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Áustria

Áustria pode eleger primeiro chefe de Estado da extrema-direita na UE

A extrema-direita austríaca pode se sagrar vitoriosa neste domingo (22), no segundo turno das eleições presidenciais. Norbert Hofer, do Partido Liberal da Áustria (FPÖ), tem grandes chances de se tornar o único chefe de Estado da direita radical na União Europeia (UE).

O candidato à presidente da Áustria, Norbert Hofer, do partido de extrema-direita FPÖ votou na manhã deste domingo (22).
O candidato à presidente da Áustria, Norbert Hofer, do partido de extrema-direita FPÖ votou na manhã deste domingo (22). REUTERS/Heinz-Peter Bader
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Com informações do correspondente da RFI em Viena, Nathanaël Vittrant

O duelo será travado entre Norbert Hofer, de 45 anos, e o candidato independente, Alexander Van der Bellen, de 72 anos, ex-chefe do partido Verde. A disputa também fica marcada por ser a primeira vez, desde 1945, que os austríacos terão um presidente que não será nem do partido social-democrata SPÖ, nem da legenda conservadora da ÖVP.

No primeiro turno das eleições, Hofer, eurocético e islamofóbico, liderou a corrida, obtendo 35% dos votos, e seu rival, Van der Bellen, conseguiu 21% dos votos. Especialistas apostam na vitória do candidato da extrema-direita, mas não descartam uma surpresa.

"Os dois candidatos vêm de partidos considerados como oposição, já que eles não participam do governo atual", diz a embaixadora da Áustria na França, Ursula Plassnik. Segundo ela, essas eleições constituem "um novo elemento na paisagem política austríaca", levando-se em conta que, há mais de 70 anos, quem ocupava o posto de presidente era sempre um social-democrata ou um cristão democrata.

Primeiro chefe de Estado da extrema-direita

Mesmo que na Áustria os poderes do presidente sejam limitados, o fato de eleger um líder da direita radical é marcante. O que também preocupou a União Europeia foi a falta de uma resistência republicana ou manifestações populares significativas contra o FPÖ durante a campanha eleitoral.

Norbert Hofer é um engenheiro de aviação que cresceu em Burgenland, região pobre próxima da fronteira com a Hungria. Sua ascensão fulgurante se deu, em parte, pelo desgaste dos velhos representantes da extrema-direita local.

Aos 45 anos, ele encarna o desejo do movimento conservador de atingir uma camada mais jovem da população, com um discurso mais pseudo-moderado e aparentemente menos radical. Essa nova estratégia se aparenta à utilizada pelo Frente Nacional francês e sua presidente, Marine Le Pen, que não deixou de parabenizar Hofen e os “amigos” do FPÖno Twitter.

Partido dos antigos nazistas

Anton Pelinka, professor da Universidade de Budapeste, explica que o FPÖ foi criado em 1956 por antigos nazistas. Segundo o especialista, nos últimos anos, a legenda tentou se distanciar da retórica xenófoba e antissemita, focando no poder de compra e na proteção social da população, o que conquistou parte da opinião pública.

"Hofer é originário de organizações estudantis que não podemos classificar de nazista, mas que coloca na continuidade do nazismo. Em contrapartida, a maioria dos eleitores deste candidato não são nazistas, nem antissemitas; fazem parte dos que perderam muito com a globalização e estão revoltados contra isso", ressalta.

Cada voto conta

Resta saber se Hofer conseguirá manter a vantagem sobre Van der Bellen, a exemplo do que aconteceu no primeiro turno. O ecologista espera contar com os votos dos cidadãos de esquerda da Áustria, mas parece não seduzir os eleitores de centro-direita.

Por isso, quem pode decidir o escrutínio é a participação. As duas equipes de campanha martelaram nos últimos dias que cada voto vai contar neste domingo. As primeiras estimativas serão divulgadas a partir das 17 horas de Paris (12h em Brasília).

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