Acessar o conteúdo principal
Grécia/Crise

Hollande discorda da Alemanha e diz que fará o possível para obter acordo com a Grécia

Os 19 líderes dos países da zona do euro, minados pelas divisões internas e pela desconfiança a respeito de Atenas, tentam novamente neste domingo (12) chegar a um acordo sobre um novo plano de resgate à Grécia e evitar, com isso, a saída do país do bloco monetário.

O presidente François Hollande manobra para obter um acordo favorável à permanência da Grécia na zona do euro.
O presidente François Hollande manobra para obter um acordo favorável à permanência da Grécia na zona do euro. Reuters/Philippe Wojazer
Publicidade

O encontro de cúpula do grupo, que começou às 16h em Bruxelas, 11h em Brasília, "vai durar até a conclusão das negociações sobre a Grécia", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Ao chegar à reunião, o presidente francês, François Hollande, que defende a permanência da Grécia na zona do euro, descartou a proposta alemã de uma saída temporária de Atenas. "A Grécia fica ou sai, não existe a possibilidade de uma saída temporária", afirmou Hollande. O líder socialista acrescentou que a França "fará tudo para obter um acordo [ainda hoje] que permita aos gregos ficar na zona do euro".

A chanceler alemã, Angela Merkel, que lidera um grupo de países defensores de uma política ortodoxa em relação a Atenas, advertiu que não haverá acordo "a qualquer preço".

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse que vai pedir à Alemanha que aceite um compromisso com Atenas e pare de humilhar os gregos com novas exigências. "O bom-senso deve prevalecer e um acordo precisa ser encontrado. A Itália não quer que a Grécia saia da zona do euro e eu digo à Alemanha, chega!", declarou o chefe de governo italiano em entrevista ao jornal Il Messaggero.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que um acordo é possível "se todas as partes desejarem". "Estou aqui para alcançar o compromisso honesto que devemos ao povo da Europa", afirmou Tsipras ao chegar para a reunião. "Podemos alcançar um acordo esta noite se todas as partes desejarem", insistiu.

Para facilitar o acordo, a União Europeia (UE) decidiu cancelar uma reunião de cúpula extraordinária dos 28 líderes prevista para este domingo, para dar mais tempo à zona do euro de obter um acordo.

"Dia mais importante do mandato de Merkel"

A influente revista alemã Der Spiegel afirma que este é o dia mais importante do mandato de Angela Merkel. "Ela negociará não apenas o futuro da Grécia, mas também o da União Europeia", diz a revista. O papel da Alemanha, líder dos países mais inflexíveis com Atenas, e de sua chanceler é fundamental para resolver uma crise que deixa toda a região em xeque.

No sábado, reunidos durante nove horas, os ministros das Finanças da zona do euro não conseguiram chegar a um acordo e interromperam o encontro para retomá-lo hoje. As divergências foram tão grandes que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, suspendeu as discussões depois que o ministro alemão Wolfgang Schauble pediu ao presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que não o tomasse "por um imbecil", segundo a agência grega ANA.

O objetivo da reunião era dar um mandato à Comissão Europeia para negociar com a Grécia um terceiro pacote de resgate, com base nas propostas de reformas e ajustes apresentadas por Atenas durante a semana. "Mas é muito pouco provável que os ministros concedam um mandato neste domingo à Comissão Europeia", afirmou o vice-presidente do Executivo comunitário, Valdis Domborvskis.

O caminho deve ser preparado pelos chefes de Estado e de Governo dos 19 membros da zona do euro nas próximas horas. Porém, "a falta de confiança é tão grande que não é possível alcançar um acordo", disse o ministro eslovaco das Finanças, Peter Kazimir, uma opinião compartilhada por seus colegas da Áustria e Finlândia.

Propostas de Atenas

O plano apresentado pela Grécia inclui cortes de pensões, aumento da TVA (imposto cobrado em produtos e serviços), privatizações e novos impostos para as empresas. Em troca, Atenas pede às instituições credoras − Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional − um resgate de três ou quatro anos calculado em € 53,5 bilhões. Os credores estimam que Atenas precisará de um aporte financeiro de € 74 a € 82 bilhões. Nas negociações deste fim de semana, a Alemanha exige que a Grécia amplie seu programa de privatizações.

A Grécia já se beneficiou em 2010 e 2012 de planos de resgate financeiros por um valor total de € 240 bilhões. Mas os sócios europeus querem mais garantias, assim como um gesto de "boa vontade" da Grécia, com uma aprovação rápida no Parlamento das novas medidas.

"A Grécia precisa melhorar o programa de reformas e adotar rapidamente medidas legislativas", disse o comissário de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, antes de recordar: "o mundo está nos observando".

Dois dos países mais duros com a Grécia, Alemanha e Finlândia, não esconderam no sábado o desejo de uma saída de Atenas da zona do euro, ao menos de maneira temporária.

A Alemanha elaborou um documento interno no qual apresenta a possibilidade de um 'Grexit' temporário de cinco anos para que Atenas consiga reestruturar a dívida. As autoridades de Berlim, no entanto, afirmam que não transmitiram a opção aos sócios.

O ministro finlandês Alexander Stubb reiterou neste domingo que um acordo está "muito longe". O lituano Rimantas Sadzius, também do bloco dos países inflexíveis com a Grécia, desejou um "momento de mágica" para conseguir desbloquear as negociações.

Gregos pessimistas

Na Grécia, onde um controle de capitais entrou em vigor e os bancos permanecem fechados há duas semanas, a imprensa está pessimista.

O jornal Eleftheros Typos afirma que o futuro do país está "no fio da navalha".

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.