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Rússia contesta sua exclusão da Copa do Mundo de 2022 em tribunal esportivo

A Rússia pode ser reintegrada ao futebol europeu e à corrida pela Copa do Mundo de 2022? A Federação Russa de Futebol recorreu ao Tribunal Arbitral do Esporte para anular o banimento de seus clubes e seleções das competições da FIFA e da UEFA. O problema é que outras seleções se recusam a jogar contra o time russo. 

Partida da Rússia contra a Arábia Saudita na Copa do Mundo de 2018.
Partida da Rússia contra a Arábia Saudita na Copa do Mundo de 2018. REUTERS/Carl Recine
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Ao contestar judicialmente a sua exclusão das competições internacionais, a Federação Russa confronta o esporte mundial com suas contradições, entre a defesa aberta dos direitos humanos e a recusa em abdicar de sua neutralidade política.

Antes que o tribunal decida a disputa pelo mérito, a federação esportiva russa pede que ele suspenda a execução das sanções, ou seja, concretamente, que libere a sua seleção masculina para enfrentar a Polônia, no final de março, na partida de classificação para o Mundial de 2022, e sua seleção feminina para jogar a Euro 2022, neste verão na Inglaterra.

Porém, logo após o início da guerra na Ucrânia, a Polônia foi a primeira seleção a anunciar publicamente que se negava a jogar a partida contra a Rússia, prevista para 24 de março. 

Além da Polônia, muitas outras federações europeias se negaram a enfrentar a seleção russa. A Fifa também decidiu, na noite de terça-feira (8), sem esperar as medidas provisórias do tribunal e correndo o risco de ser desautorizada, qualificar diretamente a Polônia para a final. A próxima Copa do Mundo será realizada no Catar, de 21 de novembro a 18 de dezembro.

O Spartak Moscou, último clube russo envolvido na Copa da Europa nesta temporada, foi excluído da Liga da Europa antes de enfrentar o RB Leipzig, nas oitavas de final.

O jogador Aleksandr Sobolev, da Rússia, comemora após marcar o gol de abertura durante a partida internacional de futebol amistoso entre a Rússia e a Bulgária no Estádio Lev Yashin, em Moscou, Rússia, sábado, junho. 5, 2021.
O jogador Aleksandr Sobolev, da Rússia, comemora após marcar o gol de abertura durante a partida internacional de futebol amistoso entre a Rússia e a Bulgária no Estádio Lev Yashin, em Moscou, Rússia, sábado, junho. 5, 2021. AP - Alexander Mysyakin

Em Lausanne, tribunal esportivo abre dois processos separados

Por enquanto, o Tribunal Arbitral do Esporte, com sede em Lausanne, na Suíça, vai abrir "dois procedimentos separados", visando respectivamente a FIFA e a UEFA, associando cerca de 15 federações nacionais que se recusam abertamente a enfrentar os russos. O tribunal deverá comunicar “nos próximos dias” mais detalhes sobre o calendário e as modalidades desses recursos, bem como sobre seus possíveis efeitos suspensivos.

O tribunal, já criticado por parte do esporte ocidental nos últimos anos por sua gestão do doping russo, tem um arquivo extremamente sensível em suas mãos: uma reintegração do futebol russo criaria novas dificuldades, por falta de adversários dispostos a enfrentá-los.

Por recomendação do Comitê Olímpico Internacional (COI), os russos foram banidos até novo aviso de competições internacionais de atletismo, hóquei no gelo, rugby, basquete, ciclismo, esqui alpino ou escalada. A Rússia também foi excluída dos Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim (de 4 a 13 de março), por decisão tomada na véspera da cerimônia de abertura.

Hostilidade contra os russos

“O futebol aqui é totalmente unido e em total apoio a todos os afetados na Ucrânia. Os dois presidentes (Gianni Infantino para a Fifa e Aleksander Ceferin para a UEFA) esperam que a situação na Ucrânia melhore significativa e rapidamente para que o futebol possa voltar a ser um vetor de unidade e paz entre os povos, explicaram, conjuntamente, a FIFA e a UEFA em um comunicado de imprensa.

“Sou contra a discriminação com base na nacionalidade. Não tenho vergonha de ser russo. Tenho orgulho de ser russo. E não entendo por que os atletas têm que sofrer agora", escreveu o capitão do time de futebol russo, Artem Dzyuba, no Instagram, lamentando "a maldade e a raiva que estão sendo derramadas sobre todos os russos" e enfatizando que "a guerra é horrível". 

Enquanto as autoridades se abstiveram de justificar publicamente suas sanções, a UEFA levantou, em uma carta às suas federações, suas "sérias preocupações sobre a capacidade de garantir a segurança de todos", devido à hostilidade contra os russos de certas federações e a opinião pública, e ao fechamento do espaço aéreo.

Dono do Chelsea é afetado por sanções contra a Rússia

O oligarca Roman Abramovich, dono do Chelsea FC, está entre os sete cidadãos russos adicionados, nesta quinta-feira (10), pelo governo britânico à lista de indivíduos sob sanções pela invasão da Ucrânia, o que implica o congelamento de seus ativos e a suspensão da venda do clube que, no entanto, poderá prosseguir em todas as competições.

As sanções, que o Reino Unido já aplica a mais de 200 pessoas e entidades por vínculos com o presidente russo Vladimir Putin, incluem o congelamento de bens, a proibição de fazer transações com indivíduos e com empresas britânicas e a proibição de viajar ao país.

"Oligarcas e cleptocratas não têm lugar na nossa economia, nem na nossa sociedade", afirmou a ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss.

"Com seus laços estreitos com Putin, são cúmplices de sua agressão", acrescentou, ao anunciar uma nova lista de sete objetos de sanções que, além de Abramovich, afetam seu ex-sócio comercial Oleg Deripaska; o diretor-geral da Rosneft, Igor Sechin; e o presidente da Gazprom, Alexei Miller.

"Em vista do importante impacto que as sanções de hoje teriam no Chelsea Football Club e das possíveis repercussões, o governo publicou, esta manhã, uma licença para permitir que uma série de atividades relacionadas com o futebol continuem no clube", afirmou o governo do primeiro-ministro Boris Johnson.

Assim, o Chelsea, que é o terceiro colocado na Premier League, atrás do Manchester City e do Liverpool, poderá continuar jogando, pagar os salários de seus funcionários - jogadores e integrantes da comissão técnica incluídos -, impostos e contas referentes à sua manutenção, despesas de viagem e transferências de jogadores previamente acordadas.

A licença, no entanto, não inclui a venda de novos ingressos novas transferências de jogadores pelo clube, que venceu a Liga dos Campeões pela segunda vez, em 2021.

O objetivo da medida é "proteger a Premier League, a pirâmide do futebol em geral, os torcedores leais e outros clubes", acrescentou o governo.

(Com Farid Achache, da RFI, e AFP)

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