Hollande se diz satisfeito com saldo da viagem à China
O presidente francês François Hollande se disse satisfeito com a resposta dos chineses ao seu desejo de reequilibrar a balança comercial entre os dois países. Atualmente, o déficit do comércio exterior com a China representa 40% do déficit global francês. No último dia de sua visita à China, Hollande disse que "(os chineses) responderam perfeitamente às demandas que fizemos". Os principais propósitos da viagem eram justamente o reequilíbrio das trocas e a abertura do mercado chinês. Em contrapartida, a França acabaria com os obstáculos ao investimento chinês em seu território.
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A bordo do avião que o levava de Pequim a Shangai, nesta sexta-feira, o presidente francês afirmou que pretendia ampliar o espectro de cooperação econômica entre os dois país, hoje centrado nos setores aeronáutico e de energia nuclear, para as áreas de desenvolvimento urbano, agronegócio, saúde e tecnologia. Para Hollande, o rápido desenvolvimento econômico da China não é motivo de preocupação. Pelo contrário, "é uma oportunidade considerável", que pode "alavancar o crescimento mundial".
Para o presidente do fórum do Comitê França-China, Jean-Pierre Raffarin, que integrou a comitiva presidencial, o saldo foi positivo. "Esta visita foi muito útil e contribuirá, senão ao equilíbrio total, a uma melhora no equilíbrio das trocas econômicas", mesmo que isso seja difícil e dependa de uma negociação entre a Europa e a China. "Os investimentos chineses na França serão fortalecidos por esta visita", graças à "posição clara" de François Hollande. Ponto polêmico, a questão dos direitos humanos ficou um pouco à margem das discussões. Por isso, a resposta de Raffarin sobre o tema foi genérica: "Mesmo que a França sempre tenha uma posição ligada a seus valores, é evidente que não há, do lado chinês, a possibilidade de estabelecer um debate público sobre este assunto".
Na sexta-feira, a imprensa chinesa detalhou os diferentes acordos assinados durante a Visita de Estado, principalmente, a criação de uma usina de tratamento de dejetos nucleares em território chinês e a validação de uma encomenda, por Pequim, de aviões Airbus. Mas, em editorial, o diário local Global Times disse que a "China espera que Hollande estabeleça laços políticos sinceros".
Em termos gerais, Hollande disse desejar que a relação franco-chinesa, que é "boa", torne-se "excelente". Dentro deste cenário, ele deve apoiar a polêmica questão da internacionalização da moeda chinesa, o yuan. O estabelecimento de "uma nova ordem monetária internacional" foi o 13° de um programa de 60 compromissos que Hollande fez durante a campanha presidencial.
Em um encontro com estudantes de Shangai, o presidente francês afirmou que a Europa, "principal potência econômica do mundo" é o "maior parceiro comercial da China e o principal destino das exportações asiáticas". A Ásia, que ele qualificou de "motor do crescimento mundial", "precisa de uma economia forte na Europa". Deste pensamento, ele sacou uma "conclusão simples": "Não haverá retomada na Europa sem a China, sem a Ásia, e não haverá tampouco desenvolvimento durável na China sem a Europa".
Renault a caminho da China
Em entrevista à rede de televisão Europe 1, o presidente da montadora francesa Renault, Carlos Ghosn, disse que espera obter, até o fim de julho, o sinal verde para a implantação de sua primeira fábrica na China. O fechamento do acordo estava na pauta da Visita de Estado de François Hollande ao gigante asiático. "A Renault já tem um projeto pronto para a China e, atualmente, negocia com o governo local", disse Ghosn. De acordo com ele, a visita do presidente foi um "bom agouro" e vai "facilitar a tarefa e acelerar os acordos administrativos".
Até agora, a Renault deixou o mercado chinês para sua parceira Nissan, em um compromisso de divisão de mercados entre os dois grupos. Mas a empresa francesa decidiu iniciar uma produção local em uma nova fábrica, que ela espera construir e ativar até 2016. Basta que as autoridades chinesas aprovem o negócio.
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