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Em quadro depressivo, Maradona passa bem depois de susto, mas continuará internado

Diego Armando Maradona passou por uma cirurgia de emergência para retirar um hematoma na cabeça, deixando a Argentina apreensiva durante horas. O ex-jogador vai continuar em observação pelas próximas 72 horas enquanto também se recupera de uma anemia combinada com um quadro depressivo.

Leopoldo Luque, médico pessoal de Diego Maradona, dá detalhes sobre a saúde do ex-craque na saída da clínica Ipensa, de La Plata (03/11/2020).
Leopoldo Luque, médico pessoal de Diego Maradona, dá detalhes sobre a saúde do ex-craque na saída da clínica Ipensa, de La Plata (03/11/2020). AFP
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Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

Diego Armando Maradona passou a se sentir melhor e quase recebeu alta médica, depois de realizar uma cirurgia de emergência para retirar um hematoma subdural no lado esquerdo da cabeça. A intervenção foi bem-sucedida, mas o ex-jogador continuará sob observação, conforme informou o neurocirurgião Leopoldo Luque, médico pessoal de Maradona e responsável pela operação.

"A cirurgia durou aproximadamente uma hora e vinte minutos. Foi possível retirar o hematoma subdural crônico com sucesso. Diego tolerou muito bem a cirurgia. Está no quarto de terapia. Está tudo bem", disse Luque.

As palavras tranquilizadoras do médico levaram dezenas de fãs em vigília durante toda a noite na porta da clínica a comemorarem como um gol decisivo de campeonato. Mal se ouvia como continuaria a prorrogação.

"Vamos ver a evolução dia-a-dia, mas o começo foi muito bom. Retiramos bem o hematoma e o pulso cerebral foi recuperado", explicou o médico quase à meia-noite.

Jogo de vida

Maradona entrou na sala de cirurgia às 21h05 desta terça-feira (03), na clínica Olivos, município vizinho a Buenos Aires. A operação começou uma hora depois do inicialmente previsto porque os especialistas em neurologia queriam ter mais precisões sobre o coágulo que surpreendentemente tinham detectado horas antes.

A ambulância que trouxe Maradona levou uma hora e dez minutos para percorrer os 75 quilômetros que separam Olivos de La Plata, cidade onde o ex-jogador estava internado e onde é técnico da equipe do Gimnasia y Esgrima.

A partida que Maradona jogaria ao longo do dia começou na clínica Ipensa de La Plata, onde, no começo da tarde, o médico Leopoldo Luque percebeu o coágulo, revelado pela tomografia realizada horas antes. Luque soube na mesma hora que a cirurgia era urgente. A idade de Maradona, a quantidade de remédios anticoagulantes que toma e o excesso de álcool que consome são agravantes do risco.

Maradona tinha sido internado na segunda-feira e preparava-se para deixar a clínica. A lesão cerebral contrastava com as palavras que o próprio médico tinha anunciado horas antes.

"Maradona está bem, apenas um pouco anêmico e desidratado. Passou bem a noite. Está de bom humor. A situação evolui como queríamos. Ele está consciente e quer ir embora", descrevia Luque.

Reviravolta

A mudança radical de planos obrigou a improvisar uma operação especial de deslocamento do paciente mais famoso da Argentina. A surpresa com o novo diagnóstico deixou o país apreensivo.

A expectativa nacional tinha-se diluído depois de o médico informar que Maradona tinha um quadro de "anemia e desidratação”, associado a um crescente "desânimo psicológico" que, ao longo das últimas semanas, deixou o ídolo argentino fraco, sem vontade de comer e com dificuldades para andar. Foi esse estado que o levou a ser internado para exames.

Na sexta-feira passada (30), o ex-craque tinha completado 60 anos de idade. A sua aparição pública durante poucos minutos, no estádio do Gimnasia em La Plata, deixou evidente ao país que o ex-capitão da seleção argentina não estava bem.

Maradona demonstrou dificuldades para andar e falar durante a breve comemoração que lhe prepararam no estádio.

"Percebemos um desânimo que afetou a alimentação. É um paciente complicado, difícil de tratar. Não é tão obediente quanto os outros", admitiu o médico.

Hematoma crônico

O hematoma subdural de Maradona é um coágulo de sangue de origem venosa que se acumula, aos poucos, entre o cérebro e o crânio. O sangue se derrama das veias, acumulando-se como numa bola que pressiona o cérebro. Dependendo do tamanho, pode provocar danos no tecido cerebral e no próprio cérebro.

O ex-jogador não soube identificar nem quando, nem como sofreu o impacto que lhe causou a lesão interna que lhe arrebentou os vasos sanguíneos.

O médico de Maradona especula algumas possibilidades para o traumatismo. Pode ter sido durante a prática de boxe, do qual Maradona é adepto, ou alguma bolada na cabeça. Pode também ter ocorrido quando Maradona caiu de costas do banco de treinador, durante o campeonato passado. No entanto, naquela ocasião, a tomografia e a ressonância magnética não tinham indicado a formação de nenhum edema.

O agravamento da saúde do famoso craque argentino acontece em meio a atritos familiares, angústia e solidão. "Ele está mal psicologicamente e isso repercute no corpo. Alimenta-se mal. Durante uma fase da quarentena, teve problemas e bebia demais, mas isso foi corrigido", indicou o médico Leopoldo Luque.

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