Morre ex-chanceler Helmut Kohl, o pai da reunificação da Alemanha
O ex-chanceler alemão Helmut Kohl morreu nesta sexta-feira (16), aos 87 anos. Considerado o pai da reunificação do país, ele foi um dos grandes nomes da história contemporânea.
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Kohl, o líder alemão que permaneceu mais tempo no poder (entre 1982 e 1998) desde o fim da Segunda Guerra Mundial, morreu em sua casa em Ludwigshafen, leste da Renânia-Palatinado, informou o jornal Bild, que mantinha vínculos estreitos com o político conservador.
O ex-chanceler ficará na história por ter articulado a aproximação da República Federal da Alemanha (RFA), capitalista, com a República Democrática Alemã (RDA), comunista, em 1990, menos de um ano após a queda do Muro de Berlim. O ex-chanceler também colocou um fim na ocupação militar do território alemão, imposta desde 1945 pelas potências vencedoras do nazismo. A medida foi o ponto de partida para a criação de uma Alemanha forte na cena internacional.
A União Cristã Democrata (CDU) de Kohl ganhou as primeiras eleições livres na Alemanha Oriental, em 18 de março de 1990, com 40,8% dos votos. O resultado foi visto como um plebiscito pelo chanceler.
O líder defendeu a paridade entre o poderoso Marco alemão ocidental e o Volksmark do leste, uma iniciativa duramente combatida pelo Bundesbank, o banco central da RFA, que temia pelo impacto provocado pela situação econômica precária da república comunista. Já a promessa de transformar os novos Länder (estados) do leste em "paisagens florescentes" não se cumpriu e a Alemanha esteve durante muito tempo impedida pelo enorme peso financeiro e social de uma transição brusca.
No exterior, o chanceler também teve que trabalhar para convencer os seus aliados, em particular o então presidente francês François Mitterrand e a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, ambos com muitas reservas sobre a reunificação. Mas Kohl se apoiou na estreita relação que mantinha com o presidente dos Estados Unidos George Bush pai, e também usou os vínculos de confiança com o russo Mikhail Gorbachev para conseguir retirar as tropas soviéticas.
“A essência própria da Europa”
Vários líderes mundiais reagiram à notícia da morte de Kohl. Para o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o ex-chanceler representava “a própria essência da Europa”.
A chanceler alemã Angela Merkel disse que Kohl "mudou de forma decisiva" sua vida. Já o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que "perdemos um grande europeu".
O ex-presidente norte-americano George H.W. Bush também homenageou o ex-chanceler. “Helmut era uma rocha, estável e forte”, declarou o ex-chefe da Casa Branca, que estava no poder no momento da reunificação alemã.
Imagem arranhada nos últimos anos
Kohl deixou a chancelaria em 1998 e foi homenageado várias vezes por sua ação à frente do país. Desde o fim de sua carreira política o nome do chanceler que reunificou a Alemanha 45 anos após o nazismo aparece nas opções para o Prêmio Nobel da Paz.
Mas sua imagem foi arranhada nos últimos anos por vários escândalos pessoais revelados em biografias não autorizadas. No âmbito político, em 2016 o ex-chanceler também causou polêmica ao criticar abertamente a política de acolhimento de refugiados de Merkel, que autorizou a entrada de mais de um milhão de migrantes no país.
Kohl enfrentava sérios problemas de saúde e vivia em uma cadeira de rodas desde 2009.
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