos anos, no mundo todo, inclusive no Brasil. No ano passado, o papa aceitou a renúncia do então arcebispo da Paraíba, Aldo Di Cillo Pagotto, acusado de pedofilia.

Na Alemanha, uma escola jesuíta em Berlim também esteve no centro de um escândalo de pedofilia, depois que a própria instituição admitiu os abusos sexuais sistemáticos cometidos por dois padres contra os alunos nos anos 1970 e 1980.

 

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