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Radar econômico

França debate salário menor para lutar contra desemprego de jovens

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Diante dos índices alarmantes de desemprego entre os jovens, uma proposta tabu voltou a circular na França, a do pagamento de um salário inferior ao mínimo, especificamente para o público de 18 a 25 anos. A ideia foi evocada pelo ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o francês Pascal Lamy, que é próximo do Partido Socialista. Mas por enquanto, o governo rejeita instaurar diferenças entre os salários.

Os jovens são os mais atingidos pelo desemprego em toda a Europa.
Os jovens são os mais atingidos pelo desemprego em toda a Europa. Getty Images/Vetta/Yuri Arcurs
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Na opinião do presidente da principal entidade patronal do país, o Medef, essa medida criaria vagas para os recém ingressos no mercado de trabalho. Pierre Gattaz considera que a França ainda não tomou todas as medidas que ajudariam os jovens a começar a vida profissional.

“Eu acho que haveria uma solução, que seria a possibilidade de entrar na empresa de maneira transitória e com um salário adaptado, que não seria necessariamente o salário mínimo. Essa seria uma solução que faria as coisas se mexerem”, afirmou. “Eu concordo com Pascal Lamy, que acha que para alguém que trabalha em uma empresa, mesmo com um salário menor, é melhor do que ficar desempregado.”

Imediatamente as declarações, feitas na semana passada, provocaram polêmica. A ministra dos Direitos das Mulheres, da Cidade, da Juventude e dos Esportes, Najat Vallaud-Belkacem, disse que a proposta está fora de cogitação. Para ela, os mecanismos existentes, como os estágios remunerados e os contratos para aprendizes, com os quais os jovens recebem de 25 a 80% de um salário mínimo.

Economistas se dividem

Atualmente, a taxa de desemprego entre os jovens é de 24,5%, mais do que o dobro do índice englobando toda a população economicamente ativa (9,8%). Na opinião do economista Gilbert Cette, especialista em mercado de trabalho do Conselho de Análises Econômicas, todas as alternativas devem ser exploradas para tentar melhorar o quadro.

“Sobre esse tipo de dispositivo, não se pode ter nenhum a priori. O índice de desemprego dos jovens está muito alto. Outros países já adotaram um salário específico para os jovens, como a Holanda, e parece que lá eles têm mais facilidade a começar a trabalhar do que na França”, lembra. “Entretanto, em um país como o Reino Unido, que também tem essa alternativa, a taxa de desemprego permanece muito alta. É por que foi feito de uma maneira diferente? Acho que são coisas que precisam ser analisadas.”

Mas na opinião do Henri Sterdyniak, do Observatório Francês de Conjuntura Econômica, a adoção de um salário mínimo inferior para uma categoria da população seria um erro de análise sobre as causas do desemprego. “O desemprego aumentou muito na França, passando de 7% para 10% em sete anos, não porque o salário mínimo aumentou, mas por causa da crise financeira, que diminuiu muito a demanda”, observa. “Não é fazendo pressão sobre os empregados que vamos sair deste quadro de baixa demanda e consumo.”

Experiências europeias

O salário mínimo na França é de 1.445,38 euros (4.463 reais). Dos 28 países da Europa, 22 adotam uma remuneração mínima para os trabalhadores. A mais baixa é na Bulgária, de apenas 174 euros (537 reais). A mais elevada é a de Luxemburgo, de 1.921 euros (5.934 reais).

Oito países adotam salários diferenciados para os jovens. A experiência mais bem sucedida é da Holanda, onde a remuneração é progressiva de acordo com a idade. O índice de desemprego entre os jovens é um dos baixos da Europa, de 11,5%, contra uma média de 20% no bloco.
 

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