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Carros-bomba e dezenas de reféns refletem crise nos presídios e violência no Equador

Embora todo o Equador esteja em estado de emergência desde o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, em 9 de agosto, a onda de violência continua, alimentada por grupos do crime organizado e ligada a cartéis de drogas, especialmente mexicanos.

Presos mantêm dezenas de guardas e policiais reféns no Equador.
Presos mantêm dezenas de guardas e policiais reféns no Equador. AP - Xavier Caivinagua
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Nesta sexta-feira (1°), 50 guardas e 7 policiais continuam reféns em seis das principais prisões do país. Na noite de 30 para 31 de agosto, dois carros-bomba com botijões de gás e cartuchos de dinamite explodiram ao norte de Quito - um caso inédito na capital equatoriana -, mas, não houve vítimas. Além disso, estão em curso revoltas em seis prisões em todo o país.

O impasse entre as autoridades e as gangues criminosas continua no Equador. Após a mobilização, na quarta-feira (30) de milhares de soldados e policiais nas prisões do país para a apreensão de armas, munições e explosivos, muitos presos se revoltaram, particularmente em Cuenca, Latacunga e Azogues.

Eles protestam em particular contra a decisão do governo de transferir numerosos líderes de grupos criminosas para outras prisões do país, incluindo o 'Gordo Luís', da gangue Lobos, a segunda maior do Equador. O Estado tenta restaurar a sua autoridade nos centros de detenção dominados por grupos que disputam o controle do tráfico de drogas.

Para o correspondente da RFI em Quito, Éric Samson, tais rebeliões podem ser consideradas um novo episódio na crise do sistema prisional, já que um dos veículos explodiu em frente às instalações da administração penitenciária. Dez suspeitos, equatorianos e colombianos, foram presos pela polícia.

“Este é o primeiro ataque que ocorreu desta forma. Anos atrás era impossível imaginar ataques deste tipo no Equador, ainda mais na cidade de Quito. Na verdade, existem duas teorias por enquanto. Uma diz que se trata de uma guerra pelo controle de território entre gangues, mas a segunda hipótese é que se trata de uma medida de repressão às gangues devido às intervenções que a polícia e as Forças Armadas estão realizando nas prisões. Intervenções que têm a ver com buscas e movimentação de presos, transferências de presos de uma prisão para outra. Parece que esta segunda hipótese é a que mais se aproxima da realidade, mas ainda não existe uma versão definitiva por parte das autoridades”, explica Pablo Iturralde, membro do Centro de Direitos Sociais e Econômicos do Equador, à RFI.

3° país mais perigoso da região

“O crime e a insegurança são a principal preocupação do país. Eu diria que se pode até falar em comoção interna. É a primeira vez que temos esses níveis de violência. Em relação à região, neste momento somos o terceiro país mais perigoso e temos alguns municípios que já estão em primeiro lugar na lista das áreas mais perigosas”, enfatiza.

Diante disso, segundo ele, “as autoridades não têm mais resposta”.

“Isto tem a ver com o fato de que desde 2017 o país está num processo de austeridade fiscal e isso significou um enfraquecimento da capacidade de coordenação, planejamento e previsão da polícia e das forças militares. Por exemplo, aqui são bem conhecidos os casos em que a polícia tem que pedir aos cidadãos recursos para encher os tanques de gasolina. Ela não tem elementos para enfrentar o crime organizado. (...) Então, ainda há muita expectativa da população em relação às autoridades”, conclui Iturralde.

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