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Protestos contra alta do combustível e do custo de vida ganham força no Equador

Indígenas equatorianos bloquearam o acesso a Quito e outras rodovias do país nesta quinta-feira (16), no quarto dia de protestos contra o aumento do custo de vida, que se espalhou para outros setores. O presidente equatoriano, Guillermo Lasso, continua propondo a abertura de um diálogo com os manifestantes para pôr fim aos confrontos. 

Manifestantes indígenas bloqueiam uma rua durante protestos contra as políticas econômicas do governo de Guillermo Lasso, em Quito, Equador, quinta-feira, 16 de junho de 2022.
Manifestantes indígenas bloqueiam uma rua durante protestos contra as políticas econômicas do governo de Guillermo Lasso, em Quito, Equador, quinta-feira, 16 de junho de 2022. AP - Dolores Ochoa
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No sul da capital, onde se concentravam pequenos grupos de indígenas, policiais tentavam desobstruir as estradas, fechadas com pneus em chamas, troncos e pedras. "Estamos aqui para protestar contra o alto custo de vida. O aumento dos preços dos combustíveis nos afetou muito em nossos campos", disse José Pallo, indígena da cidade de Saquisilí.

Um caminhão que transportava manifestantes capotou na região, deixando 12 feridos, de acordo com os bombeiros. O veículo exibia uma placa que dizia "Presentes à greve! Fora Lasso!" 

O presidente equatoriano, um ex-banqueiro de direita que chegou ao poder há um ano, fez um novo apelo pela paz. "Fazemos um apelo ao diálogo pelas famílias equatorianas, pelo camponês, pela criança que quer voltar para sua sala de aula, pelo caminhoneiro que não pode seguir em frente, em uma estrada fechada", tuitou o presidente.

Lasso conversou com representantes do transporte de carga na sede presidencial, em uma reunião que ele descreveu como "positiva", após dezenas de caminhões fecharem a passagem para Quito.

"Indiferença" 

Os protestos, que teve a adesão de estudantes e professores, começaram na segunda-feira e foram convocados pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), que pede a redução para US$ 1,50 do preço do galão de diesel de 3,78 litros e para US$ 2,10 dólares a gasolina. Entre maio de 2020 e outubro de 2021, o diesel quase dobrou de valor, passando de US$ 1 para US$ 1,90. A gasolina aditivada subiu 46%, passando de US$ 1,75 para US$ 2,55.

Após três dias de manifestações, o líder da Conaie, Leônidas Iza, afirma que o Executivo não oferece garantias e que não respondeu aos pedidos dos povos originários. O governo de Lasso e a Conaie realizaram negociações no ano passado, sem resultados.

"Enquanto não tivermos essa resposta, continuamos as ações de mobilização em todo o território nacional, até que o governo acorde de sua indiferença", declarou Iza em novo discurso publicado por sua organização nas redes sociais.

Confrontos entre manifestantes e a polícia, em Quito, no Equador.
Confrontos entre manifestantes e a polícia, em Quito, no Equador. © Dolores Ochoa/AP

Reativação e perda

A Conaie, que participou de revoltas que derrubaram três presidentes entre 1997 e 2005, disse que apresentou na segunda-feira ao Executivo um documento com dez demandas. entre elas, a redução dos preços dos combustíveis, mas também a regulação do preço dos produtos agrícolas e a renegociação das dívidas que quatro milhões de famílias têm com os bancos. "Não podemos parar", respondeu Lasso. "Só temos tempo para continuar na linha de reativação" da economia, atingida pela pandemia de covid-19.

 Em 15 das 24 províncias do país foram registrados bloqueios de estradas, segundo o Serviço Integrado de Segurança ECU911. Os protestos já estão afetando o setor produtivo, inclusive o petrolífero com a paralisação de poços na floresta amazônica. O Equador produziu 481 mil barris de petróleo por dia entre janeiro e abril, segundo o Banco Central.

O ministro da Produção, Julio Prado, afirmou que os prejuízos devidos aos protestos chegam a US$ 20 milhões. Em 2019, mais de uma semana de manifestações causaram danos econômicos de US$ 800 milhões.

(Com informações da AFP)

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