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Putin condiciona liberar exportação de cereais da Ucrânia à suspensão da entrega de armas a Kiev

Enquanto cresce a preocupação mundial sobre o fornecimento de grãos em razão da guerra na Ucrânia, a Rússia anunciou, neste sábado (28), “estar pronta para assegurar a exportação de cereais da Ucrânia sem entraves” em portos do mar Negro. Porém, o Kremlin alertou para a chance de uma nova "desestabilização" da situação se os países ocidentais continuarem a enviar armas para o Exército ucraniano.

Um armazém de trigo na cidade ucraniana de Luky. Em 25 de março de 2022.
Um armazém de trigo na cidade ucraniana de Luky. Em 25 de março de 2022. AP - Nariman El-Mofty
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De acordo com um comunicado do Kremlin, Putin fez as declarações em uma conversa telefônica com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, que ocorreu, neste sábado, no contexto de temores de uma grave crise alimentar devido à ofensiva russa na Ucrânia. França e Alemanha exortaram a Rússia a levantar o bloqueio do porto de Odessa, a noroeste da Península da Crimeia, para permitir o embarque de cereais ucranianos e evitar uma crise alimentar global.

Vladimir Putin declarou que as dificuldades relacionadas com as entregas de alimentos foram causadas por "uma política econômica e financeira errada dos países ocidentais, bem como por sanções contra a Rússia" impostas por esses países. O Kremlin destacou que um aumento nas entregas de fertilizantes e produtos agrícolas russos poderia diminuir as tensões no mercado internacional, "o que, obviamente, exigiria o levantamento das sanções" contra Moscou, sublinhou o presidente russo.

Rússia e Ucrânia produzem um terço do trigo mundial

Grande exportadora de cereais, especialmente de milho e de trigo, a Ucrânia teve a sua produção bloqueada devido aos combates. A Rússia, outra potência agrícola, não pode vender a sua produção de grãos e seus fertilizantes por causa das sanções ocidentais que afetam os setores financeiro e logístico. Juntos, os dois países produzem um terço do trigo mundial.

O conflito armado na Ucrânia prejudicou o equilíbrio alimentar global, levantando temores de uma grave crise que afetará os países mais pobres, especialmente na África e na Ásia. Paris e Berlim dizem ter ouvido da Rússia a promessa de conceder acesso aos navios no porto do Mar Negro para a exportação de cereais sem que o local estratégico seja explorado militarmente pela Rússia. Emmanuel Macron e Olaf Scholz também reafirmaram que qualquer solução para a guerra deve ser negociada entre Moscou e Kiev, respeitando a soberania e a integridade do território da Ucrânia.

Durante a conversa por telefone com Macron e Scholz, Vladimir Putin enfatizou, entretanto, sobre o perigo de uma desestabilização maior do conflito se os países ocidentais continuarem a “inundar a Ucrânia com armamento”, alertando para os riscos de um “agravamento da crise humanitária". De acordo com o Kremlin, a Rússia continua "aberta à retomada do diálogo" com Kiev para resolver o conflito armado. As negociações de paz com a Ucrânia estão paralisadas desde março, segundo a mesma fonte.

Paris e Berlim ainda exigiram a libertação de cerca de 2.500 combatentes da metalúrgica Azovstal, em Mariupol, que foram feitos prisioneiros de guerra pelas forças russas.

(Com informações da AFP e Reuters)

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