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No Equador, colombianos acusados do assassinato de Fernando Villavicencio são mortos na prisão

Sábado de turbulência no Equador depois que seis colombianos, acusados ​​de matar o candidato à presidência centrista Fernando Villavicencio, foram assassinados em uma prisão de Guayaquil. Ex-jornalista e deputado, Villavicencio tinha 59 anos e era um dos favoritos ao primeiro turno das eleições presidenciais. Ele foi morto a tiros após uma reunião de campanha em Quito, em 9 de agosto, 11 dias antes da votação.

Exército equatoriano intervém em Guayas 1, onde os seis colombianos acusados da morte do candidato à presidência, Fernando Villavicencio, foram assassinados.
Exército equatoriano intervém em Guayas 1, onde os seis colombianos acusados da morte do candidato à presidência, Fernando Villavicencio, foram assassinados. AFP - GERARDO MENOSCAL
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O presidente Guillermo Lasso, em viagem privada a Nova York, e que era esperado na Coreia do Sul para uma visita oficial, anunciou no X (antigo Twitter) que retornaria imediatamente ao Equador, onde convocou uma reunião de altos funcionários de Segurança.

 

"Sem cumplicidade, sem ocultação. Aqui a verdade será conhecida", publicou ele na rede social.

Os seis colombianos haviam sido presos em flagrante durante o ataque a Villavicencio, e outro membro do grupo foi morto pelos guarda-costas da vítima. No total, cerca de dez pessoas foram presas durante a investigação que se seguiu.

“Os seis detentos que morreram” na prisão Guayas 1, em Guayaquil, “são de nacionalidade colombiana e foram acusados do assassinato do ex-candidato presidencial Fernando Villavicencio”, afirmou a administração da prisão em um comunicado de imprensa.

As autoridades forneceram poucos detalhes sobre estes assassinatos, que ocorrem poucos dias antes do segundo turno das eleições presidenciais entre Luisa Gonzalez, afilhada política do ex-presidente socialista Rafael Correa, de quem Villavicencio era um feroz oponente, e Daniel Noboa, um candidato de direita.

“Como poderíamos permitir o fortalecimento da violência que mantém o país no terror e na incerteza?”, respondeu Noboa em um comunicado de imprensa.

Para Gonzalez, existe “uma estratégia de terror que estão tentando impor aos cidadãos”.

A promotoria havia anunciado que “diante dos conflitos ocorridos na tarde de sexta-feira (6)”, militares especializados iriam entrar no setor 7 do presídio de Guayas 1, onde supostamente teria começado a rebelião, para “assumir o controle da situação”.

Massacre

Guayas 1, que abriga cerca de 6,8 mil presos, é uma das cinco prisões do imenso complexo penitenciário de Guayaquil, onde mais de 430 presos morreram, às vezes desmembrados ou queimados, desde 2021. De acordo com o governo equatoriano, a violência mortal que irrompe regularmente nas prisões se deve a lutas pela influência entre grupos rivais de tráfico de drogas.

O presidente Lasso decretou estado de emergência nas prisões em julho, o que permite o envio do exército para atuar nas unidades prisionais. Esta medida, tomada após um massacre que deixou dezenas de mortos em Guayas 1, foi prorrogada até o final de outubro.

A imprensa local afirma que o setor 7 da prisão é controlado pelo grupo Los Aguilas, uma das muitas gangues criminosas equatorianas ligadas aos cartéis de drogas colombianos ou mexicanos, como os de Sinaloa e Jalisco Nueva Generacion.

Este sêxtuplo homicídio ocorre na reta final antes do segundo turno das eleições presidenciais de 15 de outubro. A votação colocará Luisa Gonzalez, candidata do ex-presidente Correa, contra o conservador Daniel Noboa, filho de um dos empresários mais ricos do país. As últimas pesquisas mostram os dois candidatos lado a lado. O substituto de Villavicencio, Christian Zurita, também ex-jornalista, foi eliminado no primeiro turno.

Condenado à revelia

Fernando Villavicencio foi um feroz adversário de Rafael Correa, a quem mandou para o banco dos réus graças às revelações das investigações jornalísticas que realizou com Zurita. Refugiado na Bélgica, Correa foi condenado à revelia a oito anos de prisão por corrupção.

Pessoas próximas de Villavicencio, incluindo a viúva Veronica Sarauz, culparam diretamente o grupo de Correa, o acusando de ter "ligações com gangues criminosas" e de estar por trás do ataque, sem, no entanto, apresentar provas.

No final de setembro, a própria viúva de Villavicencio foi vítima de uma tentativa de assassinato. Na opinião de sua comitiva, seus guarda-costas prenderam um venezuelano armado que, em uma motocicleta, tentou atacar o carro em que ela viajava.

Antes considerado uma ilha de paz na América Latina, o Equador, localizado entre a Colômbia e o Peru, os dois maiores produtores mundiais de cocaína, foi afetado nos últimos anos por uma onda de violência sem precedentes ligada ao crime organizado e ao tráfico de drogas.

Neste país de 16,9 milhões de habitantes, a taxa de homicídios explodiu. Quadruplicou entre 2018 e 2022, alcançando o recorde de 26 assassinatos por 100 mil habitantes. Para os especialistas, esta taxa poderá subir para 40 por 100 mil habitantes em 2023.

(Com informações da AFP)

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