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ONU acusa governo da Nicarágua por “aumento exponencial” de violações dos direitos humanos no país

Um painel de especialistas da ONU acusou o governo da Nicarágua pelo “aumento exponencial” das violações dos direitos humanos em 2023 no país e pediu sanções internacionais mais duras contra Manágua. A denúncia se baseia em um relatório apresentando na quinta-feira (29).

A palavra “assassino” cobre uma pintura com a imagem do presidente Daniel Ortega em Manágua, Nicarágua.
A palavra “assassino” cobre uma pintura com a imagem do presidente Daniel Ortega em Manágua, Nicarágua. AP - Esteban Felix
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O relatório do Grupo de Direitos Humanos sobre a Nicarágua diz que o governo do presidente Daniel Ortega comete “abusos e crimes” para “eliminar toda a oposição e dissuadir, a longo prazo, novas iniciativas de organização e mobilização social”.

“O governo da Nicarágua continua a perpetrar violações graves e sistemáticas dos direitos humanos, que constituem crimes contra a humanidade, por razões políticas”, afirma o documento, reiterando as críticas já apresentadas no ano passado.

No entanto, “a situação se agravou” ao longo do último ano devido à “consolidação e centralização de todos os poderes e instituições do Estado”, principalmente o poder judicial, nas mãos de Ortega e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, acrescenta.

Ortega “deve prestar contas à comunidade internacional”, declarou o presidente do grupo de especialistas, Jan Simon.

O Grupo de Peritos é um órgão independente encarregado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas de investigações. Criado em março de 2022, é responsável por realizar investigações aprofundadas sobre todos abusos cometidos na Nicarágua desde abril de 2018, quando os protestos contra o governo Ortega foram reprimidos de forma violenta, deixando 355 mortos e centenas de pessoas presas.

Prisões e deportações

Em 9 de fevereiro de 2023, o governo Ortega libertou 222 presos políticos, que foram deportados para os Estados Unidos e tiveram suas nacionalidades retiradas, acusados ​​de serem “traidores do país”. Uma semana depois, 94 dissidentes no exílio também perderam sua nacionalidade.

O bispo Rolando Alvarez, preso há anos, foi libertado em janeiro e voltou para Roma protegido por um acordo com o Vaticano. Cerca de 3.500 ONGs, muitas vezes ligadas à igreja ou como a Cruz Vermelha, foram fechadas na Nicarágua desde 2018 e seus bens foram confiscados pelo Estado.

“A centralização do poder não só garante a impunidade dos agressores, mas também prejudica os esforços para responsabilizar os culpados”, disse a especialista Ariela Peralta.

Daniel Ortega, 78 anos, no poder desde 2007 e reeleito diversas vezes em eleições disputadas, enfrenta uma onda de condenações da comunidade internacional devido a sua tendência autoritária. O grupo de especialistas da ONU incitou a comunidade internacional a “tomar medidas imediatas, incluindo o reforço das sanções contra indivíduos e instituições envolvidas em violações dos direitos humanos”.

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