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Costa Rica vai às urnas em meio à apatia política e crise econômica

Não há favorito para vencer a eleição presidencial deste domingo (3) na Costa Rica, disputada entre o ex-presidente, José María Figueres, e o ex-ministro da Economia, Rodrigo Chaves. É muito provável que o candidato escolhido não consiga a maioria parlamentar, pois espera-se uma vitória por uma margem muito pequena.

Os costarriquenhos não mostram muito entusiasmo pelas eleições presidenciais, em frente ao Tribunal Superior Eleitoral, em San José. Em 3 de abril de 2022.
Os costarriquenhos não mostram muito entusiasmo pelas eleições presidenciais, em frente ao Tribunal Superior Eleitoral, em San José. Em 3 de abril de 2022. © Natalia Olivares RFI
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Natalia Olivares, enviada especial da RFI à Costa Rica

A votação deste domingo é difícil para os costarriquenhos, já que o duelo é entre o ex-presidente, José María Figueres, acusado de ter recebido US$ 900 mil da empresa francesa Alcatel em troca de contratos públicos, e o ex-ministro da Economia, Rodrigo Chaves, que renunciou ao cargo no Banco Mundial sob alegações de assédio sexual.

Diante da escolha entre esses dois candidatos, os eleitores não estão muito motivamos, conforme conta Estefany, moradora de um dos bairros mais pobres da capital. Ela garante à reportagem que não vai votar. "Na Costa Rica, os presidentes, sejam eles quais forem, se apresentam bem no início de seu mandato e depois se esquecem dos pobres. Sempre dão ajuda ao setor do turismo, mas não a nós, os pobres, que não temos água e nem estradas", diz.

Ana Isabel Chacón, jornalista costarriquenha acostumada a cobrir as eleições, nota o crescente desinteresse dos eleitores, especialmente dos jovens. "Antigamente, os jovens vinham fazer barulho pelo seu partido político nesta rotatória, nos arredores de San José. Era uma festa eleitoral, os veículos buzinavam. Hoje, porém, está quase vazio”, diz. “Veja: há apenas um punhado de militantes. Isso é inédito e mostra que esta data eleitoral é triste", acrescentou, ao microfone da RFI.

Para ela, isso também é uma prova de que “há uma real desilusão do eleitorado em um país com longa tradição política e trajetória democrática”. A tristeza por essa falta de alternativa política é tanta que ela decidiu ir votar vestida de luto.

De acordo com as últimas pesquisas, 18% dos eleitores estavam indecisos. Esta situação também preocupa uma eleitora entrevistada na periferia da capital. “O fato de as pessoas não irem votar é um perigo que pode afundar a Costa Rica, como já se viu em países vizinhos, como a Nicarágua”, diz.

“Entre ladrão e assediador”

Nas ruas de San José, a enviada especial da RFI conversou, ainda, com Susana. A eleitora agitava uma bandeira branca e verde, que são as cores do centrista José María Figueres. "Entre um ladrão e um assediador, acho melhor votar no ladrão, porque as pessoas estão acostumadas a serem roubadas, não assediadas."

A apatia também é palpável na voz de Elio Azofeifa, um taxista de 70 anos que vive em Quepos, uma estância balneária na costa do Oceano Pacífico, onde o turismo sofreu uma onda de falências como resultado da crise sanitária. Ele vende mantimentos para superar a falta de receita e ainda não sabe em quem votar, pois já mudou de ideia duas vezes.

"Se votar, vou votar por Chaves, porque José María Figueres já provou que era capaz de roubar do povo. Por outro lado, o candidato conservador, ex-membro do Banco Mundial, poderia cumprir suas promessas. Pelo menos há essa esperança", conclui.

País mais feliz da América Latina

Classificada como “o país mais feliz da América Latina” no último Relatório Mundial da Felicidade, a Costa Rica vive eleições em meio à grandes preocupações econômicas. A dívida externa chegou a 70% do PIB e a pobreza alcança 23% da população, número inédito no país.

Conhecida como “a Suíça da América Central” por sua próspera economia, o país passa por uma grave crise ecológica e econômica, agravada pela pandemia de Covid-19. O desemprego atinge níveis recordes, entre as piores taxas do continente, juntamente com as do Peru.

Dívida externa, pobreza e desemprego serão algumas das questões urgentes que o próximo presidente terá que enfrentar.

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