Peru: Castillo continua preso e estado de emergência é decretado em todo o país
O novo governo peruano decretou, nesta quarta-feira (14), estado de emergência em todo país por 30 dias para conter as violentas manifestações que exigem eleições gerais imediatas e a libertação do presidente deposto Pedro Castillo, após seu autogolpe fracassado. Protestos já deixaram sete mortos e 200 feridos no país.
Publicado em:
"Foi declarado estado de emergência em todo o país, devido ao vandalismo e à violência, à tomada de estradas e vias (...), que estão sendo controlados pela Polícia Nacional e pelas Forças Armadas", anunciou o ministro da Defesa, Alberto Otárola, realçando que a medida inclui "a suspensão da liberdade de circulação e reunião" com "possibilidade de toque de recolher".
O ex-presidente peruano Pedro Castillo, acusado de "rebelião" e "conspiração", permanecerá preso em uma base policial, depois que um tribunal de apelações declarou seu pedido de liberdade improcedente na terça-feira (13), enquanto os protestos continuam em todo o país.
O juiz César San Matín decidiu "declarar improcedente o recurso interposto pela defesa do réu", que pediu sua soltura antes que expirassem os sete dias de sua prisão preventiva, ocorrida na última quarta-feira.
Na sentença, o magistrado alega que existe risco de fuga, já que Castillo tentou chegar à embaixada do México para pedir asilo, depois de ser destituído pelo Congresso.
A Justiça peruana adiou para quinta-feira (15) uma audiência para decidir se aceita um pedido de prisão preventiva de 18 meses contra Castillo pelo crime de rebelião e conspiração. "A audiência foi remarcada para amanhã, quinta-feira, dia 15, às 8h30" (10h30, em Brasília), disse o juiz Juan Checkley, após aceitar os argumentos da defesa de que não recebeu da Promotoria todos os documentos do caso contra Castillo.
O ex-presidente de esquerda está detido no quartel policial da Divisão Nacional de Operações Especiais (Dinoes).
Processo contra Castillo
O Ministério Público abriu formalmente um processo contra o presidente destituído e apresentou um pedido de prisão preventiva por 18 meses na noite de terça-feira, disse à AFP uma fonte do MP.
Na audiência judicial, Castillo fez sua primeira declaração pública desde seu impeachment há uma semana: "Jamais renunciarei e abandonarei esta causa popular que me trouxe até aqui".
"Daqui quero exortar as Forças Armadas e a Polícia Nacional a depor as armas e parar de matar este povo sedento de justiça", disse Castillo.
"Nunca cometi crime de conspiração, ou rebelião", disse, dirigindo-se a San Martín, o mesmo que condenou o ex-presidente Alberto Fujimori em 2009.
Castillo foi detido pela polícia após um autogolpe fracassado e sua posterior destituição pelo Congresso, que tem um índice de rejeição de 86%, segundo pesquisas de opinião.
A vice-presidente Dina Boluarte assumiu imediatamente a chefia do Estado, conforme previsto na Constituição.
(Com informações da AFP)
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro