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Radar econômico

Governo da França planeja o fim da emissão de cheques

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Os cheques podem estar com os dias contados na França. Os rumores sobre o fim deste meio de pagamento já circulam no país há alguns anos, mas um projeto para a redução da emissão de cheques pode finalmente ser colocado em prática a partir de 2015. O objetivo do ministério francês da Economia é de diminuir pela metade o número de cheques emitidos até 2017.

Emissão de cheques custam € 2,5 bilhões de euros por ano para o governo francês.
Emissão de cheques custam € 2,5 bilhões de euros por ano para o governo francês. Getty Images/Peter Cade
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Por ano, cada francês passa, em média, 45 cheques, o que custa, para os bancos franceses € 2,5 bilhões de euros (cerca de R$ 8,2 bilhões). A França é, aliás, um dos países que mais emitem cheques no mundo, ao lado do Brasil e dos Estados Unidos.

Os consumidores franceses mais jovens, no entanto, utilizam cada vez mais os cartões de débito ou crédito. A cientista política Érika Campelo observa que alguns comércios parisienses vêm inclusive se recusando a aceitar pagamantos através de cheques. “Os restaurantes não gostam de receber cheques. Há poucos dias, em uma livraria, eles também se recusaram a aceitar este tipo de pagamento. Venho utilizando mais o cartão de crédito e os cheques servem apenas para pagar conta de luz, de água ou serviços médicos”, diz.

Essa diminuição é constatada ao longo dos anos. De acordo com um estudo do Banco da França, a utilização dos cheques como meio de pagamento passou de 56,6% em 1991 para 18,2% em 2010. Já os cartões foram escolhidos para 43% das transações bancárias em 2012.

Franceses são inflexíveis

O Comitê Consultativo do Setor Financeiro (CCSF) vem obtendo sucesso em substituir o cheque por transações online n o pagamento de impostos, por exemplo. Mas o órgão sofre dificuldades com uma parcela mais tradicional da população e descobriu que 11% dos franceses são inflexíveis quanto à substituição do cheque por outros meios de pagamento.

É o caso do farmacêutico Jean Paul Falipou que diz que, para manter seu comércio, é inevitável receber cheques. “Como comerciante, eu sou dependente deste tipo de pagamento. Quando meus clientes fazem compras em meses como dezembro, quando suas economias estão no limite, eles me passam um cheque e negociamos uma data futura para que ele seja debitado”, explica.

Inadimplência

Para o presidente do CCSF, Emmanuel Constans, o hábito de utilizar os cheques pré-datados é uma das grandes desvantagens deste tipo de pagamento. “Os cheques resultam em dificuldades para a pessoa física em situação frágil, por exemplo, que pagam multas para os cheques sem fundo”, lembra.

A inadimplência é a principal razão pela qual os cheques custam caro para os governos, lembra o analista de projetos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Rafael Paganotti Figueiredo, mestre em Economia e Finanças. “Ter um instrumento de pagamento que não passa por uma checagem de saldo imediato gera o risco de criar um efeito dominó na economia”.

Entretanto, para ele, a extinção do cheque está descartada ao menos nos próximos dez anos. A tradição desta forma de pagamento, que começou a ser utilizada em 1742 na Europa, pelos britânicos, e em 1826, na França, é um dos motivos. As taxas mais onerosas sobre a utilização do sistema de cartões de crédito ou débito para os comerciantes é outro motivo. “Mas é verdade que observamos que o cheque vem se tornando cada vez menos presente nas economias”, finaliza.

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