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Futebol

Gianni Infantino é eleito novo presidente da FIFA

O Congresso Extraordinário realizado pela FIFA nesta sexta-feira (26), na sede da entidade, em Zurique, elegeu o suíço-italiano Gianni Infantino, 45 anos, como novo presidente da entidade. A eleição foi em dois turnos e secretário-geral da UEFA superou o então favorito xeque do Bahrein Salman bin Ibrahim Al Khalifa.

O ítalo-suiço Gianni Infantino foi eleito presidente da Fifa.
O ítalo-suiço Gianni Infantino foi eleito presidente da Fifa. REUTERS/Arnd Wiegmann
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"Temos que ser orgulhosos da FIFA. Gostaria de agradecer todos vocês, a todos os candidatos", disse Infantino ao ser aclamado como vencedor da eleição. "Quero ser o presidente de todos vocês, de todas as 209 associações", disse, visivelmente emocionado.

No primeiro turno da votação, o secretário-geral da UEFA recebeu 88 votos, contra 85 para o xeque Salman. O príncipe jordaniano Ali bin Al Hussein 28 e o francês Jérôme Champagne 7.

Sem a maioria necessária dos dois terços, ou seja, 138 votos para um único candidato, a eleição foi para o segundo turno. Com todos os candidatos ainda no páreo, Infantino recebeu 115 votos, a maioria simples exigida para o segundo turno e foi eleito. O xeque Salman recebeu 88 votos, o príncipe Ali 4,e Jérôme Champagne não recebeu voto algum.

Infantino vai substituir a Joseph Blatter, que dirigiu a instituição durante 17 anos. O suíço, reeleito em maio do ano passado em meio a um escândalo provocado pela prisão de vários dirigentes investigados por corrupção, se viu obrigado a pedir demissão. Blatter se encontra afastado do futebol devido a suspeitas de corrupção. Na quarta-feira (24), a FIFA rejeitou seu recurso para revisão da pena, e também do francês Michel Platini, presidente da UEFA, mas reduziu a suspensão de oito para seis anos.

Além dos votos das federações que compõem a UEFA, Infantino tinha o apoio declarado das confederações da América Central e do Sul, e ainda do Canadá. Os Estados Unidos, assim como a Austrália, anunciaram a preferência pelo príncipe Ali, da Jordânia.

Promessas

Quatro candidatos se mantiveram na corrida após a desistência do sul-africano Tokyo Sexwale, anunciada do início da tarde, pouco antes do início da votação.

Ex-companheiro de Nelson Mandela na prisão durante a luta contra o apartheid, Sexwale foi membro do comitê de organização da Copa do Mundo de 2010. O empresário e político jogou a toalha diante das chances remotas de vencer a eleição. "Minha campanha termina aqui, ficarei à disposição do futuro presidente", afirmou em seu discurso aos delegados.

Outros candidatos se mantiveram no páreo e tiveram 15 minutos para defender suas propostas para a entidade.

Apontado como grande favorito, o xeque Salman, de 50 anos, foi alvo de protestos em frente ao centro de convenções Hallenstadion, em Zurique. Representantes de ONGs de defesa de direitos humanos criticam o xeque por seu suposto papel na repressão às manifestações pró-democracia no Bahrein em 2011.

Membro da família real, o xeque Salman Al-Khalifa acumula os cargos de presidente da Federação de Futebol do seu país e da Confederação Mundial. "É uma prioridade para nós por uma questão de solidariedade ajudar os países pequenos", disse. "Acho importante garantir que essa organização seja dirigida com responsabilidade", declarou aos delegados.

Seu grande adversário, o secretário-geral da UEFA, Gianni Infantino, prometeu aos representantes distribuir 25% de todas as receitas da FIFA para as federações nacionais de futebol em caso de vitória. "A FIFA tem um faturamento de US$ 5 bilhões. É normal que ela não possa distribuir US$ 1,2 bilhão às federações", questionou diante dos membros do Congresso. "Há um problema nisso? Não, porque é o dinheiro de vocês e não do presidente", afirmou, sendo aplaudido com entusiasmo pelo plenário.

No período de 2011 a 2014, a FIFA faturou US$ 5,7 bilhões. Somente a Copa do Mundo no Brasil garantiu receitas de US$ 4,8 bilhões.

Cada federação afiliada à entidade recebe US$ 1 milhão em um período de quatro anos no âmbito do Programa de Assistência Financeira (PAF), criado em 1999. Outro programa, o de apoio e desenvolvimento, também transfere milhões de dólares às federações.

O príncipe Ali, da Jordânia, ex-vice-presidente da FIFA, prometeu criar uma equipe de responsáveis independentes para fiscalizar a implementação das reformas, que seria dirigida pelo ex-secretário-geral da ONU, Koffi Annan. "Acredito que vocês estão convencidos de que o passado da FIFA não deve destruir seu futuro", afirmou.

Já o ex-diplomata francês e ex-secretário-geral da FIFA , Jérôme Champagne, 56 anos, alertou em seu discurso para que as crescentes desigualdades não comprometam o crescimento do futebol. Ele martelou que havia mais campos de futebol perto do centro de convenções de Zurique do que em toda a República Democrática do Congo e insistiu em que reverter essa situação será a sua prioridade. "Agora, preciso de ajuda para cumprir com esses objetivos", disse.

Das 209 federações que compõem a FIFA, 207 votaram. Os representantes do Kuwait e da Indonésia não puderam votar porque as federações desses países estão suspensas.

Conjunto de reformas aprovadas

Antes da eleição para a presidência, o Congresso extraordinário da FIFA, aberto pela manhã, aprovou por ampla maioria uma série de reformas, consideradas as mais importantes em 112 anos de existência da federação, com o objetivo de moralizar seu funcionamento.

Os delegados reunidos no Congresso aprovaram por 179 votos a favor e 22 contra o conjunto de reformas. As novas regras trazem mudanças para dar deixar mais clara a separação entre a função política e o papel executivo da FIFA.

Enter as mudanças estão o limite de três mandatos consecutivos, que não podem passar de doze anos, para o presidente da FIFA e os membros que farão parte do novo conselho que irá substituir o atual comitê executivo. Os dirigentes também terão seus rendimentos revelados publicamente.

Um novo secretariado-geral será encarregado apenas da gestão de aspectos financeiros da federação. Já o novo conselho, que terá 36 membros eleitos pelas federações nacionais, com a presença de pelo menos seis mulheres, será responsável pelas questões políticas e estratégicas.

As duas entidades serão controladas por uma comissão de auditoria e conformidade. Ao apresentar o projeto de 62 páginas, o presidente da comissão de reformas, François Carrard, afirmou que os delegados deveriam aproveitar a oportunidade única de mudar profundamente o funcionamento e estabelecer uma nova cultura para a FIFA. “As mudanças vão permitir à FIFA entrar em uma nova era”, afirmou.

O representante da Palestina estimou que as propostas não trarão mais transparência à FIFA e também não garantem um equilíbrio de poderes dentro do conselho.

 

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