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Seguindo os passos da Noruega, Alemanha está disposta a desbloquear fundo de ajuda à Amazônia

A Alemanha declarou, nesta quarta-feira (2), que está pronta para retomar a ajuda financeira para lutar contra o desmatamento da Amazônia. A iniciativa segue o exemplo da Noruega, que anunciou há dois dias, após a vitória de Lula na eleição presidencial, que voltará a repassar fundos para a proteção da floresta.

Durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 70%.
Durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 70%. Dado Galdieri/Bloomberg via Getty Images
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"Em princípio, estamos prontos para liberar os recursos congelados para o Fundo de Preservação da Floresta Amazônica", disse um porta-voz do Ministério alemão do Desenvolvimento e Cooperação durante uma coletiva de imprensa. "Vamos agora discutir os detalhes com a equipe de transição [no Brasil]. Dentro do governo alemão há uma grande vontade de estender rapidamente a mão", declarou um porta-voz do ministério.

No entanto, ainda não há uma data específica para que o fundo seja desbloqueado. Segundo Berlim, o repasse da ajuda vai depender "das condições políticas" do Brasil

Em agosto de 2019, a Noruega, o principal financiador do fundo de proteção, e a Alemanha, outro grande contribuinte, decidiram cortar seus subsídios à Amazônia. Os dois países acusaram o atual presidente Jair Bolsonaro de não implementar medidas para impedir o desmatamento. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente da Noruega, US$ 641 milhões estão atualmente paralisados na conta do Fundo.

A mudança de posicionamento de Oslo e Berlim ocorre depois que o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anúnciou no domingo (30), após sua vitória, que seu futuro governo está disposto a ter um papel de vanguarda contra a mudança climática. O petista destacou que o planeta precisa de uma "Amazônia viva".

Enorme refúgio de biodiversidade e, por muito tempo, um precioso "sumidouro de carbono", a Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, agora emite mais CO2 do que absorve. Por isso, reduzir o desmatamento é uma das soluções defendidas pelos especialistas em clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês) para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, de acordo com os objetivos do Acordo de Paris.

Ambientalistas acreditam que apoio é essencial

A perspectiva de um retorno da ajuda internacional após a vitória de Lula foi bem recebida pelas ONGs de proteção do meio ambiente. No entanto, os ambientalistas temem que o presidente eleito tenha dificuldades em implementar mudanças na política adotada por Bolsonaro. 

"Estamos convencidos de que Lula tem boas intenções para a floresta amazônica quando tomar posse em janeiro, mas enfrentará uma situação política que complicará seu trabalho", disse Elle Hestnes Ribeiro, do programa para o Brasil da Rainforest Foundation Norway. "Será, portanto, dependente de ajuda internacional, e o Fundo de Preservação da Floresta Amazônica é essencial nesse sentido", afirmou.

"Em relação a Lula, nós observamos que, durante a campanha, ele enfatizou a preservação da floresta amazônica e a proteção dos povos indígenas da Amazônia", declarou o ministro norueguês do Meio Ambiente, Espen Barth Eide, na segunda-feira. "Por isso, estamos ansiosos para entrar em contato com suas equipes, o mais rápido possível, para preparar a retomada da colaboração historicamente positiva entre Brasil e Noruega", acrescentou.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 70%, um índice "escandaloso" nas palavras de Barth Eide, que disse que seu país entrou em um "confronto frontal" com o atual presidente sobre a questão. Dados oficiais também mostram que os incêndios na floresta até agora, em 2022, já superam os registrados em todo o ano de 2021.

(Com informações da AFP

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