Capitão contra Camarões, Daniel Alves diz que tem uma “missão” com a seleção brasileira
Jogador com mais títulos na história do futebol, Daniel Alves vai acrescentar mais um capítulo na sua brilhante carreira com a seleção brasileira. Ao entrar em campo nesta sexta-feira (2) contra Camarões com a braçadeira, o lateral direito se tornará, aos 39 anos, o jogador mais velho como capitão do Brasil em uma Copa do Mundo.
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Elcio Ramalho, enviado especial da RFI a Doha
“Para mim é um motivo de orgulho poder estar aqui. Já são muitos anos de história aqui dentro da seleção e poder encerrar esse ciclo jogando uma Copa do Mundo para mim, é uma satisfação muito grande”, frisou, em referência ao novo feito histórico.
O lateral direito foi o jogador mais contestado da lista de convocados de Tite para a Copa no Catar, e não se esquivou das várias perguntas sobre a enxurrada de críticas recebidas. “Historicamente na seleção brasileira sempre tem alguém que paga a conta. Tocou em mim porque os jogadores estão nos melhores clubes da Europa. Eu sou o único que não estou”, reagiu o jogador que atua pelo clube mexicano Pumas.
As críticas o incomodaram, mas não o deixaram totalmente surpreso, admitiu. “Não é uma coisa que me queime, é uma coisa que me incomoda, porque não sou masoquista. Tampouco não quero que as pessoas estejam por aí falando mal de mim sem ao menos me conhecer e saber da minha dedicação a essa profissão”, desabafou.
Daniel Alves lembrou os dezesseis anos de dedicação à seleção brasileira e mesmo não estando no melhor momento no seu clube, se sentiu “presenteado” pelo seu histórico com a camisa canarinha.
“São 16 anos na seleção brasileira, colocando todo o meu melhor em prol e a serviço da seleção brasileira. E a vida sempre premia, eu acho. Aquelas pessoas que amam o que fazem, aquelas pessoas que realmente se entregam de corpo e alma na sua missão. E a minha missão na seleção brasileira sempre foi essa. Acho que eu estou colhendo o que plantei durante todos esses 16 anos”, justificou.
Pandeirista
Dani Alves revelou ter recebido meses atrás uma visita de membros da comissão técnica para avaliar sua condição e lhe deram uma “missão” para poder entrar na lista de convocados. E ele diz ter se esforçado para estar em condições de integrar o grupo.
“A vida me ensinou que quando você coloca na sua mente naquilo que você quer, quando você coloca trabalho, quando você coloca dedicação, quando você coloca a proceder naquilo que você quer, ela te leva a lugares inimagináveis”, acrescentou o lateral.
Em vários momentos, Daniel Alves fez questão de reforçar a sua dedicação à seleção brasileira: “Estou a serviço da seleção brasileira. Essa é a minha missão aqui dentro. E se tiver que tocar pandeiro, vou ser o melhor pandeirista que você já viu na sua vida. Porque é assim que eu encaro a vida. Eu acho que é você entregar o seu melhor naquilo que você faz”, afirmou
Daniel Alves também deu sua versão sobre a entrada de Éder Militão e não dele na lateral direita no jogo contra a Suíça em substituição a Danilo, lesionado. “Ele é de melhor defesa. Eu sou um bom ataque, então acho que esse é o plano. Esse é o plano que nós temos traçado aqui de saber como é que joga o teu time, saber como é que vai demandar do teu serviço”, afirmou na entrevista concedida ao lado do treinador Tite.
Longevidade e técnica
Na sequência, o treinador elogiou as “qualidades técnicas impressionantes”, a dedicação nos treinos e a contribuição de Daniel Alves para o grupo.
“É por isso que ele tem essa longevidade em alto nível. A exigência dele não é física, até porque ele nunca foi um jogador físico. A exigência dele não é velocidade, até porque ele nunca foi um jogador de velocidade. É um jogador técnico na sua essência”, explicou Tite.
Classificada por antecipação para as oitavas de final, a seleção brasileira vai entrar com um time bastante alterado e com a presença de muitos reservas em campo, para poupar titulares. “É um risco, mas é a oportunidade dos atletas de terem, sim, a sua devida importância para mostrar todo o seu talento e sua qualidade”, afirmou.
A comissão técnica anunciou a equipe que irá começar o jogo, mas revelou ter apenas três duvidas: Bruno Guimarães ou Fred, no meio campo, Rodrygo ou Everton Ribeiro como homens de armação e Pedro ou Gabriel Jesus na ponta do ataque.
Na entrevista, Tite elogiou a qualidade técnica dos Camarões, que mantém uma ligeira esperança de vencer o Brasil e lutar pela classificação. O time africano tem um ponto e precisa ganhar do Brasil e torcer por uma vitória da Sérvia contra a Suíça para ter chances de conquistar a segunda vaga do grupo G.
“Para nós é como estar em uma final. Vamos lutar pelo nosso país até o fim. Não temos nada a perder”, prometeu Rigobert Song, treinador da equipe.
“Vamos jogar contra uma equipe muito forte, mas temos nossas armas”, disse o meio-campista André-Frank Anguissa.
Brasil e Camarões se enfrentam pela terceira e última rodada da fase de grupos da Copa no estádio Lusail, em Doha.
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