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Zelensky e Fernández conversam sobre o papel da Argentina num eventual diálogo de paz na Ucrânia

Os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Argentina, Alberto Fernández, dialogaram por telefone durante 35 minutos no começo da tarde desta sexta-feira (1°) acerca da visão da de Buenos Aires sobre o conflito bélico. Durante a conversa, Zelensky lembrou da ajuda humanitária enviada pelos argentinos, mas também da capacidade de diálogo do país latino-americano com Moscou, considerando a sua relação histórica e estável com a Rússia de Vladimir Putin.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, tem feito movimentos para aproximar Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin à procura de um espaço de mediação, aproveitando a sintonia com Vladimir Putin.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, tem feito movimentos para aproximar Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin à procura de um espaço de mediação, aproveitando a sintonia com Vladimir Putin. AP - Markus Schreiber
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

"O presidente Zelensky agradeceu ao presidente argentino as reflexões, opiniões e apoio da Argentina à qual considera um país crucial e influente na América Latina", indicou, em nota, a Casa Rosada.

Por sua parte, o presidente argentino reforçou o seu apoio a todas as negociações de paz que puderem surgir. "O presidente Fernández manteve o seu apoio à procura de um diálogo que conduza urgentemente à paz tal como fez na reunião do G7", indicou a nota do governo argentino.

Na segunda-feira passada (27), o presidente Alberto Fernández defendeu na reunião do G7, na Alemanha, a necessidade de se abrirem diálogos pela paz, enquanto as sete maiores economias do mundo preferem o aumento da ajuda militar à Ucrânia para se defender da Rússia. A Argentina acredita que essa estratégia de encurralar Putin, quer seja pela força militar, quer seja por sanções econômicas, só piora a situação.

Para Alberto Fernández, o objetivo de procurar "humilhar ou dominar" a Rússia afasta a possibilidade de paz. Além disso, o presidente argentino acredita que a imposição de sanções econômicas afeta os países mais pobres, mais vulneráveis à interrupção do comércio com a Rússia, principalmente de alimentos.

Maior ajuda humanitária da América Latina

O pedido de uma conversa entre os dois presidentes partiu de Zelensky antes da reunião do G7. O líder ucraniano aproveitou para agradecer a posição da Argentina durante o encontro.

Zelensky também transmitiu a Fernández o resumo da situação na Ucrânia através do "trágico saldo de mortes diárias e da crise humanitária". Nesse ponto, o líder ucraniano agradeceu à Argentina como o país latino-americano que mais ajuda enviou.

Buenos Aires enviou sete aviões com 62 toneladas de ajuda cada, com alimentos, medicamentos, cobertores, agasalhos e material de higiene. A ajuda foi recolhida pela comunidade ucraniana na Argentina. A diáspora conta com mais de 450 mil integrantes, o equivalente a 1% da população argentina e é, proporcionalmente, a maior da América Latina. "O presidente argentino ofereceu aumentar a ajuda humanitária se for necessário", reforçou a Casa Rosada.

A nota do governo argentino também destaca que "foi ratificado a rejeição da Argentina à invasão russa", embora o presidente argentino nunca tenha usado a expressão "condenar" e só recentemente tenha classificado o ataque russo como "invasão", optando antes por "ações militares".

Estratégia de aproximação

Alberto Fernández tem feito movimentos para aproximar Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin à procura de um espaço de mediação, aproveitando a sintonia com Putin. Em dezembro passado, a Argentina e a Rússia aprofundaram, através de uma série de acordos, a "Associação Estratégica Integral" à qual tinham chegado em abril de 2015, durante o governo de Cristina Kirchner (2007-2015).

Em 3 de fevereiro deste ano, em plena tensão entre Washington e Moscou, Fernández visitou Putin no Kremlin. Durante a reunião, o argentino disse estar “determinado a fazer com que a Argentina deixe a dependência tão grande que tem dos Estados Unidos" e ofereceu a Argentina a Putin como "a porta de entrada da Rússia na América Latina".

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