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Após passagem de furacão Matthew, Haiti pode ter novo êxodo rural

Sem recursos, habitantes de municípios rurais devastados começam a partir para a cidade, em busca de água e comida. As autoridades locais assumem não ter recursos para convencê-los a ficar.  

Destruição no município de Coteaux, no Haiti, depois da passagem do furação Matthew
Destruição no município de Coteaux, no Haiti, depois da passagem do furação Matthew REUTERS/Andres Martinez Casares
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O primeiro avião de ajuda humanitária francesa aterrissou na manhã desta terça-feira (11) no Haiti, o país mais pobre do Caribe. Depois da passagem do furacão Matthew, 175.500 pessoas ficaram desabrigadas. A prioridade da ajuda é o departamento de Grand'Anse, no sudeste, praticamente destruído. Sessenta militares franceses estão presentes com 65,5 toneladas de materiais, alimentos e remédios. O principal objetivo da operação é fornecer rapidamente o acesso da população local à água, a fim de evitar epidemias.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, declarou hoje que é preciso uma grande mobilização da comunidade internacional diante da extensão da destruição causada pelo furacão. Cerca de 1,4 milhões de pessoas, no mínimo, precisam de ajuda em urgência, mais de 300 escolas ficaram semi-destruídas e as plantações e reservas alimentares foram dizimadas.

Na segunda-feira (10), as Nações Unidas lançaram um apelo para a coleta de US$120 milhões para ajudar o Haiti nos próximos três meses. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para as dificuldades da distribuição de ajuda devido à destruição de aeroportos e estradas; OMS enviará um milhão de vacinas contra a cólera ao país, cujo último balanço de vítimas fatais chega a 372 pessoas.

O furacão Matthew atingiu o Haiti em 4 de outubro, na categoria 4 das 5 da escala Saffir-Simpson, com ventos de até 230 km por hora. Formado na costa da Venezuela, o fenômeno atravessou o mar do Caribe e passou pela Colômbia, Jamaica, Cuba, República Dominicana (4 mortos), Bahamas e Estados Unidos (20 mortos). No domingo (10), Matthew regrediu e se transformou em tempestade.

Um novo êxodo rural se esboça no Haiti

A enviada especial da RFI, Stefanie Schüler, visitou o vilarejo de Dame-Marie, em Grand'Anse, devastado pelo furacão. Sem comida nem ajuda, a população não tem outra alternativa senão começar a partir.

"As pessoas que vivem nesses vilarejos não têm mais casa nem árvores para se abrigar, então começam a se deslocar rumo à cidade", diz Gilbert Jean, prefeito do departamento. A jornalista indaga se as autoridades locais têm meios de enfrentar um novo êxodo rural: "Não temos meios porque nós mesmos não temos como alimentá-los. Se eles vierem [...] vamos aceitá-los, mas é preciso dar-lhes comida e, se estiverem doentes, remédios. Não temos nada disso. Acabei de falar com o ministro do Interior, ele disse que há muitas coisas preparadas para Dame-Marie, mas como elas vão chegar? De barco? De avião? Não sobrou nenhuma estrada", diz o prefeito, lembrando que o tempo é fundamental: "As pessoas começam a morrer, ontem enterramos alguém que estava com desidratação e não pudemos fazer nada porque o hospital está vazio", lamenta.

 

 

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