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Conservador Rodrigo Chaves, acusado de assédio sexual, é eleito presidente da Costa Rica

O polêmico candidato de direita Rodrigo Chaves venceu o segundo turno das eleições presidenciais da Costa Rica, no domingo (3), com 52,9% dos votos. Alvo de críticas das eleitoras costa-riquenhas, líder conservador assumirá o cargo em 8 de maio, e precisará fazer alianças no Parlamento para enfrentar a grave crise econômica no país.

O economista Rodrigo Chaves se elegeu presidente da Costa Rica com 52,9% dos votos no domingo (3).
O economista Rodrigo Chaves se elegeu presidente da Costa Rica com 52,9% dos votos no domingo (3). REUTERS - MAYELA LOPEZ
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Com informações de Natalia Olivares, enviada especial da RFI a San José, e da AFP

Aos 60 anos, Chavez será o 49° chefe de Estado da Costa Rica depois de derrotar o centrista e ex-presidente José María Figueres, que obteve 47,14% dos votos. O rival reconheceu a derrota logo após a divulgação dos dados pelo Tribunal Superior Eleitoral da Costa Rica.

A vitória do líder da direita costa-riquenha foi comemorada junto a uma multidão reunida no Passeio Coló, centro da capital San José no domingo. "Recebo com a mais profunda humildade esta decisão sagrada do povo costa-riquenho (...) Este resultado não é uma medalha ou um troféu, mas uma enorme responsabilidade", afirmou Chaves. 

"Que tragam empresários para aumentar os empregos no país. Precisamos muito disso", disse Mariza, uma simpatizante de Chaves à RFI

Assédio sexual

O segundo turno das eleições foi realizado dentro da calma, mas sem suscitar um grande entusiasmo por parte dos eleitores. Cerca de 42% dos 3,5 milhões de cidadãos aptos a votar não compareceram às urnas. 

Com a falta de interesse dos costa-riquenhos pela política, prevaleceu a escolha por um polêmico candidato, principalmente entre as mulheres. Chaves foi acusado de assédio sexual na época em que trabalhava no Banco Mundial, em 2008 e 2013, nos Estados Unidos. O economista nega qualquer responsabilidade nas denúncias, afirmando ter sido "mal interpretado por diferenças culturais". 

As acusações, no entanto, atrapalharam sua campanha, prejudicando sua imagem. "Chaves é um assediador e nós vivemos todos os dias com isso. Assediadores nos dizem coisas todos os dias nas ruas", denunciou a camareira Mirna. 

Para Angie, a eleição de Chaves coloca os direitos das mulheres em perigo. "Um assediador não me representa. Não representa meus filhos e minha família", protesta a eleitora. 

A opinião é compartilhada pela analista e jornalista Ana Isabel Chacón. "[A eleição de Chaves] vai nos levar à desintegração da democracia, das organizações sociais e sindicais e a um retrocesso nos direitos dos direitos das mulheres", afirma.

Considerado como um "outsider", sua campanha populista se concentrou nos ataques aos antigos governos e sua vontade de se afastar dos partidos tradicionais, registrando uma subida fulgurante nas pesquisas logo após o primeiro turno das eleições, em 6 de fevereiro. Um de seus alvos preferidos foi o Partido Libertação Nacional (PLN), do rival José María Figueres.

No entanto, Chavez vai precisar do centrista para conseguir criar uma aliança. Com apenas 10 deputados de seu partido, dos 57 que integram o Parlamento, Chaves pediu "humildemente" a Figueres, que obteve 19 cadeiras, que trabalhem juntos para alcançar o "milagre costa-riquenho".

Apesar de ter fundado recentemente do Partido do Progresso Social Democrata (PPSD), o conservador não é um novato na política. Sua carreira também ficou marcada pelo abandono do Ministério das Finanças da Costa Rica, depois de apenas 180 dias de função, em 2020, durante o governo do atual presidente, Carlos Alvarado. 

Foco no turismo

O plano de governo de Chaves se concentra principalmente na economia da Costa Rica. O conservador pretende primeiramente relançar o turismo - principal motor deste país líder em proteção ambiental e com abundantes recursos naturais. O setor foi gravemente abalado pela pandemia de Covid-19, contribuindo para o aumento da pobreza no país, que afeta 23% da população. 

A Costa Rica sofreu uma das maiores quedas de emprego na região entre 2019 e 2020 (-14%), junto com o Peru, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Carib (Cepal). A dívida do país equivale a 70% do seu PIB.

Chaves também promete combater a corrupção na Costa Rica, afirmando que vai "limpar a casa", em referência aos escândalos de contratos para infraestruturas públicas dos quais o país foi palco.

"A sociedade costa-riquenha não era pobre, a empobreceram. A sociedade costa-riquenha não era desigual, a tornaram desigual. Nós falamos de progredir e rejeitar o retrocesso", disse Chaves no domingo.

No entanto, apesar dos contratempos, a Costa Rica lidera o ranking na América Latina dos países "mais felizes" do mundo, segundo o mais recente World Happiness Report

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