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União Europeia

Para evitar saída do Reino Unido da UE, Cameron pede "acordo confiável"

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu aos parceiros europeus nesta quinta-feira (18) um "acordo confiável" para a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE). A cúpula que está sendo realizada até esta sexta-feira (19) em Bruxelas deve definir o futuro da Grã-Bretanha dentro do bloco.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, ao chegar à cúpula de Bruxelas nesta quinta-feira (18).
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, ao chegar à cúpula de Bruxelas nesta quinta-feira (18).
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"Precisamos de um acordo que seja suficientemente forte para persuadir dos britânicos a apoiarem a permanência do Reino Unido na União Europeia", declarou o premiê diante dos dirigentes europeus reunidos na capital belga. Cameron espera poder fechar um acordo "que permita melhorar as relações entre Londres e o continente", para organizar um referendo sobre a questão até junho.

O premiê pediu aos parceiros europeus que "deixem o Reino Unido viver", ressaltando a necessidade de mais autonomia para o país dentro da UE. Apesar do apelo, Cameron destacou, logo que chegou à reunião hoje, que não aceitará um acordo que não corresponda às necessidades dos britânicos. "E isso vai ser difícil", ressaltou.

Os dirigentes europeus terão até esta sexta-feira para fechar um compromisso que evite a saída do Reino Unido da União Europeia. A crise dos refugiados e as exigências feitas à Grécia para conter o fluxo dos imigrantes são outros dos assuntos abordados na cúpula.

"Ou vai ou racha"

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, dramatizou hoje as negociações, classificando como "real" o risco de o Reino Unido deixar o bloco. "Estamos no meio de discussões muito difíceis e sensíveis. Mas uma coisa está clara: nesta cúpula, ou vai ou racha", declarou.

A posição mais otimista vem do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que se disse "suficientemente confiante". Outros líderes, como o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel, acreditam na concretização do acordo.

Ao chegar à cúpula, a líder expressou sua vontade de "fazer todo o possível para criar as condições para que o Reino Unido permaneça na UE". O chefe de Estado francês também disse acreditar que a cúpula vai chegar a um compromisso, mas só "se reunir certas condições", entre elas, a que "não impeça a Europa de avançar" em sua construção.

"Em alguns pontos, é preciso trabalhar ainda muitos detalhes", ponderou o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz. A maior preocupação, segundo ele, é que durante o referendo os britânicos deixem de considerar os resultados da cúpula e votem com base "em preconceitos", ressaltou, em referência ao forte posicionamento eurocético no Reino Unido.

Já outros países, como a Polônia, se mostraram mais inflexíveis. "Queremos um bom acordo, mas não sob qualquer preço", declarou a primeira-ministra polonesa, Beata Szydlo. A posição é compartilhada pelo primeiro-ministro belga, Charles Michel, que voltou a dizer hoje que não aceitará "um desmantelamento do projeto europeu".

"Tudo será possível"

Caso não seja alcançado um compromisso, Cameron disse que "tudo será possível", inclusive que seu país se transforme no primeiro a abandonar a UE. Mas, se selar um acordo, poderá organizar em alguns meses o prometido referendo, possivelmente em junho, e ouvir a vontade dos britânicos.

Com esse objetivo, apresentou suas propostas aos dirigentes europeus em novembro do ano passado e, no início de deste mês, o Conselho Europeu fez uma série de contrapropostas que foram discutidas entre os membros do bloco. 

Para manter o Reino Unido na UE, David Cameron quer o fim da discriminação dos países do bloco que não pertencem à zona do euro. O premiê também pediu menos restrições burocráticas para aumentar a competitividade do mercado interno e enfrentar o crescimento de economias como a China e a Índia. O Reino Unido também não quer fazer parte das próximas etapas da integração europeia.

A reivindicação mais controversa é o controle sobre a política de migração. Cameron quer que os cidadãos europeus que se instalem em seu país contribuam durante quatro anos para que possam passar a receber prestações vinculadas ao emprego ou à habitação, limitando assim as ajudas sociais e econômicas dadas pelo Estado britânico.

Esta última é, aliás, a exigência mais controversa do premiê, com a qual busca frear a imigração europeia no país. A reivindicação provocou duras críticas em todo o bloco, em particular das nações do leste, origem da maioria dos imigrantes europeus do Reino Unido.

Nesta questão, no entanto, o premiê tem um apoio de peso. Angela Merkel considera essa e a maioria de suas demandas "justificadas".

(Com informações da AFP)

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