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Crise no Facebook: ex-funcionária é recebida como heroína no Senado americano e pede mudanças na lei

Os jornais franceses desta quarta-feira (6) estão seguindo de perto a crise do Facebook. O diário econômico Les Echos traz em destaque o depoimento da ex-funcionária da empresa, Frances Haugen, analisando as consequências para o grupo. Le Monde e Le Figaro seguem a mesma linha.

A ex-funcionária do Facebook Frances Haugen testemunha durante uma audiência do Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado no Capitólio, 5 de outubro de 2021, em Washington.
A ex-funcionária do Facebook Frances Haugen testemunha durante uma audiência do Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado no Capitólio, 5 de outubro de 2021, em Washington. Jim WATSON AFP
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O Facebook tem enfrentado nos últimos dias um dilúvio de informações negativas. Após uma série de publicações no Wall Street Journal, que acusava a empresa de prejudicar a saúde mental de adolescentes, uma ex-funcionária do grupo californiano testemunhou na terça-feira (5) diante do Senado dos Estados Unidos. Essa audiência ocorreu um dia depois de um apagão massivo que afetou o Facebook, mas também suas subsidiárias Instagram e WhatsApp.

Frances Haugen, de 37 anos, trabalhou para o Facebook por quase dois anos, em uma equipe dedicada ao monitoramento da contra-espionagem. Antes de deixar o grupo, ela consultou e baixou documentos produzidos por outras equipes, que eram de acesso livre a todos os colaboradores. Entre esses papéis, estão estudos internos concluindo que o Instagram - uma das subsidiárias do grupo - pode causar danos à saúde mental de adolescentes, principalmente garotas.

Mais prejudicial que TikTok e Snapchat

Os estudos em questão foram publicados na íntegra pelo Wall Street Journal, depois que o Facebook se recusou a divulgá-los. Um deles se concentra em um pequeno grupo de adolescentes nos Estados Unidos e sugere que o Instagram é mais prejudicial à auto-imagem de adolescentes do que outras redes sociais, incluindo TikTok ou Snapchat. A rede social seria usada com mais frequência para compartilhar fotos de corpo inteiro com as quais garotas se comparam, ou utilizam para mostrar sua riqueza e status social.

Depois de ter participado das investigações do Wall Street Journal, Frances Haugen decidiu, na semana passada, sair do anonimato. Ela foi saudada como uma heroína pelo Senado dos Estados Unidos.

"Raramente vi ou ouvi uma testemunha tão crível e convincente sobre uma questão tão espinhosa", disse Richard Blumenthal, um senador influente citado pelo New York Times. “Frances Haugen quer consertar o Facebook, não destruí-lo."

Zuckerberg reage

O próprio cofundador e principal acionista da empresa, Mark Zuckerberg, reagiu. “No centro dessas acusações está a ideia de que priorizamos os lucros em vez da segurança e do bem-estar. Simplesmente não é verdade ”, disse ele em uma longa postagem em sua página do Facebook.

No entanto, o grupo disse estar pronto para trabalhar com as autoridades para definir novas regras sobre o funcionamento da internet. “Nós concordamos em uma coisa", disse o porta-voz do Facebook, "é hora de criar novas regras de funcionamento da internet”. “Já se passaram 25 anos desde que essas normas foram atualizadas e, em vez de pedir que a indústria faça escolhas sociais, é hora de o Congresso agir."

Mudança na lei

O porta-voz se refere à reforma do artigo 230, texto de 1996 que permitiu o desenvolvimento de plataformas nos Estados Unidos ao estabelecer que não são legalmente responsáveis ​​pelo conteúdo publicado por seus usuários. O Facebook vem defendendo há algum tempo uma reforma deste texto.

A rede social já conta com equipes dedicadas à moderação de conteúdo, ainda que alguns críticos deplorem a falta de recursos.

Frances Haugen, que denunciou o Facebook, quer ir mais longe. Ela pede em particular para forçar as plataformas a serem transparentes sobre seu algoritmo. Este último também pode levar o usuário a clicar no link antes de compartilhar um artigo, a fim de reduzir a quantidade de desinformação que circula nas redes. Ela sugere, finalmente, que o Instagram estabeleça um limite de idade em "16 ou 18 anos", em vez de 13, e dedique recursos suficientes para aplicar a regra.

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