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Morre Lamine Diack, ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo

O senegalês Lamine Diack, ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), morreu nesta sexta-feira (3), aos 88 anos, em Dacar. Ele retornou ao país em maio, após passar vários anos detido na França depois de ser condenado por corrupção. O anúncio da sua morte foi feito pela imprensa local e confirmado por seus familiares.

Lamine Diack ficou preso na França sob acusação de envolvimento em corrupção na atribuição da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e 2020.
Lamine Diack ficou preso na França sob acusação de envolvimento em corrupção na atribuição da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e 2020. Martin BUREAU AFP/Archivos
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“Sim, meu pai acaba de ser chamado por Deus, gostaríamos que ele continuasse conosco, mas ele nos deixou. NInguém pode escapar do decreto divino”, afirmou seu filho, Papa Massata Diack, em entrevista à agência AFP.

Considerado um dos elementos centrais no esquema de corrupção visando encobrir o escândalo dos casos de doping envolvendo atletas russos, Diack foi condenado em setembro de 2020 pela justiça francesa a quatro anos de prisão, dois deles com suspensão condicional da pena, e também ao pagamento de uma multa de € 500 mil por corrupção e abuso de confiança.

Diack havia apresentado recurso contra a sentença e aguardava a data do julgamento.

Lamine Diack também foi indiciado em um segundo processo que investiga denúncias de corrupção envolvendo a atribuição dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Rio de Janeiro e de 2020 para Tóquio, além do Mundial de Atletismo de 2017. Ele teve seu passaporte confiscado e, em um primeiro momento, não pôde voltar ao Senegal.  

Com a suspensão da proibição de sua saída do território francês, Diack retornou ao seu país após o pagamento de uma caução de € 500 mil. O  clube de futebol Jaraaf de Dakar, que ele presidiu duas vezes nos anos 1970 e 2000, recolheu e pagou o montante.

 Um entusiasta do esporte

Nascido em 1933, Lamine Diack sempre foi um entusiasta do esporte. Na juventude, ele jogou futebol, vôlei, basquete e praticou atletismo.

Em 1958, ele se tornou campeão francês de salto em distância antes de se formar na Escola Nacional de Impostos em Paris com diploma em direito público. De volta ao Senegal, ele se tornou inspetor fiscal e patrimonial na administração pública.

De 1964 a 1968, Lamine Diack foi nomeado Diretor Técnico Nacional do futebol senegalês. Dez anos mais tarde, ele entrou para a política e foi eleito prefeito de Dacar de 1978 a 1980.

Paralelamente, ele construiu uma carreira no mundo do esporte. Depois de assumir a presidência da Confederação Africana de Atletismo, em 1973, ele se juntou ao Comitê Olímpico Nacional (COI), entidade que presidiu de 1985 a 2002.

Nepotismo

Em 1987, Diack se tornou também vice-presidente da IAAF. Em 1999, ele assumiu a presidência da Federação Internacional de Atletismo após a morte do italiano Primo Nebiolo. O senegalês foi o primeiro não europeu a chegar ao cargo.

Mas com o fim de seus quatro mandatos à frente da Federação, veio à tona o amplo sistema de corrupção instalado na instituição, com ramificações familiares. Seu filho, Papa Massata, ex-conselheiro de marketing da IAAF, também foi julgado em Paris por corrupção e lavagem de dinheiro no mesmo processo.

O clã Diack também foi acusado de ter atrasado a aplicação de sanções disciplinadores contra atletas russos suspeitos de doping, em troca da renovação de contratos de marketing e de transmissão pela tevê do Mundial de 2013 em Moscou.

Além disso, ele também teria tido acesso a recursos russos para financiar a oposição ao presidente Abdoulaye Wade durante a eleição presidencial de 2012 no Senegal, vencida por Macky Sall.

Após sua acusação pelo sistema judiciário francês, Lamine Diack também se demitiu como membro honorário do COI.

(RFI et AFP)

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