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Quais são os desafios da Aliança Amazônica defendida por Petro e Maduro?

O presidente colombiano Gustavo Petro propôs nesta terça-feira (8), na COP27, a criação de uma aliança para a proteção da Bacia Amazônica, vital para o equilíbrio do clima global. De acordo com um novo relatório da ONG WWF, o desmatamento aumentou 18% entre 2020 e 2021, apenas no Brasil. Nicolás Maduro, seu colega venezuelano, aderiu ao apelo de Petro. No entanto, além das boas intenções, interromper o desmatamento da Amazônia exigirá a suspensão de várias atividades econômicas.

Imagem de uma área queimada da reserva da Floresta Amazônica, ao sul de Novo Progresso, no estado do Pará, em 16 de agosto de 2020.
Imagem de uma área queimada da reserva da Floresta Amazônica, ao sul de Novo Progresso, no estado do Pará, em 16 de agosto de 2020. AFP
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Raphael Morán

O desmatamento está piorando na Amazônia e, para reverter essa tendência, o presidente colombiano Gustavo Petro defendeu a "revitalização da Amazônia", que descreveu como "a esponja que mais absorve CO2 no continente".

O presidente colombiano anunciou que seu país dedicará US$ 200 milhões anualmente para proteger a Floresta Amazônica. Petro recebeu o apoio de seu colega venezuelano, Nicolás Maduro, para coordenar uma iniciativa regional.

No entanto, embora o presidente colombiano tenha prometido suspender a exploração de petróleo, seu colega venezuelano busca reativar a produção de seu país através do polêmico Arco Mineiro do Orinoco (AMO) desde 2016. Um projeto de extração de minérios que cobre 70.000 quilômetros quadrados de floresta.

Se na Colômbia Petro busca avançar na transição energética, na Venezuela, ao contrário, o modelo petroleiro é exacerbado, de acordo com Antonio de Lisio, geógrafo e coordenador da Aliança para a Ação Climática na Venezuela.

“Enquanto a Colômbia - que atualmente produz mais petróleo que a Venezuela (supera os 900 mil barris diários contra menos 700 mil na Venezuela) - reduz ou não dá novas concessões, a Venezuela, no atual modelo de desenvolvimento, propicia o aumento da dependência do petróleo e da economia extrativista da mineração”, diz o geógrafo. 

“Sempre tivemos, dentro dos recursos que foram valorizados, o ouro. No entanto, nunca tivemos um megaprojeto como o Arco Mineiro do Orinoco, e o dano que está sendo causado às áreas naturais protegidas da Amazônia e da Guiana venezuelana pela mineração é inédito”, enfatiza Lisio, sublinhando que a sociedade civil pede, no Tribunal Superior de Justiça venezuelano, a "derrogação do decreto que cria o AMO". 

Maior desafio para o novo governo Lula

Para Lisio, Lula deve ser o próximo presidente a ser consultado por Petro sobre a Aliança Amazônica. 

Além da extração de petróleo e mineração na Venezuela, Equador, Peru e Colômbia, a Floresta Amazônica sofre com a extração ilegal de madeira, principalmente no Peru, e o desmatamento de corte e queima para expandir plantações e pecuária, principalmente no Brasil.

"Será o maior desafio ambiental para o presidente Lula, que começará seu mandato em janeiro", disse à RFI Ricardo Galvão, professor de física da Universidade de São Paulo e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), demitido em 2019 por divulgar dados sobre o desmatamento na Amazônia brasileira.

“Existem cerca de 29 grupos criminosos operando na Amazônia, e não apenas no Brasil. A primeira coisa que Lula deve estabelecer é uma colaboração muito forte com os presidentes da Colômbia, Bolívia e Peru para conseguir o controle de toda a atividade dos grupos criminosos. A outra parte muito importante é alcançar o desenvolvimento sustentável na Amazônia, porque ali vivem mais de 30 milhões de pessoas”, estima Galvão.

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