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Espanha/Manifestação

Podemos mobiliza milhares de manifestantes contra políticas liberais na Espanha

Com as palavras de ordem "Sim, é possível" e "Nós Podemos", milhares de militantes do partido antiliberal espanhol Podemos fizeram uma grande manifestação neste sábado (31), em Madri, para reivindicar a renovação da classe política na Espanha. O jornal El Pais diz que a "Marcha da Mudança" convocada pelo novo partido se transformou em "um comício político".

Militantes do Podemos lotam a praça da Porta do Sol, em Madri.
Militantes do Podemos lotam a praça da Porta do Sol, em Madri. REUTERS/Sergio Perez
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O jovem líder do Podemos, Pablo Iglesias, de 36 anos, aproveitou a recente vitória do Syriza, na Grécia, para incitar os espanhóis a uma grande mobilização, batizada de "Marcha da Mudança". Diante de milhares de manifestantes reunidos na praça da Porta do Sol, no centro de Madri, Iglesias disse que o "vento da mudança começou a soprar na Europa".

Vestido com uma camisa branca e de rabo de cavalo, Iglesias afirmou que a Espanha adotou um modelo de gestão que "faz o Estado trabalhar contra a sociedade". Ele denunciou "uma minoria que engordou suas contas bancárias, enquanto a maioria viu suas economias derreterem". E acrescentou: "isso é corrupção".

Os militantes, vindos de várias regiões da Espanha, carregavam bandeiras roxas, símbolo da esquerda republicana espanhola, e também da Grécia, em homenagem à vitória do Syriza. Foi nessa mesma praça da Porta do Sol que, em maio de 2011, nasceu o "movimento dos indignados" contra o duro programa de austeridade adotado na Espanha.

Em seu discurso, Inigo Errejon, de 31 anos, número 2 do Podemos, disse que os "privilégios romperam o pacto de coexistência" na Espanha. "Viemos aqui celebrar o fato que em 2015 o povo vai recuperar sua soberania", acrescentou.

Iglesias enviou um recado àqueles que torcem pelo fracasso do Syriza na Grécia, apostando que isso fragilizaria o Podemos: "Muitos querem vincular o destino do Podemos ao destino do governo grego. Apoiamos nossos irmãos, mas cabe a nós, espanhóis, sermos os protagonistas da nossa história. Vamos sonhar, mas acreditando seriamente nos nossos sonhos", disse o jovem secretário-geral do Podemos.

"Tique-taque, é hora da mudança"

Os militantes ouviram entusiasmados os discursos da jovem equipe do Podemos. De tempos em tempos, de braço erguido e punho cerrado, eles gritavam o slogan "Nós Podemos". Várias pessoas usavam bandanas na cabeça com o mote que já ficou famoso: "tique-taque, tique-taque, é hora da mudança", que anuncia em contagem regressiva o fim do governo do premiê conservador Mariano Rajoy.

Em visita a Barcelona, Rajoy reagiu à mobilização do Podemos dizendo que não aceita "o quadro negro que tentam pintar da Espanha". Na avaliação do premiê, "o radicalismo atualmente na moda não vai durar muito tempo".

Afinidades com o Syriza

Fundado há apenas um ano e produto da crise espanhola, o Podemos quer se impor como uma alternativa aos liberais, conservadores e socialistas, que se alternam no poder na Espanha.

Assim como o Syriza, salvo um outro histórico de formação e algumas nuances ideológicas, o Podemos denuncia os abusos do poder financeiro internacional, a política de austeridade adotada na Europa e os escândalos de corrupção protagonizados pela "casta" que governa a Espanha, segundo a retórica do partido. De acordo com Iglesias, os espanhóis foram "humilhados e empobreceram" por causa dessa política. Tanto o Podemos quanto o Syriza rejeitam os programas de ajuste fiscal impostos pela troika, formada pelo FMI, a União Europeia e o Banco Central Europeu, que afetaram as economias da Espanha e da Grécia, produzindo um forte desemprego.

Candidatos próprios nas eleições

A manifestação deste sábado acontece a poucos meses de duas eleições cruciais na Espanha. Em março, os espanhóis vão às urnas eleger novos prefeitos e presidentes de região. Em novembro, o país realiza eleições legislativas para a renovação do Parlamento e do governo. O Podemos apresentará seus próprios candidatos nos dois pleitos. Em maio passado, o partido surpreendeu nas eleições europeias ao conquistar 1,2 milhão de votos e eleger cinco deputados no Parlamento Europeu.

Nas pesquisas de intenção de voto, o partido antiliberal ultrapassa com frequência o Partido Socialista Espanhol (PSOE) e, às vezes, o conservador Partido Popular (PP) de Rajoy.

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