Comissão do Senado vota pela cassação do mandato de Berlusconi

A comissão convocada pelo Senado italiano para analisar a situação política de Silvio Berlusconi votou a favor da cassação do ex-premiê, acusado de fraude fiscal em agosto. A decisão deverá ser discutida em uma assembléia no Senado até o fim do mês. O anúncio foi feito nesta sexta-feira pelo presidente da comissão, Dario Stefano.

O líder do Partido de Centro-direita(PDL), Sílvio Berlusconi. REUTERS/Remo Casilli/Files

Em um comunicado, o presidente da comissão confirmou a decisão de invalidar a eleição de Berlusconi, depois de "analisar os argumentos de ambas as partes." Até o fim do mês, a questão será analisada novamente pelos parlamentares no Senado.

O ex-premiê tentou evitar a cassação do seu mandato pedindo aos ministros de seu partido, o PDL, que deixassem o governo, provocando uma crise política no país. Mas a manobra não deu certo: alguns membros do PDL  apoiaram o premiê Enrico Letta quando ele pediu o voto de confiança no Parlamento, na quarta-feira.

A reação dos partidários de Berlusconi foi imediata. "É uma página negra para a democracia", disse Daniele Capezzone, porta-voz do PDL.

Julgando a comissão parcial, os advogados de defesa de Berlusconi não compareceram à reunião. "Não existia nenhuma possibilidade de defesa e nenhuma razão de se apresentar diante de um organismo que já tomou sua decisão", declararam os três advogados de Berlusconi, Franco Coppi, Piero Longo e Niccolò Ghedini, em um comunicado.

O ex-chefe de governo foi acusado de fraude fiscal no dia primeiro de agosto e condenado a quatro anos de prisão por seu envolvimento no caso Mediaset, utilizando subterfúgios para dimuinuir a carga de impostos de suas empresas.

Na quarta-feira, em seu discurso no Parlamento, o chefe de governo Enrico Letta declarou que não faria nenhuma concessão a Berlusconi.  "Em um país democrático, as decisões de Justiça devem ser aplicadas, e as questões judiciárias dissociadas das políticas."

Por conta de sua idade, 77 anos, Berlusconi não irá para a cadeia, e sua pena se restringirá à prisão domiciliar e a trabalhos de interesse geral.