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Após manifestações, presidente do Peru anuncia eleições antecipadas

A presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou na madrugada desta segunda-feira (12) que apresentará um projeto de lei ao Parlamento para antecipar as eleições para abril de 2024 após as manifestações em diversas cidades do país que deixaram dois mortos.

A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou na madrugada desta segunda-feira (12) que apresentará um projeto de lei ao Parlamento para antecipar as eleições de 2026 para abril de 2024.
A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou na madrugada desta segunda-feira (12) que apresentará um projeto de lei ao Parlamento para antecipar as eleições de 2026 para abril de 2024. © Capture de tela AP
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"Interpretando a vontade da cidadania, decidi tomar a iniciativa para alcançar um acordo com o Congresso da República para antecipar as eleições gerais para o mês de abril de 2024", declarou Boluarte em uma mensagem à nação exibida pela televisão nos primeiros minutos desta segunda-feira.

A proposta implica reduzir seu mandato em dois anos e pretende aplacar a indignação da população, que exige a convocação imediata de eleições presidenciais e legislativas.

Boluarte, que assumiu o governo na última quarta-feira (7), após uma tentativa frustrada de golpe de Estado do então presidente Pedro Castillo, anunciou um estado de emergência nas áreas do país que registram protestos violentos.

"Com o mesmo sentido patriótico, anuncio a declaração de estado de emergência nas zonas de alto conflito social para recuperar pacificamente o controle da ordem interna", afirmou.

A nova presidente lamentou a morte de dois manifestantes em Andahuaylas durante a repressão policial.

Manifestações

As manifestações tomaram força em diversas cidades do norte e do sul andino em repúdio ao Congresso e também para pedir a libertação do ex-presidente de esquerda Pedro Castillo, destituído pelo Congresso e detido por ordem judicial por sete dias desde quarta-feira passada.

Na cidade andina de Andahuaylas, no sul, o Ministério do Interior informou que duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas, incluindo um policial, após confrontos violentos em uma tentativa dos manifestantes de invadir o aeroporto da cidade.

A tropa de choque da polícia foi enviada ao aeroporto para conter os milhares de manifestantes em Andahuaylas, que fica na região de Apurimac, de onde Boluarte é originária.

A delegacia de Huancabamba, uma localidade da região de Apurimac, foi incendiada, de acordo com a rádio RPP.

No sábado (10), confrontos em Andahuaylas terminaram com 16 civis e quatro policiais feridos.

Milhares de pessoas protestaram nas ruas de Cajamarca, Arequipa, Tacna, Andahuaylas, Huancayo, Cusco e Puno.

Greve pela libertação de Castillo

Enquanto isso, sindicatos rurais e organizações representativas dos povos indígenas convocaram uma "greve por tempo indeterminado" a partir de terça-feira (13) em apoio a Castillo, que vem de uma família de camponeses.

Eles exigem a suspensão do Congresso, a realização de eleições antecipadas e uma nova Constituição, assim como a libertação imediata de Castillo, informa um comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru, que reúne cerca de uma dezena de organizações.

A Frente Rural afirma que Castillo "não praticou um golpe de Estado" na quarta-feira, quando ele anunciou a suspensão do Congresso e disse que governaria por decreto, o que levou a sua destituição pelo Parlamento e a posse da até então vice-presidente Boluarte.

Em Lima, a polícia dispersou com gás lacrimogêneo, na tarde de domingo (11), uma manifestação nas proximidades do Congresso em apoio a Castillo.

A capital do país sempre rejeitou Castillo, um professor rural e líder sindical que não tinha contato com as elites peruanas, enquanto as regiões andinas expressam apoio a ele desde as eleições de 2021.

O Congresso, dominado pela direita, suspendeu uma sessão na tarde de domingo para analisar a situação do país depois de uma briga entre dois deputados.

Castillo foi detido por sua própria equipe de segurança quando seguia para a embaixada do México para pedir asilo político. O Ministério Público o acusa de rebelião e conspiração. Ele já era investigado por corrupção.

Boluarte formou um governo de perfil independente e técnico, com o ex-procurador Pedro Angulo como primeiro-ministro.

Dopado?

Ao mesmo tempo, cresce a polêmica sobre a versão de um ex-chefe de gabinete e do advogado de Castillo de que o ex-presidente estava dopado ao ler a mensagem em que anunciava sua tentativa fracassada de golpe.

Em uma carta que teria escrito na prisão, Castillo afirma que um médico e enfermeiras "camuflados" e um promotor "sem rosto" [encapuzado] o "forçaram" a fazer exames de sangue na sexta-feira e no sábado, mas ele recusou por receio a respeito de sua segurança.

O presidente do Instituto Médico Legal, Francisco Brizuela, afirmou que "a perícia [para saber se ele estava drogado] não pôde ser realizada".

(Com informações da AFP)

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