Biden já experimenta problemas que serão recorrentes no seu governo: China e Rússia
Antes de completar uma semana no cargo, o presidente Joe Biden ainda segue com as nomeações dentro do governo. Independentemente disso, o foco está no controle da pandemia, que ainda está difícil e matando milhares de americanos. O processo de vacinação, apesar de bem melhor do que vários países (como o Brasil, por exemplo), ainda está aquém do necessário para frear o avanço do vírus antes da expansão das novas variantes já identificadas do Covid-19.
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Thiago de Aragão, de Washington
Em relação à China, o movimento chinês de mandar caças no espaço aéreo taiwanes, levou os EUA a reforçarem seu compromisso de defender a ilha no caso de uma invasão chinesa. Por mais que a invasão ainda seja vista como remota, o movimento chinês é um dos pontos mais altos de provocação em relação à Taiwan nos últimos anos.
Isso não deve mudar a postura de Biden de buscar uma solução comercial com os chineses e focar o embate em outras áreas: direitos humanos e propriedade intelectual. De qualquer forma, o Mar do Sul da China e a situação em Taiwan permanecerão na agenda e atraindo toda a atenção do governo americano.
A Rússia também movimentou a Casa Branca nos últimos dois dias. A prisão de Alexei Navalny enquanto desembarcava em Moscou desencadeou uma série de protestos em quase 50 cidades russas e levou mais de 3 mil pessoas à prisão. Biden não terá a mesma leniência com o presidente russo Vladimir Putin que seu antecessor teve, mas as manobras de pressão são limitadas à sanções, já que a União Européia não está disposta a ter uma escalada com seu principal fornecedor de gás.
O presidente polonês, Andrzej Duda pediu que países de toda a Europa (e consequentemente OTAN) aumentem as pressões em cima do governo de Putin. No entanto, dificilmente seu apelo será atendido.
Disputas militares e tecnológicas
Biden já está experimentando dois problemas que serão recorrentes na sua administração: a China e a Rússia. O primeiro não cessará as pressões em cima de Taiwan e não abrirá mão de seu desenvolvimento tecnológico por conta da narrativa de propriedade intelectual.
A corrida por determinadas tecnologias, principalmente ligadas a computação quântica e inteligência artificial será intensa nos próximos anos e trará impactos profundos para os países que se colocarem na dianteira. Militarmente, a aplicação dessas tecnologias poderá equiparar as Forças Armadas chinesas com as americanas em determinadas geografias do mundo, como já ocorre no Mar do Sul da China.
Já a Rússia, seguirá sendo uma fonte de instabilidade cibernética, já que muitos ataques propagados em solo americano, incluindo produção e disseminação de fake news, invasão de sistemas corporativos e governamentais, assim como vazamento de dados sigilosos são atribuídos pelos americanos à grupos ligados ao Kremlin.
* Thiago de Aragão é analista político e escreve suas crônicas todas as segundas-feiras.
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