Eurotúnel reforça segurança após milhares de migrantes tentarem travessia ilegalmente

Mais tentativas em massa de travessia ilegal do Canal da Mancha aconteceram na noite desta quarta-feira (29), em Calais, no norte da França. De acordo com a polícia francesa, foram registradas cerca de 1.500 ocorrências e uma morte. Primeiro-ministro britânico diz solidarizar-se com turistas afetados pelos atrasos no Eurotúnel. Autoridades da França e do Reino Unido se encontraram em Londres para discutir medidas para reforçar a segurança na região. 

Migrantes na região de Calais, nas proximidades do Eurotúnel. AFP PHOTO / PHILIPPE HUGUEN

Na manhã desta quarta, o premiê britânico David Cameron declarou estar muito preocupado, entre outras coisas, com a situação dos turistas que viajam até a Inglaterra neste período de férias: "Estamos trabalhando em conjunto com as autoridades francesas. Investimos dinheiro em cercas em torno de Calais. Também estamos cercando o túnel na Inglaterra. Estamos fazendo tudo o que podemos. Nos solidarizamos com as pessoas que estão encontrando dificuldades em suas férias ao pegar os trens que passam pelo Eurotúnel. Claro, não estamos satisfeitos com a situação".

Mais uma morte

Desta vez, a vítima fatal foi um migrante de origem sudanesa, com idade estimada entre 25 e 30 anos. Ele morreu atropelado por um caminhão no momento em que descia de um ônibus para tentar subir em um trem em movimento.

O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, foi nesta quarta-feira à Londres se reunir com a ministra britânica do Interior, Theresa May, para discutir a crise migratória. No início da tarde, Cazeneuve anunciou o envio de 120 policiais franceses para reforçar a segurança na região.

Tentativas de travessia em massa têm sido frequentes

A Eurotúnel, empresa que administra o trajeto férreo, indicou ter impedido a entrada de 37 mil migrantes ao Reino Unido desde o início deste ano. A companhia já havia registrado nesta terça-feira (28) cerca de 2 mil tentativas de travessia ilegal, o maior número em um mês e meio. Desde junho, nove pessoas morreram tentando atravessar o Canal da Mancha. O diretor da empresa chegou a levantar a suspeita de que alguém estaria articulando esses movimentos massivos: "Estamos frente à invasões sistemáticas, massivas, talvez até organizadas, com apelo midiático, já que no fim das contas, ninguém chega a atravessar o Canal".

Cerca de 3 mil migrantes de países como Eritreia, Etiópia, Sudão e Afeganistão continuam instalados precariamente nos arredores de Calais, à espera de uma oportunidade para embarcar para o Reino Unido.

Acampamentos em Paris

Na manhã desta quarta-feira, a prefeitura de Paris e algumas associações ligadas à questão da imigração, iniciaram uma operação no norte da cidade para esvaziar um acampamento de mais de 200 imigrantes, a maioria originária da Eritreia e do Sudão. As equipes de serviço social chegaram ao local por volta das 5h da manhã. Os assistentes propõem abrigo em centros de acolhimento na capital francesa e na periferia por cerca de um mês, até que os migrantes decidam se farão ou não um pedido de asilo na França.

Os desmantelamentos de acampamentos de clandestinos se multiplicaram em junho. Nesse período, mais de mil imigrantes foram encaminhados a centros de acolhimento de urgência na capital francesa.