Manifestantes em Cuba contam presos às dezenas e buscam desaparecidos em meio a cortes de internet
Em um país em que as manifestações contra o governo são proibidas, o protesto de milhares de cubanos pelas ruas de todo o país no último domingo (11) escancarou a ferida de anos de crise econômica e política na ilha caribenha. Em resposta, o governo do Partido Comunista multiplicou as prisões.
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Os manifestantes contam, até agora, 151 nomes entre presos e desaparecidos, entre eles conhecidos opositores do regime cubano e jornalistas.
🚨 El régimen está usando su máquina de represión contra el pueblo que exige #LIBERTAD.
— CUBADECIDE (@CUBADECIDE) July 13, 2021
Fuente: Centro de Denuncias - FDP#SOSCuba #PatriayVida #Cuba #AbajoLaDictadura #CubaDecide pic.twitter.com/uyKGFhY0IB
Ao menos um homem de 36 anos morreu enquanto participava de um protesto na periferia de Havana na segunda-feira (12). O Ministério do Interior confirmou a morte e afirmou que houve conflitos entre manifestantes e policiais nesse dia.
Entre os grupos opositores que se organizaram pela internet, fala-se em até cinco mortos. Os números, no entanto, são incertos. Durante os protestos e nos últimos três dias, aumenta o número de desaparecidos ligados ao movimento opositor relatados. Entre eles, figuras conhecidas da dissidência cubana, como José Daniel Ferrer, Manuel Cuesta Morua e o líder das Damas de Branco, Berta Soler, assim como o artista de protesto Luis Manuel Otero Alcantara.
O governo não confirma a identidade dos presos, o que dificulta o esclarecimento da situação dos desaparecidos.
El artista @LMOAlcantara se encuentra preso en #VillaMarista desde el 11 de julio por haber intentando llegar a las manifestaciones pacíficas de ese día. En el mismo centro del terror se encuentra Hamlet Lavastida.#SosCuba #Ni1presoPoliticoMás pic.twitter.com/5stmKWlriR
— YanelysNu (@yanelysnu) July 14, 2021
Cortes de internet
Algumas pessoas que transmitiram informações para fora do país foram presas, como a jornalista independente e correspondente do jornal espanhol ABC, Camila Acosta. Ela é acusada de "desordem pública", ofensas puníveis com três a seis anos de prisão.
Na manhã desta quarta-feira (14), o site jornalístico Proyecto Inventario começou a levantar informações sobre os cortes de internet em toda a ilha. Há relatos de pessoas que ficaram mais de 24 horas sem acesso a qualquer tipo de conexão.
Alguns conseguem manter valendo-se de VPNs, para conectar à internet como se estivessem em outro país –mesma estratégia utilizada por opositores na China ou em Mianmar.
¿Cómo amaneció tu conexión a internet? ¿Te funcionan los datos móviles, 3G, 4G, Nauta hogar, puntos wifi? ¿Redes sociales, con o sin VPN? Danos los detalles y menciona tu municipio.#ReportoApagonETECSA pic.twitter.com/rChR7Hig40
— invntario (@invntario) July 14, 2021
Acusação de intervenção externa
Desde domingo, o governo cubano tem tentado minimizar o movimento social. O governo justifica as dificuldades econômicas do país com o embargo dos Estados Unidos e acusa os manifestantes de seguirem pressão estrangeira.
"Em 11 de julho não ouve em Cuba uma explosão social, não houve pela vontade de nosso povo e o apoio de nosso povo à revolução e ao governo", afirmou o ministro de Relações Exteriores Bruno Rodríguez, durante uma coletiva de imprensa na terça-feira (13). Rodríguez acusou o governo dos EUA de estar por trás dos protestos e manter uma campanha pela internet contra o Partido Comunista de Cuba.
O presidente chegou a publicar que o governo "não vai oferecer a outra face a quem o ataca em espaços virtuais e reais. Evitaremos a violência revolucionária, mas reprimiremos a violência contrarrevolucionária".
La #RevoluciónCubana no va a poner la otra mejilla a quienes la atacan en espacios virtuales y reales. Evitaremos la violencia revolucionaria, pero reprimiremos la violencia contrarrevolucionaria. Quien ataca a los agentes del orden ataca al país #SomosCuba pic.twitter.com/7lLPk30wcV
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) July 12, 2021
Nas ruas de Havana, nesta quarta, era possível perceber um aumento no número de policiais em torno do Parlamento.
Enquanto Diaz-Canel evita encarar o problema que deu origem ao descontentamento popular, os opositores anunciam uma nova manifestação para o próximo domingo (18).
(Com informações de Domitille Piron, correspondente da RFI em Havana, e da AFP)
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