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Peru: ex-presidente Castilho ficará 18 meses preso; protestos continuam

O ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, permanecerá na prisão por 18 meses, após ser detido para ser investigado por rebelião ao tentar dar um golpe de Estado e dissolver o Congresso. Sua dentenção desencadeou protestos violentos, que acumulam 15 mortos, sob um estado de emergência nacional.

Justiça do Peru prorroga prisão de Castillo em meio a distúrbios no país
Justiça do Peru prorroga prisão de Castillo em meio a distúrbios no país REUTERS - SEBASTIAN CASTANEDA
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A decisão nesta quinta-feira (15) de um juiz da Suprema Corte, que declarou procedente o pedido do Ministério Público, baseia-se no fato de haver "perigo de fuga" do réu, que tentou buscar asilo na embaixada mexicana em Lima, após o autogolpe fracassado de 7 de dezembro. A medida se estende até junho de 2024. O período de detenção de 18 meses de prisão preventiva é uma particularidade - explica o correspondente regional da RFI, Eric Samson - do direito peruano, que é lento e muitas vezes, corrupto.

Segundo a Defensoria do Povo, duas pessoas morreram após um confronto entre manifestantes e forças de segurança no aeroporto de Ayacucho. O balanço de mortos subiu para  pelo menos15 pessoas. 

O estado de emergência declarado pelo novo governo permite às Forças Armadas participar da segurança interna. "Exigimos que as Forças Armadas cessem imediatamente o uso de armas de fogo e bombas de gás lacrimogêneo lançadas de helicópteros", disse a Defensoria.

A entidade contabilizou 340 feridos e, de acordo com a Polícia, quase metade são da sua instituição.

Os protestos mais intensos, com milhares de pessoas em todo o país, acontecem no sul, onde cinco aeroportos (Andahuaylas, Arequipa, Puno, Cuzco e Ayacucho) permanecem fechados.

Mais de cem vias estão bloqueadas, o que dificulta o transporte e o abastecimento. Cerca de 2 mil caminhões de carga da Bolívia estão retidos no sul peruano.

Em Lima, dezenas de manifestantes acampam ao redor da prisão onde está detido Castillo.

Opositores do ex-presidente afirmam que parte de seu apoio vem do Movadef, braço político do Sendero Luminoso, guerrilha maoísta que semeou o caos no Peru nas décadas de 1980 e 1990.

"Desde o dia em que Castillo assumiu a presidência já fomos considerados terroristas. Não o deixaram governar, éramos considerados ladrões, corruptos", criticou Vilma Vásquez, 42, sobrinha do ex-presidente, nas imediações da prisão. "Vamos ficar até que ele saia. Peço que as passeatas sejam pacíficas."

Os manifestantes pedem a libertação de Castillo, a renúncia de sua sucessora constitucional, a ex-vice-presidente Dina Boluarte, o fechamento do Parlamento e a realização de eleições gerais imediatas. Cerca de 300 pessoas marchavam do lado de fora da prisão, sob forte vigilância da polícia.

Os apoiadores do ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, têm uma faixa com a frase "Liberdade para o presidente Castillo, Restituição, Assembléia Constituinte" quando se reúnem fora da prisão policial onde Castillo está preso, em Lima, 15 de dezembro de 2022.
Os apoiadores do ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, têm uma faixa com a frase "Liberdade para o presidente Castillo, Restituição, Assembléia Constituinte" quando se reúnem fora da prisão policial onde Castillo está preso, em Lima, 15 de dezembro de 2022. REUTERS - SEBASTIAN CASTANEDA

Estado de emergência

Diante dos protestos, o governo de Boluarte declarou na quarta-feira (14) um estado de emergência de 30 dias.

Em cerimônia na Força Aérea nesta quinta-feira, Dina pediu ao Congresso que aprove a reforma constitucional para antecipar as eleições gerais de 2026 para 2023. "Peço ao Congresso que tome as melhores decisões para encurtar os prazos."

"Pedro Castillo continua sendo o meu presidente, mas o retiraram ilegalmente. Dina Boluarte não representa em nada o país", criticou o indígena Irineo Sánchez, que está em Lima para participar dos protestos.

O Parlamento iniciou nesta quinta-feira um debate para antecipar as eleições gerais, o que exige uma reforma constitucional. Enquanto isso, peruanos de todo o país também se concentravam ao redor da Praça San Martín de Lima, epicentro histórico dos protestos.

"Não somos terroristas. O presidente foi sequestrado. Não existe justiça, o Congresso tem que ser fechado", protestou a dona de casa Lucy Carranza, 41.

A situação também causou problemas diplomáticos para o Peru, que convocou hoje para consultas seus embaixadores em Argentina, Bolívia, Colômbia e México, em rechaço à decisão desses governos de apoiar Castillo.

(com AFP)

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