Alemanha retoma campeonato de futebol, mas sem torcida no estádio para evitar Covid-19
Com cinco jogos simultâneos, a Bundesliga se tornou neste sábado (16) a primeira grande liga europeia a retomar suas atividades. Para poder realizar a partida apesar da pandemia de coronavírus, apenas os jogadores da liga de futebol alemã tiveram que se submeter a um rígido protocolo sanitário e entraram em campo em um estádio sem torcedores.
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No horário previsto de 13h30 locais (10h30 de Brasília), o apito do árbitro foi mais perceptível do que nunca em Augsburgo, Dusseldorf, Hoffenheim, Leipzig e Dortmund, emocionando os amantes do futebol, que esperaram por mais de dois meses para poder assistir a uma partida de futebol, após a suspensão de praticamente todos os campeonatos do mundo devido à pandemia do coronavírus.
Sem cerimônia nem música, as equipes entraram em campo separadas. Não houve saudações entre jogadores, nem crianças por perto. Também não houve um aumento de adrenalina a cada ação de perigo.
Os jogadores do Schalke e do Borussia Dortmund entraram no Signal Iduna Park usando máscaras. A 'Muralha Amarela', famoso setor da arquibancada do Westfalenstadion, estava completamente vazia, sem a presença de milhares de torcedores que dão cor e vida especial a cada jogo do Borussia. No banco de reservas, cada jogador está separado por uma cadeira de distância. Já em Leipzig, que recebe o Freiburg, alguns jogadores optaram por manter as máscaras de proteção até durante o aquecimento.
Estas mesmas cenas puderam ser vistas mais cedo, com quatro jogos da segunda divisão que começaram às 11h locais (7h, horário de Brasília) e respeitaram o mesmo rigoroso protocolo sanitário. Este ambiente aguarda também o Bayern de Munique, líder da Bundesliga e que voltará a jogar no domingo.
Estádios cercados para evitar torcedores
Do lado de fora, várias viaturas da polícia estavam posicionadas, principalmente nos arredores das estações de trem, para evitar a aglomeração de torcedores dos clubes. A polícia fez um apelo público para que os torcedores permanecessem em casa durante as partidas.
"Mais vale jogos com portões fechados para frear a propagação da epidemia do que uma catástrofe sanitária", admitiu Nicole Bartelt, de 44 anos e torcedora do Borussia Dortmund, que verá o jogo de sua equipe na casa de amigos, respeitando as medidas de distanciamento exigidas pelas autoridades.
Jogadores são testados regularmente
Os jogadores e membros das comissões técnicas são submetidos a testes regularmente e tiverem que ficar concentrados e confinados por uma semana. Dois técnicos de clubes da primeira divisão alemã não puderam estar à beira do campo neste fim de semana por terem violado as regras de confinamento: Heiko Herrlich (Augsburg), que saiu do hotel para comprar pasta de dente e um creme dermatológico, e Urs Fischer (Union Berlim), que optou por abandonar a concentração devido ao falecimento de um parente.
Alemães querem dar o exemplo
"O mundo inteiro está de olho na gente", constatou na sexta-feira (15) o técnico do Bayern de Munique, Hansi Flick. "Pode ser um sinal para todas as outras ligas e pode permitir ao esporte voltar no mundo todo", continuou.
Pioneira na Europa entre as grandes ligas, a Bundesliga terá a responsabilidade de mostrar o caminho a ser seguido nas próximas semanas: o êxito ou fracasso de sua tentativa de retomar e terminar a competição pode ser determinante para os planos de outros países.
Se conseguir concluir as nove rodadas que faltam para encerrar a temporada, a Alemanha terá mostrado ao mundo que o esporte profissional de primeira linha pode sobreviver à Covid-19. Mas uma nova interrupção antes do fim transmitiria uma mensagem muito negativa.
Especialmente atentos ao que acontece na Bundesliga estão Espanha, Inglaterra e Itália, as três principais ligas europeias que desejam reiniciar seus campeonatos, embora ainda busquem a autorização de seus respectivos governos. Outros, como França, Holanda e Bélgica, suspenderam definitivamente suas atividades.
A volta do futebol "é um bom sinal", destacou neste sábado o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin. "Não é só futebol. As pessoas estão deprimidas pelo confinamento e pela incerteza. O futebol traz uma certa normalidade e energia positiva. É mais fácil ficar em casa quando se pode assistir esporte" na televisão, declarou o dirigente à emissora BeIn Sport.
Opinião público contesta retomada da Bundesliga
Na Alemanha, porém, a opinião pública não é favorável à retomada do campeonato: 56% das pessoas questionadas por uma pesquisa se disseram contra a iniciativa.
"Temos uma responsabilidade gigantesca", reconheceu na sexta-feira o presidente do Borussia Dortmund, Hans-Joachim Watzke. Sua equipe é a atual segunda colocada na tabela da Bundesliga e tentará evitar que o Bayern de Munique conquiste o título alemão pelo oitavo ano consecutivo.
Mas o principal objetivo para os dirigentes do futebol alemão é concluir o campeonato em 27 de junho, embora uma prolongação até julho não seja descartada caso o coronavírus voltar a alterar os planos.
(Com informações da AFP)
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