Resultado do referendo sobre aborto no Kansas pode ser um teste para os EUA
O Kansas vai às urnas nesta terça-feira (2) para se pronunciar sobre o direito ao aborto, na primeira consulta popular sobre o assunto desde que a Suprema Corte dos Estados Unidos anulou o direito federal a esse procedimento em junho. Os cidadãos decidirão se eliminam, ou não, da Constituição desse estado conservador dos Estados Unidos o direito à interrupção da gravidez.
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A votação também é vista como um teste para o direito ao aborto em todo país, já que as legislaturas dominadas pelos republicanos se apressam em impor proibições rígidas ao procedimento, após a decisão da Suprema Corte de derrubar a sentença do caso Roe versus Wade.
Outros estados, como Califórnia e Kentucky, votarão sobre a questão em novembro, em paralelo às eleições de meio mandato ao Congresso, nas quais tanto republicanos como democratas esperam mobilizar seus defensores em todo país sobre o aborto.
No Kansas, onde as urnas abriram às 7h (9h em Brasília), a votação se concentra em uma sentença de 2019 da Suprema Corte estadual que garante o acesso ao aborto até a 22ª semana de gestação.
Em resposta, um grupo de legisladores apresentou no Congresso estadual, dominado pelos republicanos, uma emenda conhecida como "Value Them Both" (Valorize os dois), que eliminaria o direito constitucional com o objetivo de devolver aos deputados a regulamentação do procedimento.
Ativistas temem proibição local
Do outro lado, os ativistas veem a campanha como uma tentativa de abrir o caminho para uma proibição total. Um representante (deputado) estadual já apresentou um projeto de lei com o objetivo de proibir o aborto sem exceções, seja por estupro, incesto, ou risco para a vida da mãe.
A emenda é um golpe à "autonomia pessoal", afirmou Ashley All, porta-voz da campanha pró-aborto Kansans for Constitutional Freedom (Kansenses pela Liberdade Constitucional).
Os ativistas também reclamam que a folha de votação é confusa. Votar "Sim" à emenda significa reduzir o direito ao aborto, enquanto quem quer manter esta prática intacta deve votar "Não".
O resultado do Kansas pode ser um impulso, ou um golpe, para ambos os lados do debate sobre o aborto nos EUA.
O Kansas está inclinado a apoiar o Partido Republicano, que defende uma regulamentação mais rígida do aborto. Mas uma pesquisa de 2021 da Fort Hays State University descobriu que menos de 20% dos entrevistados nesse estado concordavam que o aborto deveria ser ilegal mesmo em casos de estupro, ou incesto.
(Com informações da AFP)
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