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América Latina pode ser alternativa a desabastecimento em meio à crise na Europa e China, diz BID

A América Latina pode ser a solução para os problemas de abastecimento e para realocar negócios de outras regiões. A declaração foi dada nesta terça-feira (7) pelo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, durante a Cúpula das Américas.

América Latina pode ser alternativa a crise do desabastecimento causada pela guerra na Ucrânia e crise dos manufaturados na China
América Latina pode ser alternativa a crise do desabastecimento causada pela guerra na Ucrânia e crise dos manufaturados na China Getty Images
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Pelos recursos e oportunidades que oferece, "a América Latina e o Caribe podem ser uma solução para esses problemas de abastecimento, seja de manufatura na Ásia ou de alimentos e energia na Europa", declarou o executivo, que participa da reunião de Cúpula das Américas em Los Angeles, em alusão à guerra na Ucrânia, que produz grãos e combustíveis para o mundo,

"A questão é melhorar a infraestrutura", considerou Claver-Carone, destacando que os bancos centrais latinos "foram exemplares em se antecipar ao Federal Reserve" americano e tomar medidas para que "a inflação não os pegue de surpresa".

O executivo explicou que, "desde a guerra russa na Ucrânia, para todos os países da região, com exceção de Argentina, El Salvador e Bolívia, o risco-país diminuiu", enquanto o da China aumentou. "Isso nunca havia ocorrido na História", destacou.

Ucrânia é uma das maiores produtoras de cereais do mundo
Ucrânia é uma das maiores produtoras de cereais do mundo © DADO RUVIC

'Nearshoring'

Tudo isso motiva os investidores a verem nessa região um atrativo para o "nearshoring", ou transferência de seus negócios de um país para outro, considerado mais próximo ou conveniente.

Segundo Claver-Carone, "todos os dias vemos exemplos de empresas que querem se mudar da Ásia para a América Latina e o Caribe", projetos que o BID também financia. "Sim, há discórdia política, populismo de esquerdas e direitas, mas existe um consenso do empresariado para transferir suas operações", manifestou.

Claver-Carone esclareceu que sua posição "não é anti-China, mas pró-América Latina e Caribe". Segundo cálculos do BID, o ganho potencial para a América Latina e o Caribe das oportunidades de nearshoring poderia representar um aumento de até US$ 78 bilhões em novas exportações de bens e serviços.

Um grupo bipartidário de senadores apresentou na terça-feira uma resolução pedindo mais apoio às iniciativas de reshoring e nearshoring, "para realocar as cadeias de suprimentos globais nos Estados Unidos e com nossos aliados regionais no hemisfério ocidental".

A resolução destaca "os riscos para a segurança nacional e prosperidade econômica dos Estados Unidos" se continuarem dependendo "de forma desproporcional das redes de abastecimento baseadas exclusiva ou principalmente na China".

Habitante de Xangai realiza teste, em maio
Habitante de Xangai realiza teste, em maio AFP - LIU JIN

Financiamento

Claver-Carone lembrou que, em 2021, o BID bateu recordes de financiamento na região, com US$ 23,5 bilhões entregues, dobrando a média habitual da entidade. Participam dessas operações tanto o BID quanto seu braço do setor privado, BID Invest.

O governo de Joe Biden anunciou que irá propor uma "reforma ambiciosa" no Banco Interamericano "para abordar melhor o desafio de desenvolvimento da região, uma vez que o setor privado tem um papel central".

"Um aumento da participação de capital dos Estados Unidos no BID Invest enviaria uma mensagem importante de apoio à região e aumentaria os investimentos de impacto em áreas que incluem nearshoring, digitalização, clima e energias renováveis", disse Claver-Carone.

Banco Mundial reduz previsão de crescimento

O Banco Mundial reduziu drasticamente suas previsões de crescimento global para este ano devido à guerra na Ucrânia e alertou para os riscos de um "período prolongado de baixo crescimento e alta inflação", especialmente para países de baixa renda.

A instituição com sede em Washington agora prevê um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) global de 2,9%, ante a previsão de 4,1% em janeiro. 

"O resultado é um risco crescente de estagflação", acrescentou, referindo-se à combinação de inflação alta e estagnação econômica. Esta desaceleração ocorre após uma recuperação sustentada em 2021 (+5,7%) depois da profunda recessão causada pela pandemia de Covid-19.

Os economistas do Banco Mundial esperam que essa taxa de crescimento continue até 2023-2024, com a guerra na Ucrânia afetando a atividade, o investimento e o comércio no curto prazo. Isso se soma ao enfraquecimento da demanda e ao levantamento gradual das medidas de ajuda dos governos.

"Devido aos danos combinados da pandemia e da guerra, o nível de renda per capita nos países em desenvolvimento será quase 5% inferior este ano do que a tendência que havia sido projetada antes da Covid-19", aponta o comunicado.

(Com informações da AFP)

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