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Senado da Colômbia rejeita moção de censura contra ministro da Defesa e protestos continuam

O Senado da Colômbia rejeitou nesta quinta-feira (27) uma moção de censura contra o ministro da Defesa, Diego Molano. A proposta tinha sido apresentada pela oposição diante dos abusos policiais durante os protestos que eclodiram há um mês contra o governo.

O presidente colombiano Iván Duque (centro) em veículo militar ao lado do ministro da Defensa, Diego Molano.
O presidente colombiano Iván Duque (centro) em veículo militar ao lado do ministro da Defensa, Diego Molano. EFRAIN HERRERA Presidencia de Colombia/AFP
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A Câmara Alta do Congresso colombiano votou contra o pedido de suspensão das funções do ministro Diego Molano. Por 69 votos contra e 31 a favor, a demissão do titular da Defesa foi rejeitada.

O Senado "expressou seu apoio aos soldados e policiais que dão suas vidas pela Colômbia", declarou Molano no Twitter. É "um voto de confiança (...) para continuar atuando contra a violência e os bloqueios" nas estradas, acrescentou.

Na Colômbia, a polícia é subordinada ao Ministério da Defesa. Por isso, a oposição considera o ministro responsável pela repressão violenta ao movimento social de contestação ao presidente Iván Duque. A mobilização popular, que completou um mês nesta quinta-feira (27), já deixou 43 mortos (dois deles policiais) e mais de 2.000 feridos, segundo a procuradoria e o ministério. Entretanto, esses números são considerados subestimados pela sociedade civil.  

O senador de oposição Iván Cepeda, um dos promotores do processo legislativo contra Molano, conversou com a RFI durante a votação. Para Cepeda, “os abusos de autoridade por parte de alguns membros da força pública são da responsabilidade direta do governante que chefia o Ministério da Defesa”. Foram registrados 3.155 casos de violência policial em 26 dias, segundo dados da Temblores, ONG especializada na ação das forças de segurança.

Cepeda relatou que além de rejeitarem a moção de censura ao ministro, dez senadores da Segunda Comissão, encarregada de analisar questões militares, aprovaram um pedido de promoção do diretor da Polícia Nacional, general Jorge Luis Vargas. A proposta foi encaminhada por Molano e deverá ser avaliada na semana que vem em plenário. No momento da votação, três senadores da oposição, entre eles Cepeda, deixaram a sala. 

Cepeda acredita que a rejeição da moção de censura vai intensificar a mobilização social. "Servirá de estopim para mais indignação por parte dos manifestantes, que vão pensar que o governo não escuta o que o povo pede”. Para o senador, o Congresso também sai desgastado da votação e perde credibilidade, pois "aparece como uma instância cúmplice da impunidade e da violação dos direitos humanos”.

O representante da oposição também condena que dois protagonistas da violência sejam "um premiado com um estímulo em sua carreira e o outro ratificado em seu cargo”. "Isso envia uma péssima mensagem à comunidade internacional", acredita. Cepeda é enfático: “Tanto Molano quanto o general Vargas são responsáveis ​​por uma série de crimes contra a humanidade ocorridos no último mês de mobilização".

Segundo a ONG Human Rights Watch, 63 pessoas morreram em circunstâncias que poderiam indicar responsabilidade direta da polícia, ressalta o senador. Na avaliação do parlamentar, “na Colômbia existe uma violência organizada que fez dos jovens inimigos internos do país”.

"Jovens se tornam inimigos internos"

Desde 28 de abril, dezenas de milhares de colombianos saem às ruas para rejeitar um aumento de impostos proposto pelo presidente Iván Duque como forma de conter a deterioração econômica causada pela pandemia. Embora o presidente conservador tenha retirado o projeto do Congresso, a violenta repressão aos protestos por parte da polícia, condenada pela comunidade internacional, gerou revolta.

Em Bogotá, Cali e cidades intermediárias, localizadas principalmente no oeste do país, as manifestações pacíficas durante o dia regularmente se transformam em distúrbios noturnos. Apesar da avalanche de vídeos que parecem culpar os uniformizados, o governo se fecha atrás das forças de segurança e acusa grupos armados de se infiltrarem nos protestos.

Molano, nomeado para o cargo em fevereiro, após a morte por Covid-19 de seu antecessor, insiste em acabar à força com os bloqueios de estradas. Os manifestantes pedem que a polícia deixe de responder ao Ministério da Defesa, em meio a um conflito armado interno que já dura quase seis décadas.

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