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Radar econômico

Reino Unido bate recorde de turistas estrangeiros em 2016, com 37,6 milhões de visitantes

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O anúncio do Brexit não espantou os turistas estrangeiros do Reino Unido. Pelo contrário. O país bateu seu recorde em 2016, com nada menos que 37 milhões e 600 mil visitantes de outros países, um aumento de 4% em relação a 2015. As informações são do Escritório Nacional de Estatísticas.

Londres atrai mais da metade dos turistas que visitam o Reino Unido
Londres atrai mais da metade dos turistas que visitam o Reino Unido Divulgação
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“A principal razão é o efeito do Brexit, com a desvalorização da libra. Isso foi um estímulo, pois tornou o Reino Unido um destino mais barato para turistas estrangeiros. Houve uma desvalorização de cerca de 20% em relação ao dólar e ao euro”, explica Scott McCabe, professor de marketing e turismo da Universidade de Nottingham.

O professor de economia da Escola de Turismo da Universidade Bournemouth, Adam Blake, analisa o impacto desse crescimento na economia britânica: “Os turistas gastam dinheiro, e isso favorece a criação de empregos para fornecer serviços para os turistas. Temos uma cadeia de fornecimento, que inclui comida, roupa, água e eletricidade. Os gastos dos turistas injetam dinheiro na economia britânica, por meio de atrações turísticas, hotéis e outras formas de acomodação, restaurantes e outros setores, que contribuem para o Produto Interno Bruto.”

Um dos dados interessantes do relatório é o aumento de pessoas que viajam ao Reino Unido para visitar parentes e amigos, totalizando 11 milhões e 600 mil turistas em 2016. “Houve um declínio em turismo de negócios, mas um aumento na visita à família e amigos. Podemos especular que os dois casos estão relacionados à decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia. Pessoas querem visitar os parentes antes que as regras para entrar no país possivelmente se tornem mais duras. Da mesma maneira, o Brexit afeta negativamente o turismo de negócio”, afirma McCabe.

Porém o principal motivo continua sendo férias, com 13 milhões e 900 mil turistas, o que representa 37% do total. Já as viagens de negócio estão em terceiro lugar, com 9 milhões e 300 mil pessoas.

Os franceses representaram o maior número de visitantes, 4 milhões e 200 mil, mas quem gasta mais são os norte-americanos, em segundo lugar na lista, com 3 milhões e 400 mil visitantes. Em 2016, eles deixaram 3 bilhões e 400 milhões de libras, um aumento de 11% em relação a 2015.

“Turistas de países distantes gastam mais na passagem de avião do que os turistas dos países próximos. Eles tendem a ficar mais tempo e em hotéis mais caros. Além disso, os americanos já têm a tradição de gastar muito, mesmo em lugares próximos aos Estados Unidos. Além disso, americanos que desejam fazer uma viagem curta e barata obviamente não vêm para o Reino Unido ou para a Europa. Essas são pessoas dispostas a gastar muito dinheiro”, explica Blake, especialista no impacto econômico da indústria turística.

Norte-americanos gastam mais

Os norte-americanos gastaram bem mais que alemães e franceses, que deixaram, respectivamente, 1 bilhão e 500 milhões de libras e 1 bilhão e 300 milhões de libras. No top 10 dos países que enviam mais turistas ao Reino Unido, oito são europeus, além de Estados Unidos e Austrália.

Do total dos 37 milhões e 600 mil turistas em 2016, Londres abocanhou 19 milhões, ou seja, mais da metade, um aumento de 2,6 % em relação ao ano passado. A novidade em relação às outras cidades mais visitadas foi a chegada de Birmingham ao quarto lugar, atrás de Edimburgo e Manchester.

“Não há novidade em relação a Edimburgo, que, como a capital da Escócia, é um destino consolidado mundialmente. Os americanos, por exemplo, geralmente vão a Londres e Edimburgo na mesma viagem. A surpresa é Birmingham, que, embora seja a segunda maior cidade do país, não é tradicionalmente uma cidade turística. Mas nos últimos dez anos Birmingham passou por um longo programa de desenvolvimento, particularmente em relação ao seu patrimônio, às atrações culturais e ao comércio. Além de ter reforçado a rede de transporte ferroviário", diz McCabe.

Ele enumera ainda os atrativos de Manchester, cidade que foi alvo de um atentado na segunda-feira (22), durante show da cantora norte-americana Ariana Grande: “É uma cidade muito grande e desenvolveu um grande leque de atrações históricas, culturais e comerciais para os turistas internacionais. Além de esporte, os clubes de futebol Manchester United e Manchester City colocaram Manchester no mapa. Mas há outros segmentos, como um bairro gay, além de eventos culturais e uma vibrante vida noturna.”

As expectativas para os próximos anos são incertas e estão claramente vinculadas aos resultados das negociações do Brexit. “Pode haver barreiras para os turistas que queiram visitar o Reino Unido. Os viajantes devem estar pensando que será mais fácil ir para o país agora do que depois de formalizada a saída da União Europeia. Podemos citar questões como seguro de viagem, a licença das companhias britânicas para voar entre países europeus, a ausência da carteira de saúde da União Europeia... Tudo isso vai tornar mais complicado para visitar o Reino Unido”, explica Blake. As próximas negociações acontecem no dia 19 de junho.
 

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