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Rio 2016

Medalha do tiro pode liberar pressão sobre atletas brasileiros

Tradicionalmente vem do judô a primeira subida ao pódio do Brasil, mas foi decepcionante a estreia do esporte que mais rendeu medalhas para o país em Olimpíadas. A conquista histórica de Felipe Wu inaugurou o quadro brasileiro de medalhas e deve diminuir a pressão sobre os atletas que disputam os Jogos em casa.

Torcedor brasileiro na Rio 2016.
Torcedor brasileiro na Rio 2016. REUTERS/Marcos
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Do enviado especial ao Rio de Janeiro,

Sarah Menezes, ouro, e Felipe Kitadai, bronze, em Londres 2012, eram as duas primeiras grandes esperanças de uma boa arrancada do Brasil no Rio, mas caíram nas quartas de final e na repescagem na Rio 2016.

“Seria um dia bom para o Brasil, estávamos lutando com dois medalhistas olímpicos, o que gera grande expectativa, mas nada que tira confiança no trabalho que foi realizado. Temos seis dias ainda pela frente e muita munição para queimar. Mas o dia de hoje foi realmente muito ruim”, lamentou Ney Wilson, gestor técnico de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), ao avaliar a estreia do judô na Rio 2016.

A primeira decepção veio com Sarah Menezes, que teve um bom início de competição. A piauiense, de 26 anos, passou bem pela belga Charline Van Snick mas na sequência foi surpreendida pela cubana Dayaris Mestre Alvarez e perdeu por ippon.

Na repescagem, teve uma luta muito dura com a mongol Urantsetseg Munkhbat e saiu do ginásio machucada. Ela levou uma chave de braço, teve um deslocamento no cotovelo direito, colocou-o no lugar para seguir o combate até levar novo golpe que a fez perder a luta e sair do tatame com uma luxação.

Lesionada, Sarah Menezes seguiu direto para a Policlínica da Cidade dos Atletas para tratamento, sem falar com a imprensa. O sétimo lugar da ex-campeã olímpica foi resultado de uma estratégia errada, segundo Wilson. “Taticamente ela lutou errado, talvez como cabeça de chave, ela ficou focada na espanhola (Julia Figueroa) e acabou pegando a cubana. Taticamente ela não entrou bem na luta, entrou equivocada”, avaliou.

“A Sarah teve um ciclo olímpico, mas estava numa fase ascendente e a gente esperava que ela chegasse ao pódio, ouro, prata ou bronze seria um detalhe”, completou.

Sarah Menezes levou um golpe que provocou luxação no cotovelo direito.
Sarah Menezes levou um golpe que provocou luxação no cotovelo direito. REUTERS/Toru Hanai

Derrota em menos de um segundo

Felipe Kitadai também começou bem a disputa ao passar pelo francês Walide Khyar e pelo alemão Tobias Englmaier. Mas a trajetória rumo à medalha teve como primeiro obstáculo Orkhan Safarov, do Azerbaijão, nas quartas de final. Na repescagem, o judoca brasileiro nem sequer chegou ao bronze com a derrota para o uzbeque Divorbek Urozboev.

As lágrimas ainda no tatame expressaram a imensa decepção de não ter repetido o desempenho de Londres e oferecer um “presente” para a torcida que o apoiou na Arena Carioca 2.
“Não sei se perder em casa dói mais, mas perder sempre dói”, resumiu.

O paulista de 27 anos, sétimo do ranking mundial, diz ter sido surpreendido por um judoca canhoto que lhe aplicou um golpe pela direita. “Nas quartas de final tudo é muito rápido. Estava crescendo na luta e em menos de um segundo a luta virou e eu perdi”, lamentou.

Muito abalado com a derrota, Kitadai também mostrou tristeza por não ter correspondido à expectativa do público que o incentivou das arquibancadas: “A torcida ajudou, me acolheu bastante e fiquei chateado por não ter presenteado isso com uma medalha, mas com certeza dei meu máximo e não deixei nada para trás”.

“O Kitadai se preparou muito para esta competição. Ele passou a perna para tentar uma finalizando com o braço e o juiz interpretou que aquilo foi uma projeção buscando a finalização. Acho que não foi justo, mas preciso olhar na imagem, mas a pontuação não foi correta”, avaliou Ney Wilson.

“Olímpiada tem uma magia. Os favoritos perdem, os que não são esperados ganham, faz parte do esporte, da competição. Os atletas estavam bem preparados”, disse.

Felipe Kitadai chorou depois da derrota na Rio 2016.
Felipe Kitadai chorou depois da derrota na Rio 2016. REUTERS/Toru Hanai

Alívio veio do tiro

O gestor de alto rendimento da CBJ assegurou que o fracasso do primeiro dia não vai interferir na expectativa pelo desempenho global da equipe. “A gente tem seis dias de competição e 12 disputas de medalhas. A confiança na equipe é inabalável. Eu acredito que até o final a gente vai ter um resultado positivo”, afirmou.

Lembrado que nas três últimas Olimpíadas a primeira medalha do Brasil vinha do judô, Ney Wilson relativizou o histórico e preferiu ressaltar a conquista de Felipe Wu, medalha de prata no tiro esportivo neste sábado: “O judô divide com as outras modalidades as conquistas. Não queremos ser vencedores solitários. Acho que é ótima essa conquista porque alivia um pouco. Fica mais livre para os atletas (a pressão) de ter que ganhar. Uma medalha já saiu e isso é bom”, finalizou.
 

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