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"Abrimos portas para a igualdade": Marta chora ao comentar legado durante coletiva na Austrália

Maior nome da seleção brasileira e ícone do futebol feminino mundial, Marta resistiu até onde pode para não se emocionar durante a coletiva de imprensa desta terça-feira (1°) em Melbourne, na Austrália, antes do jogo contra a Jamaica. Mas foi quando as perguntas extrapolaram o duelo decisivo que Marta bateu um bolão: "Vocês não cobriam futebol feminino", lembrou, ao ser perguntada sobre seu legado. "Minha geração não tinha como saber que isso era possível. Agora tem", destacou, entre lágrimas.

Marta, do Brasil, participa de uma coletiva de imprensa em Melbourne em 1º de agosto de 2023, na véspera da partida de futebol da Copa do Mundo Feminina entre Jamaica e Brasil.
Marta, do Brasil, participa de uma coletiva de imprensa em Melbourne em 1º de agosto de 2023, na véspera da partida de futebol da Copa do Mundo Feminina entre Jamaica e Brasil. AFP - WILLIAM WEST
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Tudo ia bem no bate bola certeiro entre a camisa 10 da seleção brasileira, Marta, e a técnica Pia Sundhage com as dezenas de jornalistas em Melbourne, na Austrália, até que duas perguntas sobre seu legado ao futebol mundial, cravado nestes últimos 20 anos, desconcertaram a alagoana nascida na pequena Dois Riachos, no nordeste brasileiro.

A reação emocionou também os jornalistas presentes no local, acostumados a vê-la tirar sarro dos repórteres com suas tiradas certeiras e bem-humoradas. "Pô, estava tudo indo bem até agora", antecipou a goleadora, antes de cair no choro.

A emoção de Marta se explica também pela grandeza do momento: o Brasil enfrenta a Jamaica em Melbourne em sua última partida da fase de grupos na quarta-feira (2), sabendo que precisa vencer para garantir sua permanência no torneio na Austrália e na Nova Zelândia. Essa pode ter sido, portanto - e torcemos para que não -, a última coletiva desta lenda do futebol brasileiro, pelo menos em Copas do Mundo.

Marta, de 37 anos - apelidada de "Pelé de saias" pelo falecido craque do futebol - já disse que esta será sua última Copa do Mundo. Ela é a maior artilheira de todos os tempos em Copas do Mundo, masculinas ou femininas, e, se aumentar sua contagem de 17 gols, será a primeira jogadora de futebol da história a marcar em seis Copas do Mundo.

"Você sabe o que é bom? Quando comecei, não havia ídolos no futebol feminino", disse ela aos repórteres na véspera da partida contra a Jamaica, com lágrimas nos olhos. "Como poderia existir, se vocês não mostravam o futebol feminino? Como eu poderia entender que chegaria à seleção nacional e me tornaria um ponto de referência?", argumentou, olhando diretamente para os jornalistas presentes.

"Agora eu saio na rua e as pessoas me param, os pais me dizem: 'Minha filha adora você, ela quer ser como você'", disse, chorando. Marta passou uma vida inteira superando obstáculos, desde uma infância de pobreza até o sexismo e, mais recentemente, a pior lesão de sua carreira. "É lógico que estou feliz em ver tudo isso, porque há 20 anos, em 2003, ninguém conhecia Marta", acrescentou, relembrando o quanto o futebol feminino evoluiu.

Não se sabe se a atacante, que nunca venceu a Copa do Mundo apesar de todas as suas conquistas, será titular contra a Jamaica. Mas ela pode ser chamada do banco de reservas pela técnica Pia Sundhage se o Brasil estiver buscando a vitória de que tanto precisa para continuar na competição.

Arma "letal"

A Jamaica está em segundo lugar, atrás da líder do Grupo F, a França. As jamaicanas não contaram com a prolífica atacante Khadija Shaw na vitória contra o Panamá, depois que ela foi expulsa pelo segundo cartão amarelo no empate de 0 a 0 com a França.

Shaw, de 26 anos, que marcou 31 gols em 30 jogos pelo Manchester City na última temporada, estará de volta para enfrentar o Brasil e poderá ter uma participação importante no jogo.

"Ela é uma arma letal, marca gols e é a maior artilheira da Jamaica", disse o técnico Lorne Donaldson. "Ela é uma líder muito boa e uma excelente jogadora de futebol". Donaldson, cuja equipe está classificada em 43º lugar no mundo, contra oito do Brasil, disse que seu time era o azarão, apesar de estar em uma posição melhor para sair do grupo.

Mas ele chamou suas jogadoras de "resilientes", acrescentando: "Sabemos que o Brasil virá atrás de nós com tudo o que tem, mas temos de estar prontos. Queremos ficar um pouco mais", afirmou.

As "Bleues", como são chamadas as jogadoras francesas, devem terminar em primeiro do grupo e são as grandes favoritas contra o Panamá.

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