Com mais de uma hora de atraso, senadores começam a votar impeachment de Dilma
O voto no Senado do processo do impeachment da presidente brasileira Dilma Rousseff começou com atraso nesta quarta-feira (11), em Brasília. Até o último minuto, vários senadores tentaram, mais vez, adiar o voto. O início da sessão contou com a presença de 63 dos 81 parlamentares.
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Silvano Mendes, enviado especial a Brasília
A sessão que analisa o parecer da Comissão do Impeachment foi aberta oficialmene às 10h da manhã, mas, durante a primeira hora, vários senadores tentaram, na fase das chamadas questões de ordem, anular o início do voto. O petista Lindbergh Farias, por exemplo, alegou que o fato de as contas públicas de 2015 não terem sido validadas já seria uma razão para suspender a sessão. Ele chegou a ameaçar acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) caso o processo continuasse.
As questões de ordem atrasaram o rito e a senadora Ana Amélia, do PP, a primeira a se exprimir, só conseguiu falar depois das 11h, ou seja, mais de uma hora após o previsto. Com um exemplar da Constituição brasileira nas mãos, ela começou sua fala lembrando que o papa Francisco pediu harmonia no Brasil.
A religião, aliás, está dando o tom das declarações dos senadores, pois o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros, disse à imprensa, antes de entrar no plenário, que espera que Deus lhe dê paciência durante a sessão.
A partir de agora, cada senador tem um total de 15 minutos para falar antes do voto. Em seguida, o relator do processo de impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG) e a defesa da presidente, representada pelo advogado-Geral da União, José Eduardo Cardozo, também terão 15 minutos para se exprimir. Se todos os presentes decidirem usar esse tempo, o voto deve avançar noite adentro.
Uma pausa foi feita para o almoço e, até meio-dia, apenas quatro senadores haviam se pronunciado. Outra pausa é prevista para para as 19h.
Segurança reforçada
Do lado de fora do Senado, mais uma vez, um esquema de segurança especial foi armado pelas autoridades. Como durante o voto do impeachment na Câmara dos Deputados, um muro, formando um corredor de um quilômetro de extensão e 80 metros de largura, foi erguido na esplanada do Planalto para separar os partidários e os opositores ao impeachment.
Até o final da manhã desta quarta-feira não houve mobilização importante de manifestantes diante do Senado. Mas como o voto acontece em dia útil, e a expectativa é que os manifestantes comecem a se reunir após o trabalho.
Opositores otimistas
Ao entrar na sessão, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), presidente da Comissão Especial do Impeachment, se mostrou otimista sobre o processo. Já considerando o resultado final favorável à destituição de Dilma Rousseff, ele falou das previsões para os próximos 180 dias. Segundo o parlamentar, a tendência agora é de estabilização do país. “A economia vive de expectativas e o novo governo vai trazer expectativas positivas”, argumentou.
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